Guardião da Sagrada Família
A diocese de Macau celebra hoje a Solenidade de São José, com missa antecipada, às 18:00 horas em língua portuguesa e às 19:00 horas em Chinês, na igreja da Sé Catedral. Embora o dia dedicado ao Guardião da Sagrada Família seja assinalado a 19 de Março, a Diocese decidiu antecipar as referidas missas para esta sexta-feira, uma vez que aos sábados – como é sabido – a missa em Português das 17 horas e 30 segue a Liturgia de Domingo.
Em Macau, a devoção a São José está presente não só na comunidade católica, mas também em instituições e edifícios religiosos a ele dedicados, sendo de destacar, entre outros, o Seminário de São José e respectiva igreja, a igreja de São José Operário e a Universidade de São José.
A página “online” do Instituto Cultural de Macau dedicada ao Património Mundial refere que o antigo Seminário de São José – centro de formação de inúmeros sacerdotes – foi fundado em 1728 e a igreja contígua construída em 1758. Juntamente com o então Colégio de São Paulo, o Seminário “constituiu a base principal do trabalho implementado pelos missionários na China, no Japão e na região, a partir de Macau”.
O SANTO “SILENCIOSO”
São José, esposo da Santíssima Virgem Maria, e pai nutrício de Jesus, terá nascido em Belém e falecido em Nazaré. O significado do nome “José” – em Hebraico, “Yosef” – quer dizer “aquele que acrescenta”; mas também pode significar “acréscimo de Deus”. Sobre o Guardião da Sagrada Família, os Evangelhos dizem ser um homem “silencioso”, pois nenhuma palavra sua foi registada. Segundo a narrativa bíblica, Deus comunicava com José por sonhos. Por meio da fé tinha a capacidade de bem discernir sobre a revelação divina; movia-se com prontidão e seguia as instruções que recebia do Alto.
Os Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos), que têm São José como seu padroeiro, explicam que o culto litúrgico ao pai terreno de Jesus celebra-se, pelo menos, desde o Século IV, a partir do momento em que Santa Helena lhe dedicou uma igreja. No Oriente, os fiéis iniciaram esta celebração no Século IX, e apenas mais tarde no Ocidente. No Século XII é celebrado entre os beneditinos e os carmelitas que o propagam na Europa. Já no Século XV, “João Gerson e São Bernardino de Sena são os seus fervorosos propagandistas”, pode ler-se.
PADROEIRO DA IGREJA UNIVERSAL
O Papa Sisto IV, em 1479, incluiu a Festa de São José no Breviário e no Missal Romano. E Pio IX proclamou-o “Patrono da Igreja Universal”, a 8 de Dezembro de 1870.
Mais recentemente, a fim de celebrar os 150 anos da declaração do Esposo de Maria como Padroeiro da Igreja Católica, a 8 de Dezembro de 2020 o Papa Francisco convocou o “Ano de São José”, por intermédio da Carta apostólica Patris corde(Com coração de Pai).
Há precisamente um ano, em Março de 2021, o “site” Vatican News publicou um artigo da autoria de Lisa Zengarini sobre a iniciativa do Santo Padre. De acordo com o texto, o “Ano de São José” foi “uma oportunidade para aprender a conhecê-lo melhor e pedir a sua ajuda; para se pode seguir Jesus mais de perto”, sendo que a mensagem-base do Ano de São José foi redigida pelos bispos da Conferência Episcopal dos países nórdicos – “uma carta pastoral dirigida aos fiéis, poucos dias antes do início do Ano especial que a Igreja dedicava à figura discreta de São José, mas central na história da Salvação”.
À época, o crescente número de refugiados que diariamente chegavam à Europa levou a Igreja a atribuir a São José mais um título: “protector dos migrantes e refugiados”, pois também ele teve de fugir com a sua família a determinado momento.
No actual contexto mundial, marcado sobretudo por conflitos armados e pela pandemia de Covid-19, Lisa Zengarini escreve: “Ele [São José] convida-nos a dar um acolhimento digno, mesmo que apenas temporário, àqueles que foram forçados a deixar o seu país por causa das guerras, das perseguições e da fome. Um desafio, o da migração, que ‘não tem soluções fáceis’, mas que ‘ninguém pode ou deveria negligenciar’, sublinham os bispos dos países nórdicos”.
NA VIDA DOS SANTOS
Na sua autobiografia, Santa Teresa de Ávila (1515-1582), mística carmelita e reformadora, a respeito do seu santo pai, São José, dá provas da sua poderosa intercessão;
A venerável Margarida do Santíssimo Sacramento (1619-1648), pelo seu próprio exemplo de amor e devoção, encoraja todos os cristãos a venerar São José;
Já uma santa contemporânea, a Irmã Faustina Kowalska (1905-1938), revelou no seu “Diário”: “São José pediu que eu tivesse incessante devoção a ele. Ele mesmo disse-me que eu rezasse diariamente três orações [supõe-se que fossem o Pai Nosso, a Ave Maria e o Glória] e uma vez o ‘Lembrai-vos’ [Memorare]. Olhava com muita bondade e fez-me conhecer quanto é favorável a esta obra [Divina Misericórdia]. Prometeu-me a sua especial ajuda e protecção. Todos os dias rezo as orações recomendadas e sinto a sua especial protecção” (Diário, 1203);
São Josemaría Escrivá (1902-1975), um santo do nosso tempo, exaltou a devoção a São José e encorajou os católicos a encontrar em São José um modelo de fé católica viva.
SÃO JOSÉ PRESENTE EM APARIÇÕES MARIANAS
Em Knock, na Irlanda, deu-se uma aparição de Nossa Senhora, apelidada de “aparição silenciosa”, pois a Virgem Maria não proferiu uma única palavra. Trata-se de uma aparição em que São José apareceu com Nossa Senhora e São João Evangelista. Ocorreu a 21 de Agosto de 1879 e durou cerca de duas horas; é de grande profundidade teológica. Nela foi enaltecido o mistério da Santa Missa, com a presença do Cordeiro Eucarístico em pé sobre um altar rodeado de anjos frente a uma Cruz.
Em Fátima (Portugal) muitas pessoas conhecem as aparições da Virgem Maria e ouviram falar do “Milagre do Sol”, na Cova da Iria, a 13 de Outubro de 1917, mas poucos sabem que São José também esteve presente na visão da Irmã Lúcia. A Serva de Deus e vidente de Fátima descreve deste modo a aparição nas suas “Memórias”: “Desaparecida Nossa Senhora na imensa distância do firmamento, vimos, ao lado do sol, São José com o Menino e Nossa Senhora vestida de branco, com um manto azul. São José com o Menino pareciam abençoar o Mundo, com os gestos que faziam com a mão em forma de cruz”.
Após a eleição do Papa Francisco, em Março de 2013, o Santo Padre escolheu o dia da Solenidade de São José para dar início ao seu pontificado. Volvido um ano na Cátedra de São Pedro, exclamou, aludindo a São José: «É o modelo do educador, do pai e do sacerdote».
A Igreja universal celebra São José duas vezes por ano: a 19 de Março e a 1 de Maio, desta feita sob a evocação de “São José Operário”.
São José, rogai por nós!
Miguel Augusto
LEGENDA:Imagem de São José no Seminário de São José
FOTO:Miguel Augusto