Hong Kong, a última esperança de Teresa
O secretário-geral da Cáritas, Paul Pun, pediu esta semana à Direcção dos Serviços de Saúde que avance para a constituição de um painel de especialistas que possa avaliar, o mais depressa possível, as condições de saúde de Teresa (nome fictício), uma menina de três anos que perdeu o olho esquerdo com microftalmia e corre o sério risco de ficar totalmente desprovida de visão, se não receber tratamento médico especializado.
A criança – que nasceu nas Filipinas, mas possui o estatuto de residente de Macau – tem uma consulta de especialidade marcada no Centro Hospitalar Conde de São Januário no início de Junho, mas a família teme que até lá Teresa possa perder a visão por completo. «A capacidade de visão da menina está a deteriorar-se muito depressa e a nossa esperança é que ela possa ser tratada o mais rapidamente possível. A família já consultou vários especialistas e todos lhe disseram que não existe em Macau o tipo de equipamento necessário para efectuar os exames de que ela necessita. Esses exames teriam que ser feitos em Hong Kong», explica Paul Pun, que se disponibilizou para tentar procurar uma solução junto da Direcção dos Serviços de Saúde: «Espero que o Governo possa ajudar a menina e que ela possa receber o acompanhamento de que necessita em Hong Kong. As deslocações para Hong Kong ainda são possíveis em casos de saúde urgentes, mas é necessário fazer os preparativos necessários. Eu não quero dar falsas esperanças aos pais, mas acredito que devemos fazer o que for possível para explorar esta possibilidade».
A criança, que nasceu com microftalmia no olho esquerdo, foi operada nas Filipinas por três ocasiões, uma das quais para retirar o olho afectado pela anomalia congénita. Depois de ter sido submetida a cirurgia pela primeira vez, os médicos que a acompanhavam detectaram uma pequena névoa no olho direito que julgaram ser uma cataracta. O problema não desapareceu após a menina ter sido submetida a nova intervenção cirúrgica e desde então a pequena névoa tornou-se uma espessa nuvem que deixou a criança com pouco mais do que sensibilidade à luz.
A família regressou a Macau em Dezembro de 2019 e pouco mais de um mês depois a pandemia de Covid-19 deixou o território praticamente isolado. A partir daí, a visão degradou-se de forma acelerada. Hong Kong é a última esperança de Teresa. «Aquilo que a família está a pedir é alguma atenção do Governo. Junho ainda está muito longe e quanto mais depressa a menina for examinada e tratada, melhor», clarifica Paul Pun. «O nosso objectivo é pedir ao Governo que permita que vá a Hong Kong, para que seja salvaguardada a possibilidade de ela poder continuar a ver pelo menos de um olho. Eu confio no Governo porque este nunca virou as costas aos mais necessitados», remata o secretário-geral da Cáritas.
Marco Carvalho