CONGREGAÇÃO CLERICAL DOS BEATOS MÁRTIRES COREANOS

CONGREGAÇÃO CLERICAL DOS BEATOS MÁRTIRES COREANOS

Da Coreia para o mundo, passando por Santo António

A Congregação Clerical dos Beatos Mártires Coreanos (BMC) é a primeira congregação católica coreana gerada espontaneamente na Coreia do Sul, tendo sido estabelecida a 30 de Outubro de 1953. Os membros da Congregação servem a Igreja e a sociedade com base na espiritualidade dos Mártires Coreanos.

A denominação “Congregação Clerical” é uma referência aos primeiros mártires da Igreja Católica na Coreia, especialmente a Santo André Kim Taegon e aos seus companheiros, que foram beatificados em 1925 e canonizados em 1984. Neste caso, o termo “Congregação” não se refere apenas a uma ordem religiosa, mas acima de tudo a um conjunto de pessoas que foram martirizadas e cujas vidas são celebradas e servem de modelo a tantas outras.

Os Mártires Coreanos foram vítimas de perseguição religiosa contra os católicos nos Séculos XVIII e XIX, na Coreia, embora tenham ocorrido mais martírios no Século XX, nomeadamente entre missionários católicos e principalmente na Guerra da Coreia (1950-1953). Entre esses mártires, 103 santos e 124 beatos foram oficialmente reconhecidos pela Igreja Católica.

Houve cinco vagas principais de perseguição contra os cristãos na Coreia até ao Século XIX: 1791, 1801, 1839, 1846 e 1866. Entre oito e dez mil cristãos coreanos foram mortos durante este período. Estas mortes ocorreram muitas vezes devido à não participação de católicos no culto tradicional dos antepassados. Os católicos entendiam-no como um acto de idolatria, ao passo que o Estado o considerava a pedra basilar da cultura nacional.

Em Maio de 1984, 103 católicos foram canonizados em grupo, incluindo o primeiro padre católico coreano, Andrew [André] Kim Taegon, executado pela espada em 1846. No ano de 2014, Paul Yun Ji-Chung e 123 companheiros foram declarados “Veneráveis” a 7 de Fevereiro e a 16 de Agosto de 2014. Foram beatificados pelo Papa Francisco durante a Jornada Mundial da Juventude Asiática, na Praça Gwanghwamun, em Seul, a capital da Coreia do Sul.

Também tem existido um grande esforço em beatificar os católicos que foram mortos durante a referida Guerra da Coreia. Ao todo, os reconhecimentos de beatitude e santidade em torno destes mártires ocorreram a 5 de Julho de 1925, pelo Papa Pio XI; a 6 de Outubro de 1968, pelo Papa Paulo VI; a 16 de Agosto de 2014, pelo Papa Francisco (todas estas beatificações); e as canonizações a 6 de Maio de 1984, pelo Papa João Paulo II. Ao todo, são 103 canonizados (santos) e 124 beatificados (beatos).

Como já referimos, Santo André Kim Taegon foi primeiro sacerdote coreano ordenado na Coreia. É também conhecido como Andrew Kim, em Inglês. Além de ter sido o primeiro padre católico coreano, é o santo padroeiro do clero católico na Coreia.

A fé católica chegou à Coreia, apesar de intentos e viagens anteriores de missionários europeus, apenas no final do Século XVIII, de forma duradoura e consistente. A leitura de vários livros católicos escritos em Chinês (hanja) serviu de veículo de missionação. As comunidades católicas mais fortes e dinâmicas eram lideradas quase inteiramente por leigos até à chegada da primeira missão francesa em 1836. Por isso se diz actualmente, em abono da verdade, que a Igreja Católica na Coreia nasceu da acção de leigos, depois enquadrada por missionários. Aí, no desenvolvimento das comunidades eclesiais, iniciaram-se as confrontações e surgiram as mortandades de convertidos. Os mártires canonizados incluem, a atestar esta origem laica, a cifra de 92 leigos coreanos, além de André Kim Taegon, bem como dez missionários franceses, das Missões Estrangeiras de Paris (MEP).

A Congregação Clerical dos Beatos Mártires Coreanos é, assim, a primeira ordem religiosa masculina nativa da Coreia, fundada pelo padre Andrew Bang Yoo-ryong (1900-1986), a 30 de Outubro de 1953, para viver a espiritualidade dos Mártires Coreanos. Esta faz parte de uma família religiosa fundada pelo padre Bang, que inclui também as Irmãs dos Bem-Aventurados Mártires Coreanos e a Associação Secular dos Bem-Aventurados Mártires Coreanos. Todas se dedicam à oração, ao silêncio e à orientação espiritual, oferecendo-se aos outros através das suas actividades diárias.

A espiritualidade da Congregação centra-se na vida de Cristo por meio da meditação, do silêncio e do serviço ao próximo. Procura viver o seu carisma segundo a espiritualidade dos Mártires Coreanos, um legado contínuo da fé católica e de sacrifício na Coreia. A sua fundação foi um passo significativo no desenvolvimento de uma Igreja Católica forte e indígena na Coreia.

A Congregação cresceu desde a sua origem, estabelecendo-se em vários países do Extremo Oriente. Uma das primeiras fundações ocorreu em Osaka, no Japão, em 1967. Em 2007 possuía duas províncias, Daejon e Suwon, ambas na Coreia do Sul. Em 2009 fundou-se a Delegação das Américas (Quasi-Província). E a 20 de Setembro de 2021 recebeu a aprovação papal, tornando-se uma “Congregação Pontifícia”.

Em Macau também existe uma extensão da Congregação, na “Casa de Santo André Kim BMC”, no Largo de Santo António. A Congregação estabeleceu-se na RAEM em 2011, estando actualmente responsável pela gestão da paróquia dedicada ao Santo Padroeiro (principal) de Lisboa.

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