“Casos” e casos para todos os gostos

Num Portugal em que os escândalos é que vendem jornais e programas televisivos, os portugueses até se esquecem ou ignoram as boas e as verdadeiramente más notícias.

Podiam ter “pegado” no escândalo da Tecnoforma, uma empresa em que o anterior Primeiro-Ministro, Passos Coelho, era administrador e o seu amigo Miguel Relvas (lembram-se?) era secretário de Estado e responsável por um programa de fundos europeus ao abrigo do qual a Tecnoforma foi financiada entre 2000 e 2006 mas, salvo alguns jornalistas dedicados à informação, não o fizeram. Diz agora o gabinete anti-fraude da Comissão Europeia, ao contrário do que anteriormente disse o Ministério Publico português (que mandou arquivar o processo), que a Tecnoforma cometeu “graves irregularidades” na gestão de fundos europeus, exigindo que essa empresa devolva 6,7 milhões de euros.

Como isto “é passado” e, no presente, “o que vende” é tudo o que possa beliscar o actual Governo, os nossos “jornaleiros” preferem semear ventos de discórdia.

O que “está a dar” agora enorme falatório (que me perdoem tocar no assunto) foi o facto de a nata do Web Summit ter realizado um jantar de despedida dos seus notáveis no Panteão Nacional, lugar onde se encontram os restos mortais de eminentes portugueses nos domínios da cultura, das artes, do desporto e da política.

De facto, para as pessoas de bom senso, o lugar não me parece eticamente aconselhável para este tipo de festanças e a oposição PSD/CDS não deixou cair em saco roto este lamentável episódio, esbracejando de indignidade e reclamando demissões a todos os níveis de responsabilidade pela autorização do evento. Mas, quem são os culpados desta situação?

Os responsáveis da Web Summit não me parece que o sejam. Limitaram-se a consultar uma empresa da especialidade para organizar o evento num local cerimonial.

Os responsáveis pelo património nacional limitaram-se a dar cumprimento a uma norma legal que permitia a realização de tais manifestações (e já foram dez…) no interior do Panteão.

Mas quem foi o idiota que fez essa dita norma a que os serviços do Estado têm de obedecer por força da lei, sem precisar de se fazerem autorizar por mais ninguém? Nem mais nem menos que o anterior Governo de Passos Coelho, em 2014.

O que disse então a oposição PSD/CDS? A mesma coisa de quando responsabilizou o actual Governo pelos diversos casos de legionnela que afectaram um número significativo de portugueses, em consequência da liberalização do controlo e vigilância das torres de arrefecimento de ar condicionado, levada a efeito pelo anterior Governo de Passos Coelho: “Este Governo está lá há dois anos e já deveria ter corrigido estas situações”!?

Como diz o povo: quem tem telhados de vidro não atira pedras! Eu diria: é preciso ter lata!

Uma verdadeira boa notícia foi dada pelo Instituto Nacional de Estatística ao confirmar as espectativas de que, no terceiro trimestre deste ano, o desemprego desceu para 8,5 por cento e o emprego subiu ao nível mais elevado desde final 2010, ou seja, conseguiu-se recuperar todos os empregos perdidos durante o tempo em que a Troika esteve no País.

Uma verdadeira má notícia é que continuamos sem chova e, de acordo com a meteorologia nacional, o mês de Dezembro que se aproxima não apresenta grandes melhoras.

Depois de devastados pelo fogo, uma outra calamidade, a falta de água, que começa a fazer-se sentir de forma acentuada: rios e barragens a secar; cidades e localidades a serem abastecidas de água potável por camiões cisterna; charcas de água para o gado completamente secas; culturas de regadio a estragarem-se; pastos sem pasto; produtos alimentares a escassear. Enfim, uma tragédia que se aproxima com grande impacto para a nossa sociedade e que, a não ser que chova proximamente e com grande intensidade, vai mobilizar-nos a todos na poupança e redistribuição desse bem inestimável, a água!

Este nosso Portugal, cujas mudanças climatéricas tanto têm atingido, está a tornar-se num país de sequeiro onde a erva só cresce se for regada e com a Espanha a encontrar-se numa situação semelhante – nem os vizinhos nos podem ajudar.

Eu, que pensava que esta há muito anunciada calamidade só eventualmente atingiria os meus netos e que “fugi” da chuva, da neve e do frio, por amor ao Sol e ao calor, só me apetece agora trautear uma canção: Tomara que chova três dias sem parar….

LUIS BARREIRA

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