China e Vaticano mantêm diálogo
A Santa Sé anunciou, na passada terça-feira, a renovação do Acordo Provisório com a República Popular da China relativo à nomeação dos bispos e afirmou o seu compromisso em prosseguir um “diálogo respeitoso e construtivo”.
“Tendo em conta o consenso alcançado para uma aplicação efectiva do Acordo Provisório relativo à Nomeação dos Bispos, após as devidas consultas e avaliações, a Santa Sé e a República Popular da China concordaram em prorrogar a sua validade por mais um quadriénio a partir da presente data”, indica um comunicado divulgado pela Sala de Imprensa da Santa Sé.
O Acordo Provisório sobre a nomeação de bispos, o primeiro do género assinado entre as duas partes, foi assumido em Pequim, a 22 de Setembro de 2018, tendo entrado em vigor um mês depois. Desde então, foi sendo renovado de dois em dois anos.
No documento em que anuncia a prorrogação por mais quatro anos, o Vaticano afirma estar empenhado em “prosseguir o diálogo respeitoso e construtivo com a Parte Chinesa”, tendo em conta o “desenvolvimento das relações bilaterais, com vista ao bem da Igreja Católica na China e de todo o povo chinês”.
A existência do acordo entre o Vaticano e a China permite que dois bispos chineses, D. Joseph Yang Yongqiang e D. Vincent Zhan Silu, participem na XVI Assembleia Geral do Sínodo, que está a decorrer no Vaticano. Os dois prelados participaram na primeira sessão do Sínodo, em Outubro de 2023, e também no Sínodo dos Jovens, em 2018.
O acordo entre os dois Estados visa regularizar o estatuto da Igreja Católica na China, dado que Pequim exige que sacerdotes e bispos se registem oficialmente junto das autoridades civis.
O ex-reitor da Universidade de São José, padre Peter Stilwell, defendeu em entrevista à Agência ECCLESIA a aproximação entre Pequim e o Vaticano, com uma política de longo prazo. «Não sou ingénuo. Sei que as coisas são difíceis e sei que há dificuldades nas comunidades que sempre foram fiéis ao Papa. Mas é preciso não perder de vista a grande imagem e os grandes objectivos; a Santa Sé tem de olhar para a Igreja na China em termos de longo prazo, não apenas no presente», referiu o sacerdote.
O entrevistado sublinhou ainda o pragmatismo do Vaticano, na renovação do acordo com Pequim, observando que em 2030 a China pode ser «o maior país cristão do mundo». «Antes, havia o risco de a China desenvolver uma Igreja que se viesse a tornar cismática, pois havia a Igreja oficial cismática, que não estaria em ligação com o Vaticano, e havia a Igreja clandestina», lembrou o padre Peter Stilwell.
In ECCLESIA