Não haverá nada disto no céu
Uma festa de casamento, um banquete – é assim que Nosso Senhor descreve o céu na parábola deste Domingo. Festa significa alegria, celebração, realização de um sonho. Isso é que é o céu. É a realização de um sonho que está no coração de cada homem, o sonho da felicidade ilimitada e sem fim.
Há outra descrição do céu que me agrada particularmente, que encontramos na Primeira Leitura de hoje: «O Senhor Deus enxugará as lágrimas de todos os rostos».
Esta é uma ideia que ecoa no Livro do Apocalipse. «Eis que o Tabernáculo de Deus está agora entre os homens, com os quais Ele habitará. Eles serão o seu povo e o próprio Deus viverá com eles, e será o seu Deus. Ele lhes enxugará dos olhos toda a lágrima; não haverá mais morte, nem pranto, nem lamento, nem dor, porquanto a antiga ordem está encerrada!» (Apocalipse 21, 3-4).
O que há de especial nesta passagem? Fala mais sobre como não é o céu, sobre as coisas que não encontramos lá. E é uma boa maneira de pensar acerca do céu. Pense em qualquer coisa que o irrita, preocupa, assusta, magoa, frustra, irrita, entristece…. Pense em todas as coisas negativas que podem acontecer a uma pessoa. Não haverá nada disso no céu.
O que acabámos de descrever contrasta com as nossas alegrias na terra. Aqui há sempre um misto de tristeza, decepção ou dor. Nunca há alegria pura na terra. Daí ser difícil imaginar ou conceber como é o céu. Nunca vimos nada parecido. «Nem o olho viu, nem o ouvido ouviu, nem o coração do homem concebeu o que Deus preparou para aqueles que o amam» (1 Coríntios 2, 9).
A boa notícia é que a felicidade pura e inalterada de que estamos a falar destina-se a todos. «Saia, portanto, pelas estradas principais e convide para a festa quem vós encontrardes». Deus criou cada homem e cada mulher para serem felizes para sempre. Ele convida cada um, oferece esta oportunidade a cada um. Mas cada um é livre para escolher. «Eis que hoje estou a colocar diante de ti a vida e a felicidade perenes, ou a morte, destruição e infelicidade! Portanto, hoje te ordeno que ames o SENHOR teu Deus, andando nos seus santos caminhos e guardando todos os seus mandamentos, decretos e ordenanças; assim tereis vida plena e muito crescerás em número, e o Eterno, teu Deus, te abençoará na terra em que estás a entrar a fim de tomares posse dela» (Deuteronómio 30, 15-16).
O que acontece a quem recusa o convite para a festa de casamento, para o banquete? É lançado «nas trevas lá fora, onde haverá choro e ranger de dentes». O choro e o ranger de dentes representam a frustração por não se conseguir o que se deseja. É isso o inferno. É livre a decisão de recusar a felicidade e procurá-la em outro lugar, «Contudo, se o teu coração se desviar e não ouvires, e te deixares seduzir e te prostrares em culto diante de outros deuses, e os servires, Eu vos declaro neste momento solene: é certo que serás destruído e perecerás! Não prolongarás os teus dias sobre a face da terra em que, ao atravessar o Jordão, estás a entrar para dela tomar posse. Hoje invoco o céu e a terra como testemunhas contra ti, de que apresentei claramente diante de ti os caminhos da vida e da morte; a bênção e a maldição. Escolhe, pois, o caminho da vida, para que viva plenamente, tu e tua descendência, amando a teu Deus, obedecendo à sua voz e apegando-te, ó Israel, a Ele. Porquanto disso depende a tua vida e o prolongamento dos teus dias. E assim poderás habitar sobre este solo que o Senhor jurou dar a teus pais na antiguidade: Abraão, Isaac e Jacó» (Deuteronómio 30,17-20).
Pe. José Mario Mandía