Pensar positivo é um acto de Fé
Com o decorrer dos dias fui-me apercebendo de que para algumas pessoas o mês de Novembro é muito triste. É óbvio que quando nos recordamos mais dos nossos entes queridos, amigos e conhecidos que já partiram, isso aviva a nossa saudade da sua amorosa presença, o que é um sinal muito humano de sensibilidade e de pura amizade.
Todavia, é bom não esquecer que a Igreja, neste mês, multiplica os sufrágios pelas almas do Purgatório e convida-nos a meditar sobre o sentido da vida à luz do nosso último fim: a vida eterna, para a qual nos dirigimos a passos rápidos.
A morte não destrói a comunidade fundada pelo Senhor, aperfeiçoa-a. A união em Cristo é mais forte do que a separação corporal, porque o Espírito Santo é um poderoso vínculo de união entre os cristãos. O amor e a fidelidade dos que peregrinam na terra chegam a fluir até eles, levando-lhes alegria e encurtando o espaço que os separa da bem-aventurança eterna. É uma corrente de solidariedade que se produz mesmo que não adiramos a ela expressamente, mas que se torna ainda mais eficaz se o fazemos conscientemente.
O costume de rezar pelos defuntos arraigou-se entre os primeiros cristãos desde muito cedo, pelo que se estabeleceu um momento fixo dentro da Santa Missa para recomendá-los a Deus. Esta verdade, a de podermos interceder pelos que nos precederam, admitida desde sempre pelo povo cristão, foi declarada solenemente como Dogma de Fé, no Concílio II de Lion, em 1274.
A Igreja, ao comemorar anualmente os fiéis defuntos, lembra-se ao longo deste mês de Novembro destes seus filhos, que ainda não podem participar solenemente da bem-aventurança eterna e anima-nos a oferecer orações, missas, comunhões, terços e boas obras para sufragar as almas do Purgatório.
São Tomás de Aquino e muitos outros teólogos ensinam-nos que as almas do Purgatório podem lembrar-se das pessoas queridas que deixaram na terra e pedir por elas, ainda que ignorem – a não ser que Deus disponha o contrário – as necessidades concretas dos que ainda vivem. Intercedem pelos seres queridos que aqui deixaram, como nós rezamos por elas mesmo sem sabermos com certeza se estão no Purgatório ou se já gozam de Deus no Céu. Não podem merecer, mas podem interceder, apresentando ao Senhor os méritos adquiridos aqui na terra. Ajudam-nos em muitas das nossas necessidades diárias e fazem-no “especialmente em relação aos que estiveram unidos a elas durante a vida”, aos que mais as ajudaram a alcançar a salvação.
Não deixemos de recorrer a elas, sejamos generosos nos sufrágios que a liturgia nos propõe e atrevamo-nos a chamar-lhes audazmente, como o fizeram alguns Santos: “As nossas boas amigas, as almas do Purgatório”.
S.M.