Patrono da Juventude e das Vítimas da Peste
Santo padroeiro da juventude cristã, pertenceu à Companhia de Jesus. Nasceu em Castiglione delle Stiviere, no marquesado de Castiglione, na província de Mântua, Lombardia, em Itália, a 9 de Março de 1568, vindo a falecer a 21 de Junho de 1591, em Roma, nos Estados Pontifícios. Foi beatificado a 19 de Outubro de 1605 por Paulo V e canonizado a 13 de Dezembro de 1726 pelo Papa Bento XIII, que o declarou patrono da juventude, título confirmado por Pio XI a 13 de Junho de 1926. Era um jovem estudante quando morreu, por isso o seu patrocínio, para além dos empestados (vítimas da Peste). A sua Festa é a de 21 de Junho.
Luís nasceu no castelo de Castiglione, no seio de família aristocrática, os Gonzaga. Era o primogénito (de sete filhos) de Ferrante Gonzaga (1544-1586), Marquês de Castiglione delle Stiviere, que em 1566, ao serviço do Rei espanhol Filipe II, se casou com Marta Tana de Santena, da família della Rovere, dama de companhia da rainha Isabel de Valois (esposa de Filipe II de Espanha), na capela do Real Alcazar de Madrid. Luís, ou Aloísio, era o herdeiro dos títulos de seu pai. Os Gonzaga eram uma grande família do Renascimento, protectora e mecena de artistas, um viveiro cultural no Norte de Itália.
Aos oito anos foi enviado para a Corte de Francisco de Médici, em Florença, onde permaneceu dois anos, rumando posteriormente para Mântua. A Corte dos Médici era um templo da luxúria e da opulência, da intriga e da licenciosidade. Ali foi, no entanto, educado para ser um príncipe, embora se tenha afastado sistematicamente da forma de vida da Corte florentina. Era um pré-adolescente, mas tinha já um apurado discernimento, além de crises de febre e debilidade física.
Virou o seu azimute então para Bréscia, não longe do castelo paterno. Aos doze anos, passou a estar sob a direcção espiritual de São Carlos Borromeu (1538-1584), de quem recebeu a Primeira Comunhão. Foi então que descobriu um livro de breves vidas de santos. Começou, como eles, a rezar diariamente os salmos, e mais tarde passou a meditar, ao descobrir um livro escrito pelo jesuíta (São) Pedro Canísio. As suas práticas de piedade consistiam em missa diária, comunhão semanal e jejum três dias por semana. Além das histórias de missionários jesuítas na Índia que São Carlos Borromeu lhe narrara, estas vidas de santos e o exemplo de São Pedro Canísio começaram a formar a vocação jesuítica de Luís. Entretanto, em 1581 viajou com o pai e o irmão para Espanha, para servirem na Corte de Filipe II.
Ainda em Espanha decidiu entrar na Companhia de Jesus, embora tivesse pensado primeiro em juntar-se aos Carmelitas Descalços, ainda que outros autores refiram que teve uma vocação no sentido dos Capuchinhos, ou mesmo dos padres Barnabitas. Regressou a Itália em 1584, um ano e meio após a morte prematura do príncipe das Astúrias e herdeiro da Coroa espanhola, o Infante Diego, de quem era pajem. Queria seguir a vocação religiosa, escopo no qual enfrentou resistência na família. De facto, a 15 de Agosto de 1583 tivera uma experiência de oração que confirmou a sua decisão vocacional. Quando a contou ao seu confessor, jesuíta, este respondeu que deveria procurar a permissão do pai.
Após várias dificuldades em obter o consentimento do pai, Luís renunciou à herança a favor do irmão, a 2 de Novembro de 1585, processo que exigiu o consentimento do Imperador, uma vez que Castiglione era um feudo do Sacro Império Romano-Germânico. Foi então apresentado ao Padre Geral da Companhia, Claúdio Acquaviva, a 25 de Novembro de 1585. Antes o pai ainda enviara os filhos a passar temporadas nas cortes italianas, na tentativa de dissuadir Luís, principalmente, dos seus intentos religiosos. Em vão!
Luís não esmoreceu e o pai acabou por dar o seu consentimento. Antes de concluir o noviciado, passou brilhantemente no exame público em Filosofia. Luís, já se tinha antes distinguido numa prova pública de Teologia, realizada na Universidade de Alcalá, em Espanha.
Consequentemente, fez os votos de entrada na Companhia a 25 de Novembro de 1587. Logo de imediato iniciou os estudos teológicos. Em 1591, no quarto ano de Teologia, abateram-se a fome e a Peste na Itália. A saúde de Luís era delicada, mas não deixou de acorrer para junto dos enfermos, prestando-lhes os seus cuidados. A 3 de Março, porém, adoeceu, vindo a falecer em 21 de Junho desse ano de 1591. Os seus restos mortais estão na igreja de Santo Inácio, em Roma.
Vítor Teixeira
Universidade Fernando Pessoa