Festa Litúrgica dos Pastorinhos de Fátima

Francisco e Jacinta no altar da Sé Catedral

 

A santidade e a fé é dom e graça de Deus (Efésios 2:8-10). Aproveitamos a efeméride para nos unirmos à homenagem dos Pastorinhos, que nos deixaram um exemplo de fé e amor ao Senhor. Um convite ao aprofundamento do chamamento que recebemos. O nosso bispo D. Stephen Lee “trouxe” de Fátima, em 2018, duas estátuas de Jacinta e Francisco Marto, que se encontram na igreja da Sé Catedral, aos pés da estátua de Nossa Senhora de Fátima. Os Pastorinhos, junto da Santa Mãe, são uma presença que nos fala e toca, pois Jesus chama-nos a todos para sermos como crianças perante o Pai: «Em verdade vos digo: Se não voltardes a ser como as criancinhas, não podereis entrar no Reino do Céu». (Mateus 18:3).

As celebrações da festa litúrgica dos Pastorinhos no Santuário de Fátima tiveram início no passado dia 17 de Fevereiro, com um programa de actividades religiosas e culturais, e momentos de oração, em torno dos santos pastorinhos. As festividades desenrolaram-se durante três dias: 17, 19 e 20 de Fevereiro.

Para assinalar a data, as celebrações no Santuário de Fátima tiveram início no dia 17 com o V Concerto Evocativo dos Pastorinhos de Fátima, na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima. No palco esteve o grupo “Nova Era Vocal Ensemble”.

No decorrer dos dias, realizou-se a vigília com o Rosário, a procissão das velas e a veneração dos Santos junto dos seus túmulos, na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima. O último dia arrancou com a oração do Rosário, na Capelinha das Aparições, tendo-se realizado de seguida a procissão com os ícones dos Santos Francisco e Jacinta até à Basílica da Santíssima Trindade. Após a Eucaristia houve um encontro com crianças na referida basílica.

As celebrações permitiram um maior aprofundamento sobre os acontecimentos e significado em torno do fenómeno de Fátima, unidos em oração pelos desafios de cada cristão e da Igreja.

Beatificação e canonização de Francisco e Jacinta Marto– Os irmãos de sangue Francisco e Jacinta Marto foram beatificados por São João Paulo II, em Fátima, a 13 de Maio de 2000. O Papa Francisco canonizou-os a 13 de Maio de 2017, no Centenário das Aparições de Nossa Senhora em Fátima.

Os pastorinhos Francisco e Jacinta eram os dois mais novos dos sete filhos de Manuel Pedro Marto e Olímpia de Jesus, naturais de Aljustrel (Leiria).

Francisco nasceu a 11 de Junho de 1908 e foi baptizado no dia 20 do mesmo mês. Jacinta nasceu a 5 de Março de 1910 e foi baptizada catorze dias depois. Ambos receberam o baptismo na igreja paroquial de Fátima.

As crianças foram educadas num ambiente familiar humilde e profundamente cristão. Os pais eram testemunhas sólidas da fé em Deus, respeito ao próximo e caridade para com os necessitados.

São Francisco Marto– O menino tinha uma fascinante e comovente serenidade. A partir das aparições do Anjo e de Nossa Senhora, a sua vida caracterizou-se pela adoração e contemplação. Refugiava-se com grande frequência para rezar em lugares isolados ou na igreja paroquial. Ali passava longas horas em silêncio, junto ao sacrário, para acompanhar o «Jesus escondido», como dizia. O menino queria consolar Deus, entristecido pelos pecados do mundo. O mais contemplativo dos três pequenos videntes orava «escutando o silêncio em que Deus fala», deixando-se habitar por Ele: «Eu sentia que Deus estava em mim, mas não sabia como era!».

Em Outubro de 1918 a epidemia bronco-pneumónica atingiu-o. A 2 de Abril de 1919 o pequeno confessou-se e, no dia seguinte, recebeu o viático. Eram cerca de dez horas da noite, do dia 4 de Abril de 1919, quando serenamente em casa, rodeado pelos familiares, partiu para a Casa do Pai. Faltavam-lhe pouco mais de dois meses para completar onze anos de idade.

A 5 de Abril o seu corpo foi sepultado no cemitério de Fátima. No dia 13 de Março de 1952 os seus restos mortais foram transladados para a basílica de Nossa Senhora do Rosário, no Santuário de Fátima.

Santa Jacinta Marto– De jeito carinhoso e expansivo, a mais jovem dos Pastorinhos ficou muito comovida com as aparições do Anjo e da Mãe de Deus, e profundamente impressionada com o sofrimento dos «pobres pecadores» e do Santo Padre. A experiência destes encontros levou-a a viver oferecendo orações e sacrifícios pelo bem de todos, para com todos compartilhar o amor ardente que sentia pelos Corações de Jesus e de Maria. Dividia a merenda com as crianças mais pobres, jejuava em reparação dos pecados do mundo contra Deus. Tinha intensa compaixão por quem sofria e por quem vivia longe do Senhor. Oferecia cada pequeno gesto do seu dia a Ele, principalmente os sofrimentos físicos, que dedicava à conversão dos pecadores e à missão do Santo Padre.

No final de 1918 foi-lhe igualmente diagnosticada uma broncopneumonia. Em Janeiro de 1920 foi levada para o hospital de Dona Estefânia, em Lisboa, onde na noite de 20 de Fevereiro, às 22 horas e 30, morreu sozinha. Tinha nove anos de idade, sendo que faltavam apenas duas semanas para completar dez.

Jacinta foi sepultada no cemitério de Ourém, a 24 de Fevereiro. Os seus restos mortais foram transladados a 12 de Setembro de 1935 para o cemitério de Fátima e, no dia 1 de Maio de 1951 para a Basílica de Nossa Senhora do Rosário, no Santuário de Fátima.

As visitas de Nossa Senhora– As aparições de Nossa Senhora em Fátima foram precedidas pela aparição do Anjo. Em 1915, segundo nos descreve a irmã Lúcia nas suas memórias, tiveram a primeira visão: “Mal tínhamos começado a rezar o Terço, quando, diante dos nossos olhos, vemos, como que suspensa no ar, sobre o arvoredo, uma figura como se fosse uma estátua de neve que os raios de sol tornavam algo transparente…”.

O Anjo veio preparar as crianças e elevá-las espiritualmente de forma a receberem a Santa Mãe numa maior união a Deus. A primeira aparição do Anjo, em que este comunicou com os Pastorinhos, deu-se na Loca do Cabeço (Valinhos), na Primavera de 1916.

Francisco tinha oito anos e Jacinta apenas seis quando começaram a pastorear o rebanho da família e a passar grande parte dos dias acompanhando as ovelhas, juntamente com a prima Lúcia, um pouco mais velha que Francisco.

As aparições de Nossa Senhora aconteceram entre Maio e Outubro de 1917, num total de seis aparições. Estas ocorreram sempre no dia 13 de cada mês, excepto em Agosto – foi no dia 19 – porque no dia 13 as crianças haviam sido impedidas pelas autoridades municipais de irem até ao local das aparições: o administrador de Ourém mandou prendê-las, para além de as ameaçado de forma cobarde e irresponsável.

Depois de Francisco e Jacinta Marto terem-se juntado a Nossa Senhora no Céu, a irmã Lúcia ainda “recebeu” algumas visitas da Santa Mãe, assim como outras revelações místicas na sua vida consagrada.

São Francisco Marto e Santa Jacinta Marto, rogai por nós!

Miguel Augusto 

com Santuário de Fátima, Aleteia e livro “Memórias da Irmã Lúcia

 

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