A Basílica da Imaculada Conceição de Castries

Mais uma semana se passou no ancoradouro de Rodney Bay e tudo continua na mesma. Pensamos ficar por aqui enquanto esperamos uma resposta de Macau que tarda em vir; resposta relativa a uma procuração que insistem ter de ser reconhecida numa representação diplomática portuguesa, o que não existe nestas redondezas…

Burocracias à parte, escrevo esta crónica no poço do veleiro, sob uma brisa que levantou de repente e que colocou todos os barcos em alerta. Trouxe uma ondulação incómoda, no sentido do areal, o que torna tudo ainda mais perigoso. Estavam previstos ventos quase nulos de um quadrante que nos metia de frente para a praia mas, de um momento para o outro, no final do dia levantou o vento de mar, fazendo todos os barcos ancorados esticar a corrente das âncoras, no sentido do local onde quebram as ondas. Uma posição pouco confortável para passar a noite, apesar da brisa ser bem-vinda para ajudar a produzir alguma energia. Garantida está uma noite mal dormida para se ter a certeza que nada corre mal. Não queremos passar novamente pela experiência de arrastar âncora numa posição destas, especialmente quando o veleiro está muito próximo da praia.

Como vos avancei na crónica anterior, a semana foi passada a tratar do processo de importação do Noel para St. Lucia, para a eventualidade de decidirmos ir a Macau e também por aqui prepararmos o veleiro para a travessia do Pacífico. Tudo indica que assim o façamos. Apenas esperamos resposta do Governo de Macau, quanto à procuração, para se decidirmos ir ou ficar.

Entretanto, tivemos já a oportunidade de ir até Castries, a capital da ilha, que fica a pouco mais de meia hora de autocarro do local onde nos encontramos. Aproveitámos um dia sem muito para fazer a bordo e assumimos o papel de turistas. Castries nada tem de especial, mas encanta pela pacatez e simplicidade. Ruas direitas e arejadas, casario baixo e alguns prédios mais modernos reservados a serviços do Governo e instituições financeiras. Toda a zona central da cidade, junto ao porto de mar onde atracam navios de cruzeiro, é a zona histórica, mas pouco há para ver. Destacamos a Câmara Municipal, alguns edifícios dos tribunais e a Basílica da Imaculada Conceição – a Sé Catedral, – uma verdadeira obra prima da arquitectura religiosa do Caribe. Totalmente feita em madeira, é imponente. De lamentar que esteja em muito mau estado e que pouco esteja a ser feito para a restaurar. Demos conta de um peditório para o efeito, mas não acredito que seja por aí que a diocese irá conseguir resolver o problema. É pena se o Vaticano deixar que esta obra desapareça por falta de verbas para a sua reconstrução.

Ao contrário do que se passou em Dominica e na igreja de Nossa Senhora de Fátima, em que fomos recebidos pelo padre responsável, não houve qualquer contacto com o pároco, nem com qualquer outra entidade ligada à diocese. Numa próxima deslocação à capital iremos tentar novamente, para conseguir mais algumas informações sobre esta obra imponente e as suas necessidades mais prementes.

Esta semana vimos os nossos amigos do catamaran Fata Morgana partirem rumo a Grenada. Ficámos a saber que o casal que conhecemos em St. Thomas e que deveria ter partido connosco das Ilhas Virgens Americanas rumo a Grenada também sofreu problemas na rota, tendo sido obrigado a alterar o rumo para St. Croix (também nas Ilhas Virgens Americanas). Dali decidiram seguir para Saba, indo de ilha em ilha até Grenada. Estão neste momento em Guadalupe, a ilha vizinha de Dominica, onde também estivemos. Já entrámos em contacto para que soubessem que estamos em St. Lucia, no caso de quererem parar para descansar durante o caminho para Grenada.

Relativamente à tripulação e ao veleiro, está tudo bem. Nada há a assinalar!

João Santos Gomes

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