Cáritas angaria fundos a pensar nos não-residentes
Donativos em dinheiro, alimentos ou até aparelhos e produtos em segunda mão que possam ser colocados à venda na loja solidária da Cáritas. A organização secretariada por Paul Pun está a promover até à Páscoa uma campanha de recolha de donativos, de forma a financiar algumas das actividades que promove.
A iniciativa, que é dinamizada todos os anos por ocasião da Quaresma, vai ao encontro do que é recomendado aos católicos durante os quarenta dias de preparação para o mistério da Morte e da Ressurreição de Jesus Cristo, lembra o secretário-geral da Cáritas. «Quando lançámos a campanha o nosso objectivo era o de ir ao encontro de uma das mensagens fundamentais do período da Quaresma, a ideia de que devemos olhar para os outros, pensar nos outros e fazer algo nesse sentido», explica Paul Pun. «O nosso propósito nunca é o de garantir uma grande quantidade de donativos, mas temos tido uma resposta positiva em algumas das paróquias. Sabemos que algumas organizaram pequenos bazares ou então canalizaram para a Cáritas o dinheiro do ofertório. Nem todos oferecem dinheiro. Desde que a campanha foi lançada, recebemos dinheiro, mas também alimentos e outras coisas», esclarece o dirigente.
Em anos anteriores, os fundos obtidos com a iniciativa eram utilizados, quer para fazer chegar apoio a pessoas que se encontravam em situação de grande necessidade em Macau, quer para apoiar campanhas de solidariedade a nível internacional, mas a pandemia de Covid-19 e os problemas com que confrontou a sociedade do território obrigaram a uma mudança de paradigma. «Como sabe, uma das nossas prioridades neste momento é ajudar os migrantes que ficaram retidos no território. São pessoas que perderam o emprego e não têm, como tal, forma de ganhar a vida. Aquilo que tentamos fazer é facultar-lhes algum apoio», refere Paul Pun. «Normalmente, no âmbito da nossa campanha da Quaresma, tentamos angariar dinheiro para os mais necessitados, quer para pessoas que estão em Macau, quer para projectos noutros países, mas a verdade é que neste momento há em Macau pessoas a enfrentar grandes dificuldades e é para eles, para os mais necessitados, que estes donativos se destinam», acrescenta o secretário-geral da Cáritas.
E entre os mais necessitados estão sobretudo trabalhadores emigrantes que perderam o emprego e se viram impossibilitados de regressar aos países de origem. Desde o início da pandemia de Covid-19, há mais de um ano, a Cáritas já estendeu a mão a mais de dois mil trabalhadores não-residentes. Entre as pessoas que foram apoiadas pela organização estão sobretudo cidadãos filipinos, indonésios e vietnamitas, mas também, pontualmente, trabalhadores do Nepal e de Myanmar.
Marco Carvalho