Um lobo disfarçado de cordeiro
Durante os últimos anos, foram publicadas e divulgadas centenas de informações sobre este tema, considerando-o como um complemento à oração ou como uma forma de lidar com a ansiedade ou o “stress”. Lamentavelmente, até em paróquias e escolas foram implementadas essas técnicas, como se de um bem maior se tratasse.
Em 15 de Outubro de 1989, a Congregação para a Doutrina da Fé, numa Carta dirigida aos bispos católicos, alertou sobre alguns aspectos da oração cristã que não se coadunam com os métodos da meditação oriental, que considera uma “simples operação psicológica” ou um “esforço de concentração para alcançar um vazio mental ou relaxamento de tensões, mas nunca um encontro pessoal com Jesus Cristo, sob a protecção do Espírito Santo”.
Ao analisarmos bem ambas, verificamos que os objectivos da oração cristã e da atenção plena apontam em direcções opostas. O “Mindfulness” é a mais recente grande moda da “meditação oriental” e da Nova Era ou New Age, muito popularizada no Ocidente por Jon Kabat-Zinn, largamente aproveitada com fins lucrativos e também como forma sub-reptícia de minar a essência da religião monoteísta judaico-cristã.
Sob uma máscara de terapia credível, esta prática envolvida num sincretismo pseudo-religioso diz não à religião mas sim ao misticismo, e tem sido difundida estrategicamente no Ocidente através de gurus, música, educação e ioga, representando o sétimo passo no Caminho Nobre (Fortalecer a Mente e Educar o Espírito), que os budistas consideram como parte do processo indispensável para alcançar o estado do Nirvana.
A atenção plena consiste numa série de técnicas de relaxamento e concentração através das quais busca gerar um estado activo de atenção no presente, no qual a pessoa observa a sua respiração, as sensações, os pensamentos e sentimentos, sem os julgar como sendo bons ou maus. Na prática, consiste em direcionar a atenção para a respiração, concentrar-se nela e aceitar cada uma das sensações e pensamentos, mas deixando-os ir sem fazer qualquer coisa para os deter ou compreender.
Apresentada e divulgada como uma inocente terapia para meninos agitados ou pessoas com sobrecarga emocional ou profissional, é bom ter presente que no seu seio está ocultada toda uma série de seduções de espiritualidade que alguns consideram perniciosas para o psíquico na medida em que provoca alterações e ilusões mentais confusas e perturbadoras.
Manoel Maria e Vasconcelos
Professor e investigador