Erupção de vulcão na Ilha do Fogo

Cabo Verde vai pedir ajuda a Macau

O delegado de Cabo Verde no Fórum Macau, Mário Vicente, disse a’O CLARIM que a visita ao território do Ministro das Relações Exteriores cabo-verdiano, Jorge Tolentino, «deverá ser aproveitada para, de alguma forma, manifestar a sua preocupação e apelar à ajuda do Governo da RAEM e da sociedade civil local, com o intuito de fazer face aos avultados prejuízos causados pela erupção do vulcão na ilha do Fogo».

A curta deslocação de Jorge Tolentino a Macau, entre hoje e Domingo, insere-se no périplo à República Popular da China iniciado na passada segunda-feira em Pequim.

Mário Vicente também salientou que durante a visita ao território do ministro cabo-verdiano «vai ser decidida a melhor forma de concertar esforços para todas as ajudas», na qual se insere a campanha de sensibilização e solidariedade da Associação de Amizade Macau-Cabo Verde (AAMCV), que pretende constituir um fundo de assistência para colmatar os prejuízos causados pela erupção do vulcão que está em actividade desde o dia 23 de Novembro.

O presidente da AAMCV, Daniel Pinto, ao explicar que «o fundo vai ser constituído na medida das possibilidades», acrescentou que «está a ser planeada a forma como irá ser gerido, se através de uma conta bancária independente ou se através da associação» que lidera. No entanto, garantiu que a AAMCV «irá sempre disponibilizar uma verba do seu fundo de maneio como forma de solidariedade».

O antigo futebolista cabo-verdiano, que viveu na ilha do Fogo num curto período da sua infância, referiu que «tristeza e preocupação são duas emoções associadas às notícias que chegam» de Cabo Verde. «Depois, é o alívio por saber que ninguém faleceu, embora materialmente muitas pessoas tivessem perdido casas e outros bens. Não tenho lá familiares, mas não esqueço as boas recordações da minha infância», sublinhou.

 

Preocupação

A catástrofe está a ser acompanhada à distância com grande preocupação e expectativa por outros membros da comunidade cabo-verdiana de Macau.

«Estamos solidários! É importante esta recolha de fundos, porque embora estejamos longe, na verdade mostra que estamos presentes e queremos ajudar as pessoas que da noite para o dia ficaram literalmente sem nada do que construíram ao longo de uma vida ou, até mesmo, de uma geração», vincou o advogado Álvaro Rodrigues.

Jorge Morbey, natural da ilha de São Vicente, tem acompanhado o desenrolar dos acontecimentos e as notícias que chegam, principalmente através da Internet, levam-lhe a conhecer melhor a dimensão da catástrofe que já destruiu a sede do Parque Natural da ilha do Fogo, a Escola de Ensino Básico de Chã das Caldeiras, o Hotel Pedra Brabo, algumas dezenas de casas, vários hectares de pomares e outros terrenos de cultivo.

«Na localidade de Chã das Caldeiras produz-se vinho, mas os prejuízos são avultados. A adega da cooperativa começou a ser desmontada para ver se fica a salvo da lava. Felizmente, ainda não há vítimas a lamentar e espero que assim continue», frisou o professor-convidado da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau.

«A situação actual faz-me lembrar muito uma outra erupção ocorrida na ilha do Fogo em 1951, que foi por mim acompanhada dramaticamente a partir de São Vicente, através das notícias que chegavam pela Rádio Clube do Mindelo», assinalou o docente e historiador que tem o seu pai sepultado na ilha do Fogo, mais concretamente na vila dos Mosteiros.

PEDRO DANIEL OLIVEIRA

pedrodanielhk@hotmail.com

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