Jovens pedem “tolerância zero”
O documento de trabalho da próxima assembleia do Sínodo dos Bispos, divulgado na passada terça-feira pelo Vaticano, sublinha a preocupação das novas gerações com a implementação da “tolerância zero” para abusos sexuais e económicos na Igreja Católica.
Estes casos, assinala o texto, minam a credibilidade da instituição, que sofre ainda com a “falta de preparação dos ministros ordenados” para trabalhar com os jovens e a dificuldade de apresentar as suas posições doutrinais e éticas à sociedade contemporânea.
A 15ª assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos, com o tema “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”, vai decorrer de 3 a 28 de Outubro deste ano, por decisão do Papa Francisco.
Na preparação para este encontro consultivo de representantes dos episcopados católicos, o Vaticano promoveu um questionário online e uma reunião pré-sinodal, com jovens de várias confissões religiosas, em Março de 2018, acompanhada nas redes sociais por quinze mil pessoas.
A Santa Sé pede às comunidades católicas que evitem a “tentação de culpabilizar os jovens” quando estes se distanciam da Igreja, que deve “empreender caminhos de conversão” para promover uma reaproximação.
“Mesmo quando são muito críticos, no fundo, os jovens pedem que a Igreja seja uma instituição que brilhe pela exemplaridade, competência, corresponsabilidade e solidez cultural”.
De várias conferências episcopais e dos próprios jovens chegaram propostas para uma Igreja “menos institucional e mais relacional”, capaz de “acolher sem julgar previamente”.
O documento de trabalho de 2018 aborda a relação entre os jovens e a religião e a espiritualidade, que vai do “desinteresse e apatia” à busca de um sentido para a vida individual e colectiva.
Num contexto religioso marcado pela “variedade e as diferenças”, os jovens católicos confrontam-se com dificuldades ligadas a perseguições ou a tendências que querem remeter a prática da fé para o âmbito “puramente privado”.
Segundo o Vaticano, as novas gerações, em geral, mostram-se “abertas à espiritualidade”, mesmo que o sagrado não marque presença na sua vida diária; a diversidade de posições é igual quando o tema é a figura de Jesus, visto como “homem bom e referência ética” por quem não é cristão.
In ECCLESIA