Um milhão de patacas para as vítimas na Terra Santa
Um milhão de patacas! Foi quanto a Cáritas de Macau angariou desde o Natal para ajudar as vítimas do conflito entre Israel e o Hamas. Entretanto, na Escola de São João de Brito foram recordadas, nos últimos dias, as vítimas do abalo sísmico que sacudiu, na semana passada, a costa leste de Taiwan.
A Cáritas de Macau angariou, ao longo dos últimos três meses, donativos no valor aproximado de um milhão de patacas para apoiar as vítimas do conflito armado que desde meados de Outubro assola a Terra Santa.
A informação foi avançada a’O CLARIM por Paul Pun. O secretário-geral da Cáritas de Macau explicou que o montante, remetido esta semana para a Cáritas Internacional, deverá ser usado para facultar assistência a refugiados palestinianos e a deslocados internos israelitas que foram afectados pelo agudizar das tensões entre as autoridades de Tel Aviv e o grupo islâmico palestiniano Hamas, que até ao início das hostilidades controlava, efectivamente, a Faixa de Gaza.
«O dinheiro vai ser usado para ajudar as vítimas. Não especificámos quais. O que dissemos desde o início, desde que esta acção de recolha de donativos foi lançada, é que se destinava a ajudar as vítimas do conflito. Angariámos dinheiro para os refugiados, alguns dos quais estão alojados em igrejas. As igrejas foram transformadas em abrigos. Mas esta é uma de muitas situações diferentes que requerem apoio. A Cáritas de Macau respondeu, ao longo dos últimos meses, activamente, aos apelos que foram feitos pela Cáritas Internacional, para ajudar os mais necessitados nesta parte do planeta», adiantou o responsável.
O montante angariado é o resultado de duas colectas feitas pela Cáritas entre Dezembro e o início do corrente mês. No período festivo da quadra natalícia, a organização recolheu mais de trezentas mil patacas. Face ao agravamento do conflito, o valor mais do que duplicou em resposta ao apelo lançado pela Cáritas de Macau no início da Quaresma, constatou Paulo Pun: «Enviámos, na quarta-feira, uma mensagem à Cáritas Internacional, a dar conta que a campanha de angariação de fundos que dinamizámos durante o período da Quaresma, em conjunto com o apelo que lançámos no Natal, nos permitiu recolher o equivalente a cem mil euros. Este montante foi transferido, também na quarta-feira, antes ainda de termos informado a Cáritas Internacional sobre o montante que havíamos recolhido», assinalou, acrescentando: «Há três meses, informámos a Cáritas Internacional que íamos conduzir uma campanha a favor das vítimas e dos refugiados. Durante o período do Natal lançamos uma primeira campanha e nessa altura angariamos trezentas e tal mil patacas. Depois, durante o período da Quaresma, reforçamos o apelo feito durante a época natalícia e conseguimos recolher outras seiscentas e tal mil patacas. Em termos globais, o montante deve ainda aumentar, até porque algumas escolas só agora nos começam a fazer chegar as caixas-mealheiro que colocaram à disposição dos alunos e professores. Recebemos algumas destas caixas recentemente e, como queríamos enviar a ajuda o mais depressa possível, este dinheiro não foi incluído no montante que transferimos esta semana. Se juntarmos muito dinheiro, faremos posteriormente uma nova transferência para a Cáritas Internacional».
A Cáritas de Macau responde habitualmente com grande disponibilidade aos apelos feitos pela confederação internacional das organizações humanitárias da Igreja Católica e ao longo dos últimos anos contribuiu com milhões de patacas para o socorro às vítimas de conflitos e desastres naturais de grande magnitude, como o abalo sísmico que em Fevereiro de 2023 fez mais de cinquenta mil mortos na Turquia e na Síria. «O ano passado, foi-nos pedido que prestássemos assistência às vítimas do terramoto na Turquia e na Síria. No âmbito dessa campanha, recolhemos cerca de quatro milhões de patacas», recordou Paul Pun. Mais: «No passado, também demos o nosso contributo à resposta humanitária perante a devastação causada por sismos em países como o Haiti, Marrocos ou o Irão, bem como no apoio às vítimas de desastres naturais em regiões como a Madeira e o Afeganistão».
ENSINAR A SER SOLIDÁRIO
Causa diferente, a mesma missão. Até ao final do dia de hoje, a Escola de São João de Brito, na paróquia de São Francisco Xavier, em Mong Há, promove entre a comunidade escolar uma campanha de angariação de fundos em prol dos sobreviventes do abalo sísmico que a 3 de Abril abalou a cidade de Hualien e a costa leste de Taiwan.
O tremor, de magnitude 7.4 na escala de Richter, matou pelo menos dezasseis pessoas e deixou mais de um milhar de feridos, mas como a Cáritas formosina não emitiu qualquer pedido de ajuda de âmbito internacional, a Cáritas de Macau limitou-se a avançar para uma iniciativa que tem – reconhece Paulo Pun – um valor sobretudo simbólico. «Quarta, quinta e esta sexta-feira, vêm sendo realizadas uma série de actividades na Escola de São João de Brito. Estive com os alunos na quarta-feira de manhã para partilhar com eles o objectivo desta pequena iniciativa e parece-me que eles compreenderam. Entenderam que se trata de uma forma de homenagear as vítimas do terramoto em Taiwan. Não esperamos angariar uma quantidade significativa de dinheiro, mas é sempre bom ensinar os alunos a partilhar, a estarem disponíveis para ajudar os outros. Essa é a principal razão pela qual decidimos organizar esta iniciativa», esclareceu Paul Pun, que exerceu o cargo de director do Estabelecimento de Ensino. «Como é que os alunos podem contribuir? Durante os três dias os alunos podem comprar asas de galinha, comida e garrafas de água durante o pequeno almoço e o almoço; o dinheiro angariado com esta prática reverte a favor da Cáritas e das vítimas do terramoto de Taiwan. Também lhes pedimos que rezem por intercessão das vítimas do abalo de Hualien», concluiu.
Marco Carvalho