Governo superou casinos
As explicações de vários titulares de altos cargos públicos sobre a trágica morte de Lai Man Wan, directora dos Serviços da Alfândega, a detenção de Alan Ho, a queda das receitas do Jogo e o desempenho dos cinco secretários do Executivo da RAEM são os acontecimentos de 2015 com maior relevância para Paulo Coutinho, director do jornal Macau Daily Times (MDT).
«A cidade ficou chocada com a trágica morte de Lai Man Wan, que supostamente terá cometido suicídio por asfixia, de acordo com o improvisado anúncio efectuado pelo Governo sobre as investigações policiais e forenses. Houve muitas pessoas a questionar o relatório oficial preliminar das autoridades, incluindo os deputados Pereira Coutinho e Au Kam San.
Parece que ninguém, nesta cidade, confia na versão oficial, por isso é vital que as autoridades esclareçam o assunto o mais depressa possível, com um relatório credível, para pôr fim aos rumores», disse a’O CLARIM Paulo Coutinho.
«2015 ficou também ensombrado pelo contínuo decréscimo das receitas do Jogo, que levaram a problemas no sector, mais concretamente no exclusivo e complexo mundo dos junkets e dos apostadores VIP», sublinhou o director do MDT, ao apontar «o pior caso, com a Dore, operadora de junkets com actividade na Wynn», que «levou a uma espiral de problemas», pois «muitos dos “investidores”, essencialmente locais, perderam o seu dinheiro após investirem nesta empresa, num jogo de alto risco».
«A cidade ficou ainda chocada com a detenção de Alan Ho, sobrinho e protegido de Stanley Ho, por supostamente ser o chefe de uma rede de prostituição, que fazia 400 milhões [de patacas] por ano, sendo considerado um ataque ao coração da “velha escola” da desprezível Macau», vincou Coutinho.
O ano também ficou marcado pela actuação da nova equipa governativa, renovada pelo Chefe do Executivo, Chui Sai On. «Os mais activos, aos olhos da opinião pública, foram certamente Alexis Tam e Raimundo do Rosário, que lidaram com as questões mais prementes que têm afectado a vida da população: a saúde, a educação e a acção social; os transportes públicos, o tráfego rodoviário e a habitação», explicou, atirando: «Os resultados? Mais um ano em lista de espera».
Para Rita Santos, galardoada com a “medalha de dedicação”, atribuída pelo Governo no passado dia 7 de Dezembro, 2015 «não só ficou marcado pela grande descida de receitas, para os cofres públicos, como não foi aprovada a Lei Sindical [na Assembleia Legislativa, pela maioria dos deputados]», acrescentando que «a falta desta legislação não respeita o espírito da Lei Básica porque a Lei Sindical e a negociação colectiva são requisitos previstos na Lei Básica».
Por outro lado, «correu tudo bem porque o Governo de Macau foi suficientemente inteligente para proceder à actualização salarial na Função Pública, levando as operadoras do Jogo a fazer o mesmo com os seus funcionários», concluiu a ex-secretária-adjunta do Fórum China-Países de Língua Portuguesa.
PEDRO DANIEL OLIVEIRA