Romance “A Chave” foi aberto na Fundação Rui Cunha
A Fundação Rui Cunha recebeu ao início da noite de quarta-feira a primeira de três cerimónias de lançamento do romance “A Chave”. A obra é o quarto livro de ficção de José Manuel Simões, coordenador do Departamento de Comunicação e Média da Universidade de São José.
Escrita ao longo de dois anos, durante o período do confinamento pandémico de Macau, “A Chave” assinala o regresso de José Manuel Simões a uma paixão antiga: a escrita de ficção. «Os meus livros são ficção, mas têm uma base realista, que eu acho que tem que ver com o facto de ter sido jornalista. Actualmente escrevo fundamentalmente artigos académicos, e esses artigos exigem muita pesquisa, muita selecção, muita análise. O romance surge, eu diria, como uma necessidade para equilibrar o prazer da escrita, até porque os artigos académicos têm uma necessidade científica que, no fundo, é pouco criativa. O romance comporta um trabalho de pesquisa, mas que te permite viajar. E eu gosto muito da viagem. Quer da viagem intelectual, quer da viagem física», explicou o docente da Universidade de São José, em declarações a’O CLARIM.
Segundo o autor, foram duas viagens que realizou a Marrocos, no início do milénio, que deram origem ao enredo de “A Chave”. A narrativa tem como protagonista Marcos Corte Real, personagem que pontifica – ainda que em segundo plano – em “O Sétimo Sentido”, romance que José Manuel Simões publicou em 2018: «Este livro tem um pressuposto que, curiosamente, parte da mesma história do meu último romance, “O Sétimo Sentido”. É a história de uma médica que vai para a Índia em busca de espiritualidade, em busca de encontrar a sua missão na vida, mas curiosamente não sabemos o que se passa com o companheiro que praticamente não entra no livro, a não ser no seu início. Há um leitmotiv que desperta a acção, que é o facto de ela, ao chegar a casa, descobrir a traição de Marcos. Esta parte é descrita de uma forma semelhante em ambos os livros».
Se no caso de Glória, a traição a leva à Índia e à descoberta de uma certa transcendentalidade, Marcos ruma a Marrocos, onde é confrontado com o valor das relações humanas em plena pandemia, num enredo que deixa de fora algo que era até agora recorrente na escrita ficcionada de José Manuel Simões. «Os outros-livros, os não-académicos, contemplam todos uma certa espiritualidade; a perspectiva da procura de Deus. Este aspecto existe em “O Ponto de Luz” e também em “O Sétimo Sentido”. É algo, na minha escrita, que é bastante habitual e, curiosamente, constato que Marcos e os personagens com que ele interage não têm muito essa questão presente. São muito mais físicos e objectivos», sublinhou o escritor.
O romance pode ser encontrado à venda na Livraria Portuguesa. Depois de Macau, a obra deverá ainda ser lançada no Verão, em Portugal, com uma apresentação prevista para Lisboa e outra para o Porto.
M.C.