Padroeira de Damão celebrada na Sé Catedral
A igreja da Sé Catedral acolhe hoje, ao início da noite, na missa das 18:00 horas, a Festa de Nossa Senhora das Candeias, mais conhecida como Festa da Apresentação do Senhor. Após a Eucaristia, a comunidade damanense reúne-se em casa de Óscar Noruega para oferecer uma ladainha, à luz das velas – entretanto benzidas pelo padre Daniel Ribeiro, SCJ – à padroeira de Damão, a exemplo do que ainda hoje sucede na antiga colónia portuguesa.
Antes da pandemia de Covid-19 a celebração da Festa de Nossa Senhora das Candeias era encarada pelos damanenses de Macau como uma oportunidade para reunir amigos e representantes de outras comunidades lusófonas em torno da devoção à padroeira de Damão. Durante a pandemia, a celebração em comunidade foi suspensa, mas a data nunca deixou de ser assinalada. «Nunca deixámos de comemorar esta Festa. A única diferença é que a comemorámos em casa, em frente da mesma imagem que há muitos anos oferecemos à Igreja em Macau. Esta imagem continua na nossa posse; reunimo-nos em minha casa e cantamos aquilo a que chamamos de Ladainha de Nossa Senhora das Candeias», explicou Óscar Noruega, em declarações a’O CLARIM.
«Este ano, a devoção a Nossa Senhora das Candeias é integrada na celebração da missa diária [em Português], na Sé Catedral, que se realiza às seis horas da tarde. Só não vamos ter a procissão das velas que costumávamos dinamizar, mas iremos promover esta Festa entre as famílias damanenses», acrescentou.
Para os naturais de Damão radicados em Macau a devoção a Nossa Senhora das Candeias é indissociável de um feito histórico que há muito caiu no esquecimento. A 2 de Fevereiro de 1559, D. Constantino de Bragança, então Vice-Rei da Índia, reconquistou a cidade e uma das primeiras decisões que tomou foi ordenar a realização de uma missa campal em frente à imagem de Nossa Senhora que acompanhou as suas tropas. A devoção é celebrada deste então e não perdeu intensidade com o regresso de Damão à soberania indiana. «Esta imagem ainda está em Damão e a Festa continua a ser celebrada. E até lhe digo mais: agora, nem são os católicos que organizam esta celebração. O autarca de Damão, neste momento nem sequer é católico, é hindu», sublinhou Óscar Noruega.
Em Macau, a devoção a Nossa Senhora das Candeias surgiu pela mão de Noruega e de outros membros da comunidade damanense no início da década de 1990. A Candelária foi pela primeira vez assinalada em 1992, na igreja de Santo António, onde a imagem de Nossa Senhora das Candeias permaneceu durante quase uma década e meia. Depois disso, as celebrações foram transferidas, primeiro, para a igreja do Seminário de São José e, depois, para a igreja de São Lourenço. Agora, é a vez da Catedral da Natividade de Nossa Senhora acolher a celebração. «A comunidade natural de Damão radicada em Macau está, neste momento, reduzida a quatro famílias, mas enquanto restarem damanenses no território, a devoção a Nossa Senhora das Candeias não será esquecida», assegurou Óscar Noruega.
Marco Carvalho