3º DOMINGO DO ADVENTO (Domingo Gaudete) – Ano A – 14 de Dezembro

3º DOMINGO DO ADVENTO (Domingo Gaudete) – Ano A – 14 de Dezembro

Frutos que transformam o solo árido em terra fértil

1. A paciência do agricultor e a promessa do deserto

O agricultor espera pela chuva – paciente, firme, suportando o calor escaldante do Sol. Lavra o solo, prepara os sulcos, remove as pedras e eleva a sua oração pela bênção do céu. São Tiago exorta-nos a imitar esta perseverança e confiança, instando-nos a fortalecer os nossos corações, pois o Senhor está próximo.

O profeta Isaías anuncia com alegria a vinda do Messias: «O deserto e a terra árida exultarão; a estepe se alegrará e florescerá». Este deserto simboliza a esterilidade que podemos experimentar – momentos de profunda solidão ou aridez espiritual. Uma terra que não dá frutos, reflecte o vazio de uma vida vivida sem propósito, consumida pelo egoísmo e pelo conforto, sustentada apenas porque o ar é gratuito.

Quando negligenciamos as boas obras, as nossas vidas assemelham-se a um campo sem colheita – os frutos que o Senhor anseia encontrar em nós. Uma vida sem frutos é desperdiçada diante de Deus. No entanto, Isaías proclama esperança: «Fortalecei as mãos que estão fracas, firmai os joelhos que estão vacilantes». O Senhor vem para nos fortalecer, para entrar nos nossos corações e lares, e para nos guiar como peregrinos que crescem no Seu amor.

2. Santidade oculta e o poder da fidelidade

O Salvador vem para libertar os fracos e os oprimidos: «Sede fortes, não temais! Eis o vosso Deus, Ele vem com justiça; com recompensa divina Ele vem para vos salvar».

A verdadeira força vem Dele – para renovar as nossas vidas e partilhar a Sua vitória. Aqueles que suportam provações com paciência, que são injustiçados, falsamente acusados, perseguidos e envergonhados – este remanescente fiel será justificado.

O Papa Leão XIV visitou recentemente o túmulo de São Charbel, um monge maronita libanês que viveu em solidão e oração, escondido do mundo. Conhecido apenas após a morte pelos milagres atribuídos à sua intercessão, Charbel nunca procurou reconhecimento. Abraçou a obscuridade, vivendo como um simples monge, obediente e silencioso. A sua humildade expressava-se no serviço silencioso – trabalho manual, oração e estudo – sem queixas ou desejo de elogios. O seu silêncio não era vazio; vivia em profunda comunhão com Deus – um testemunho de que a santidade não precisa de palavras para ser eloquente.

Ao contrário de muitos santos que ocupavam posições de liderança, Charbel permaneceu um irmão humilde, revelando que a santidade não reside no estatuto, mas na fidelidade. A sua santidade oculta só foi revelada após a morte, ensinando-nos que Deus muitas vezes age com mais poder por meio daqueles que permanecem invisíveis.

A transformação de Charbel – e a nossa – é obra de Cristo, o Ungido. Ele é o nosso Salvador, que operou maravilhas na alma deste monge oculto e fará o mesmo em nós, se prepararmos o caminho para que Ele entre nos recantos mais profundos dos nossos corações.

3. Os sinais do Reino e a nossa resposta

Quando os mensageiros de João perguntaram a Jesus se Ele era o Escolhido ou se deveriam esperar por outro, a pergunta veio de um lugar de sofrimento. Preso e enfrentando a morte, João – que passou a vida anunciando o Messias – agora questionava se o seu primo, a quem ele havia baptizado, era realmente o Escolhido.

Jesus respondeu com clareza, fazendo eco da profecia de Isaías: «Ide e dizei a João o que ouvistes e vistes: os cegos recuperam a visão, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e aos pobres é anunciada a boa nova». Em essência: «Sim, eu sou».

Esta resposta convida-nos a reflectir: que áreas da minha vida ainda aguardam as águas vivas da salvação? Onde está a terra árida que anseia por renovação e frutos?

Jesus veio para nos fortalecer, para nos ajudar a sonhar além das nossas limitações e para nos incorporar à Sua missão. Isaías predisse que a glória do Senhor seria revelada. Foi isso que Cristo nos ensinou a rezar: «Santificado seja o Vosso nome! Venha a nós o Vosso reino!». Glorificamos o Senhor através das nossas obras – por meio da misericórdia, da humildade e da compaixão. Estes são os frutos que transformam o solo árido em terra fértil.

Este Domingo Gaudete, o Domingo da Alegria, convida-nos a preparar com alegria o solo dos nossos corações. Abracemos o silêncio, a humildade e o serviço oculto. Através da oração, cultivemos o solo da nossa vida interior, removendo as pedras do egoísmo e abrindo-nos à chuva da graça. O Sacramento da Reconciliação e a meditação da Palavra de Deus são instrumentos poderosos dessa graça, renovando e nutrindo a alma.

Neste Tempo do Advento, que possamos dar frutos que glorifiquem a Deus – através da misericórdia, da paciência e do amor – e nos tornemos sinais vivos do Reino que se aproxima.

Pe. Eduardo Emilio Agüero, SCJ

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