Conferência “Humanum” debateu o matrimónio

Casamento é vital para a harmonia das sociedades

«É a diferença que gera a diversidade». É deste modo que o ex-rabino-chefe da comunidade judaica do Reino Unido e da Commonwealth (na foto) defende a importância da complementaridade do homem e da mulher para a sobrevivência da espécie humana, na medida em que da sua união são geradas novas vidas, sendo assim asseguradas as futuras gerações.

Na qualidade de orador convidado da conferência “Humanum”, realizada no Vaticano entre os dias 17 e 19 de Novembro e dedicada ao matrimónio, Jonathan Sacks recuperou o episódio de Adão e Eva para reforçar a ideia do papel primordial do homem e da mulher casados para o bem da humanidade, no que respeita à preservação da harmonia das sociedades, uma vez que – segundo afirmou – o matrimónio contribui para a estabilidade emocional dos elementos do casal e dos filhos, o que influi no trato com terceiros, na Economia e na relação entre o Homem e o Meio Ambiente que o rodeia.

«Deus criou o universo. Depois pediu-nos para criarmos o universo social. Para tal, concedeu-nos o direito de casarmos e termos filhos. O casamento e a família são a causa mais nobre», referiu Jonathan Sacks, acrescentando: «Perante Deus, todos somos realeza, pois todos gozamos dos mesmos direitos. Mas à mulher concedeu ainda o papel primordial no processo da criação».

Para ele, «os pais são os principais educadores, acima da Escola e da Sociedade», pelo que «devem formalizar a união através do sacramento do matrimónio. As estatísticas provam que a co-habitação [união de facto] leva à separação do “casal”, é fonte de problemas sociais e de pobreza».

A concluir, criticou o recurso à Ciência com vista ao desenvolvimento de novos métodos contraceptivos, dado que o Conhecimento deve estar ao serviço da Vida.

Os trabalhos da conferência foram abertos pelo Papa Francisco, cujo pensamento coincide com as ideias defendidas pelo rabino: «A complementaridade é a raiz do casamento e da família. A família assente no casamento é a primeira escola onde aprendemos a conhecer-nos e a conhecer os dons do outro; onde começamos por aprender a arte de viver em comunhão. Para muitos de nós, a família é o local onde nos superamos, a ponto de tomarmos consciência da nossa capacidade para a virtude e caridade».

O Papa considera igualmente que «a actual revolução nos costumes e na moral está relacionada com a bandeira da liberdade, mas na realidade apenas devasta materialmente e espiritualmente inúmeros seres humanos, principalmente os mais pobres e os mais vulneráveis. Sinal evidente é o facto do declínio da cultura do casamento estar associado ao aumento da pobreza e a outros males sociais que afectam particularmente as mulheres, as crianças e os idosos».

Organizada pela Congregação para a Doutrina da Fé, a “Humanum” reuniu cerca de trinta representantes de catorze religiões, provenientes de 23 países. A sua realização teve lugar um mês após a conclusão do Sínodo Extraordinário dos Bispos sobre a Família, que decorreu no Vaticano entre os dias 5 e 19 de Outubro.

Para Setembro de 2015 está agendado o Encontro Mundial das Famílias em Filadélfia, sendo esperados mais de um milhão de fiéis.

José Miguel Encarnação

jme888@gmail.com

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