Comunidade de Damão celebrou fé centenária.
A reconquista de Damão por D. Constantino de Bragança, a 2 de Fevereiro de 1559, traçou o destino da povoação em termos religiosos. Desde então celebra-se a Festa de Nossa Senhora das Candeias, juntando católicos e não-católicos entre a Sé Catedral e a Câmara Municipal. Em Macau, realiza-se ininterruptamente desde 1992.
A comunidade damanese de Macau celebrou, na passada sexta-feira, a Festa de Nossa Senhora das Candeias, que assinala a reconquista de Damão pelos portugueses aos mouros, a 2 de Fevereiro de 1559.
A celebração teve lugar na igreja de São Lourenço. À imagem do que acontece em Damão, cumpriu-se a tradição da bênção das velas pouco antes do início da procissão, que decorreu no adro da igreja, sendo posteriormente rezada uma missa. A comunidade também organizou uma mostra de gastronomia tradicional damanese, com um jantar para os participantes, que decorreu no salão da igreja de São Lourenço. A índole cultural não foi esquecida, sendo o repasto acompanhado por cânticos tradicionais de Damão.
«Esta festa coincide com a reconquista de Damão por D. Constantino de Bragança [Vice-Rei do Estado Português da Índia] que levou com ele uma imagem de Nossa Senhora das Candeias, ordenando que em acção de graças pela vitória se cantasse uma missa solene em honra desta santa, que foi assim proclamada padroeira da cidade», explicou a’O CLARIM Oscar Noruega.
«Mais tarde a imagem foi instalada no salão nobre da Câmara Municipal de Damão, onde ainda permanece, sendo a festa também celebrada – juntando em procissão todos os funcionários, independentemente da sua religião – com o povo de Damão, que leva velas acesas na mão desde a Sé Catedral, enquanto canta hinos em louvor a Nossa Senhora», acrescentou Noruega, um dos membros responsáveis pela celebração em Macau, que tem sido organizada ininterruptamente desde 1992.
«A comunidade de Damão é muito reduzida. Temos cerca de oito a dez famílias. Fazemos um grande esforço para manter a nossa tradição. Juntamos portugueses, macaenses e até mesmo chineses. Normalmente são cerca de 120 a 140 as pessoas que participam», frisou o damanese. A efeméride começou a ser celebrada na igreja de Santo António, passando depois para a igreja de São Lourenço.
De acordo com Oscar Noruega: «Vivemos longe da nossa terra e Nossa Senhora das Candeias é a padroeira de Damão. É grande o significado porque, embora já se tenham passado alguns séculos desde a reconquista de Damão, é ponto assente que Portugal continua ainda nos nossos corações. A portugalidade mantem-se em Goa, onde também vivi, e especialmente em Damão».
PEDRO DANIEL OLIVEIRA
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