FESTA DA BEM-AVENTURADA VIRGEM MARIA, MÃE DA IGREJA, É CELEBRADA A 29 DE MAIO

FESTA DA BEM-AVENTURADA VIRGEM MARIA, MÃE DA IGREJA, É CELEBRADA A 29 DE MAIO

O melhor e mais perfeito modelo de virtude

Foi atribuído o título de “Mãe da Igreja”, ou Mater Ecclesiae, à Virgem Maria, por ser a Mãe de Jesus, a “Cabeça da Igreja”, logo também a Mãe dos redimidos em virtude da morte do seu Filho na cruz. A Igreja é o Corpo místico de Cristo, pelo que, por essa razão, Maria é a mãe de todos os que nasceram por Cristo, logo Mãe da Igreja.

O Papa São Paulo VI confirmou solenemente a mesma designação, na alocução aos Padres do Concílio Vaticano II, no dia 21 de Novembro de 1964, tomando a decisão de que todo o povo cristão honrasse, ainda mais a partir de então, com esse santíssimo nome, a Mãe de Deus. O Papa Paulo VI usou esta expressão na promulgação da Encíclica Lumen Gentium: “É, pois, para glória da Santíssima Virgem e para nossa consolação que proclamamos Maria Santíssima, Mãe da Igreja, isto é, Mãe de todo o povo de Deus, tanto dos fiéis como dos pastores, que a chamam de Mãe Amorosa, e queremos que, doravante, com tão doce título, a Virgem seja ainda mais honrada e invocada por todo o povo cristão”.

No discurso de encerramento do mesmo Concílio Vaticano II, em 7 de Dezembro de 1965, o Papa repetiu o título de “Mãe da Igreja”. A veneração é antiga, mas a solenização do título só teve lugar no Século XX. É um dos vários títulos de homenagem e devoção da Igreja Católica à Virgem Maria, oficialmente, desde o Concílio Vaticano II. O título já fora usado antes por Santo Ambrósio de Milão (338-397), que define o seu papel no seio da Igreja. Foi repescado mais recentemente, e com muita frequência, pelo teólogo jesuíta alemão Hugo Rahner, SJ (1900-1968), irmão de Karl Rahner, SJ (1904-1984), que o divulgou amiúde depois de 1944. Este título também foi usado pelo Papa Bento XIV em 1748, e depois pelo Papa Leão XIII em 1885. O Papa João Paulo II colocou-o no Catecismo da Igreja Católica.

As raízes teológicas deste título remontam à Igreja primitiva. Os Padres da Igreja, santos e bispos estudiosos dos primeiros séculos, aludiam muitas vezes a Maria como a Nova Eva. Assim como a Mulher Eva foi «a mãe de todos os viventes» (Génesis 3, 20), a Mulher Maria foi a mãe de todos os que vivem em Cristo. Em Apocalipse 12, 17, está escrito que a descendência desta mulher, Maria, são todos “aqueles que guardam os mandamentos de Deus e dão testemunho de Jesus”.

A Igreja retratou tradicionalmente a Bem-aventurada Virgem Maria juntamente com os Apóstolos e os discípulos reunidos no que foi o primeiro Pentecostes, que foi também uma unidade em oração dos primeiros membros da Igreja. O título Mater Ecclesiaeé também encontrado nos escritos de Berengaud, “pretenso” bispo de Trèves (Trier, falecido em 1125). Numa Encíclica de 1895, Adjutricem populi(“Auxiliar do Povo”), o Papa Leão XIII escreveu: “Ela é invocada como Mãe da Igreja e Mestra e Rainha dos Apóstolos”. No seguimento deste uso do título por Leão XIII, foi o mesmo retomado muitas vezes nos ensinamentos de João XXIII, Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI.

No dia 11 de Fevereiro de 2018, no 160.º aniversário das aparições da Santíssima Virgem em Lourdes, e pelo Decreto Laetitia plena, o Papa Francisco inscreveu esta memória no Calendário Romano geral na segunda-feira depois do Pentecostes. Naquele dia foi assinado o Decreto pela Congregação para o Culto Divino, a instituir esta memória litúrgica em todos os calendários e livros litúrgicos para a celebração da Missa e da Liturgia das Horas. É denominada também de Festa da Coroação da Virgem, retomando o Tempo Comum, interrompido pela Quaresma. O título completo é Festa da Bem-Aventurada Virgem Maria, Mãe da Igreja.

A Virgem Maria é a grande intercessora da Igreja, como nos confirma a Constituição Dogmática Lumen Gentium, quando refere que “pelo dom e missão da maternidade divina, que a une a seu Filho Redentor, e pelas suas singulares graças e funções, está também a Virgem intimamente ligada à Igreja: a Mãe de Deus é o tipo e a figura da Igreja, na ordem da fé, da caridade e da perfeita união com Cristo” (Lumen Gentium, n.º 63). Esta é a definição teológica fundamental da ligação de Maria com a Igreja. A História da Salvação está assim indelevelmente relacionada com a Virgem Maria.

Maria, além de orante e intercessora, pode ser vista como imagem e semelhança de Deus, ou seja, antropologicamente, pode ser considerada como o modelo humano que mais se aproxima da verdadeira imagem e semelhança de Deus. Paulo VI, que concedera a Maria o título oficial de “Mãe da Igreja”, na Exortação Apostólica sobre o Culto a Virgem Maria, enuncia todas essas virtudes e dons da Virgem Maria, que se unem aos da Igreja no seu escopo (Marialis Cultus, n.º 17). Assim, Maria é a Mãe da Igreja porque é a mãe de Jesus Cristo, além de ser o melhor e mais perfeito modelo de virtude.

Vítor Teixeira 

Universidade Fernando Pessoa

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *