Habitação em primeiro lugar
O padre João Lau, que integrou a Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo, disse a’O CLARIM que Chui Sai On deve concentrar esforços no segundo mandato para melhorar o nível de vida da população, devendo ter especial atenção ao problema da habitação.
«O Chefe do Executivo tem mais espaço para melhorar e espero que melhore as políticas para a vida do povo. Deve olhar para o problema da habitação porque a vida em geral está mais cara do que em Hong Kong, e assegurar o nível de vida porque os salários [da classe média] não conseguem acompanhar o custo de vida», referiu o pároco da igreja da Sé Catedral, que não revelou se votou a favor ou se se absteve na eleição.
«As manifestações na rua nunca são um bom sinal. Não faz sentido em Macau, por isso o Chefe do Executivo deve melhorar as condições de vida da população. Pode melhorar nos transportes públicos e implementar veículos amigos do ambiente», acrescentou.
Já o sacerdote Francisco Hung, que também fez parte da Comissão Eleitoral, frisou que o governante deve continuar a investir na Educação, apesar de reconhecer que os apoios no sector têm sido grandes. Contudo, vincou que «há ainda muito a fazer, em termos do ambiente escolar, devendo promover a construção de mais creches e fomentar um melhor planeamento das infra-estruturas escolares».
Francisco Hung também não esqueceu o grave problema do mercado imobiliário: «Há que diminuir o preço das casas, seja na compra, seja no arrendamento; e construir mais habitação pública».
Para Arnold Monera, reitor da Faculdade de Estudos Religiosos da Universidade de S. José, os preços exorbitantes praticados no arrendamento no mercado privado da habitação são um problema que estão a afectar milhares de pessoas.
«Não há controlo. Devia haver uma lei que proibisse os aumentos discricionários das rendas das habitações, aquando das renovações dos contratos de arrendamento, e estipulasse a percentagem limite para esses aumentos. É um problema urgente, que deve ser combatido porque está a afectar milhares de pessoas», salientou.
O padre Ramon Manalo, superior-delegado da Sociedade de S. Paulo na RAEM, sustentou que, antes de resolver os problemas, o Chefe do Executivo deve ir ao encontro das reais necessidades da população: «Olhando para o confucionismo percebe-se que numa terra de casinos e dinheiro muitas pessoas estão a perder os valores morais, havendo também que não tenha um sentimento de pertença ao território».
O sacerdote adiantou que «se o Chefe do Executivo humanizar Macau, em vez de continuarmos a perder os valores morais, terá então um valioso contributo para a sociedade». E de igual forma atestou que «deve ser o líder e deve também ser visto como o pai de toda a comunidade», embora verifique ser «isto mesmo que estamos a perder».
Eleição
Chui Sai On foi eleito para o segundo mandato, no passado Domingo, com 380 votos a favor, treze em branco e três nulos. Quatro elementos da Comissão Eleitoral não votaram por estarem ausentes do processo de escolha.
O agora “candidato a aguardar nomeação”, conforme proclamou terça-feira o Tribunal de Última Instância, vai deslocar-se a Pequim, ainda no corrente mês, para receber a carta de nomeação do Primeiro-Ministro da RPC, Li Keqiang, devendo assumir o cargo a 20 de Dezembro.
PEDRO DANIEL OLIVEIRA