A Santa do Sagrado Coração de Jesus
Se hoje a Igreja universal celebra Santa Teresa de Ávila (ver artigo acima), amanhã, 16 de Outubro, é a vez dos fiéis se ajoelharem perante Santa Margarida Maria Alacoque.
Nasceu numa família rica, na região francesa da Borgonha, em 1647. Os pais eram católicos fervorosos, mas não o suficiente para permitir que a filha fosse religiosa. Desde a infância recebeu das monjas clarissas toda a sua formação cultural e religiosa. Margarida consagrou-se ao Senhor, fazendo voto de castidade. Porém, apenas aos 24 anos, ao vencer a resistência dos pais, conseguiu entrar para a Ordem da Visitação, fundada por São Francisco de Sales.
Ao emitir os votos acrescentou ao seu nome o de Maria. Teve sempre visões de Nossa Senhora, mas nunca falava desta vivência mística. Permaneceu entre as visitandinas por mais de vinte anos, recebendo graças extraordinárias, mas, também, fazendo muitas penitências e mortificações, sempre com um sorriso nos lábios. No entanto, as freiras e as superioras não acreditavam nela, aliás, até troçavam, dando a entender que estava doente ou louca.
O seu director espiritual, o jesuíta Claude de la Colombière, que lhe reconheceu o carisma dos Santos, pediu que escrevesse as suas experiências místicas – uma autobiografia que chegou até aos nossos dias. No início, Margarida opôs-se mas, por obediência, concordou. Enquanto escrevia estava ciente de fazê-lo só para si, sem perceber o valor do que estava a narrar naquelas páginas.
A partir de 1673, Margarida Maria começou a receber visitas de Jesus, que lhe pedia para ter uma devoção particular ao Seu Sagrado Coração; aparecia-lhe “radiante como o Sol, com a sua chaga adorável, coroado de espinhos, sobre o qual despontava uma cruz”.
Da sua narração brotou uma verdadeira iconografia, que hoje conhecemos. A partir desta autobiografia, a Igreja instituiu a festa litúrgica do Sagrado Coração de Jesus, celebrada no oitavo dia após o Corpus Christi.
“A GRANDE PROMESSA” –Jesus apareceu a Margarida Maria durante dezassete anos, até ao dia da sua morte, quando a tomou pela mão para a levar consigo. Chamava-a “discípula predilecta”; a ela comunicou os segredos do Seu Coração e a fez partilhar da ciência do amor. A religiosa também recebeu de Jesus uma grande promessa: os que recebessem a Comunhão, por nove meses consecutivos, na primeira sexta-feira do mês, receberiam o dom da penitência final, ou seja, morrer recebendo os Sacramentos, sem ter pecado. Jesus pediu-lhe ainda que pedisse ao Rei da França, Luís XIV, para consagrar o País ao Sagrado Coração. Porém, nunca recebeu resposta do soberano.
Margarida Maria Alacoque faleceu a 17 de Outubro de 1690. Graças a si, no bairro Montmartre, em Paris, foi construído, entre 1875 e 1914, um Santuário dedicado ao Sacre Coeur (Sagrado Coração), consagrado em 1919.
Em Portugal, a Basílica da Estrela, também designada Basílica do Coração de Jesus, foi a primeira igreja no mundo a ser consagrada ao Sagrado Coração de Jesus, edificada entre 1770 e 1790.
Maria Alacoque foi beatificada por Pio IX, em 1864, e canonizada por Bento XV, em 1920.
Santa Margarida Maria Alacoque, rogai por nós!
M.A. com Vatican News
LEGENDA:
Santa Margarida Maria Alacoque, na igreja do Seminário de São José (Macau).
FOTO:
Miguel Augusto