Com ou sem regras mais apertadas de confinamento, a comunidade jesuíta de Macau tenciona assinalar, no final do mês, com Missa Solene, o encerramento das celebrações do Ano Inaciano. Para 31 de Julho – dia em que a Igreja Católica celebra a Solenidade de Santo Inácio de Loyola – está prevista missa presidida, de forma virtual, pelo padre Stephen Tong, responsável pela província chinesa da Companhia de Jesus.
A única dúvida que persiste, explicou a’O CLARIM o actual superior da ordem religiosa em Macau, prende-se com a magnitude da cerimónia. O padre Fernando Azpiroz assegura que a missa de encerramento do jubileu inaciano vai mesmo realizar-se, ainda que deva contar apenas com a presença dos sacerdotes jesuítas radicados no território. «Vamos manter as celebrações de 31 de Julho e a data para a missa de encerramento do Ano Inaciano. Vai ser presidida pelo padre provincial», esclarece o missionário argentino. «Qualquer que seja o cenário para o qual a situação evolua, a missa vai realizar-se, quer seja com um grupo muito reduzido, na capela da comunidade jesuíta ou na capela do Colégio Mateus Ricci, ou com um grupo maior no salão de recreio do Colégio Ricci», acrescenta o padre Azpiroz.
OS JOVENS E O FUTURO
O Ano Inaciano, que teve início a 20 de Maio de 2021, comemora a transformação pessoal pela qual enveredou Santo Inácio de Loyola, um processo que mudou para sempre a história e o desenvolvimento da Igreja Católica. Em Macau, o corolário dessa transformação foi celebrado ao longo do último ano com diversas iniciativas, inspiradas em quatro grandes preferências apostólicas. A última decorreu a 18 de Junho, um dia antes do actual surto da pandemia. «A 18 de Junho, um sábado, a Companhia de Jesus organizou a última actividade da Ano Inaciano, focada no tópico “Acompanhar os Jovens na Criação de um Futuro Cheio de Esperança”. Esta actividade decorreu no dia anterior ao surto de Covid-19 ter sido declarado», nota o padre Fernando Azpiroz. «Este encontro prolongou-se por cerca de duas horas e contou com a presença de alunos e de professores das duas escolas geridas pela Companhia de Jesus: a Escola Estrela do Mar e o Colégio Mateus Ricci. No total, a iniciativa atraiu cerca de setenta participantes, um terço dos quais eram estudantes. Durante o encontro, organizámos uma série de actividades com o propósito de ajudar a criar uma atmosfera de auscultação, de confiança, interesse mútuo e diálogo entre os jovens e os adultos», explica.
Para os irmãos da Companhia de Jesus, o último ano constituiu, sobretudo, um convite a uma reflexão aprofundada sobre a experiência que esteve na origem da espiritualidade inaciana, tendo por base quatro preferências apostólicas tidas como essenciais: mostrar o caminho para Deus, caminhar com os excluídos, cuidar do ambiente e acompanhar os jovens.
Depois de ter dinamizado iniciativas direccionadas para os mais desfavorecidos e ter alertado miúdos e graúdos sobre a necessidade de se “cuidar da nossa casa comum”, a Companhia de Jesus dedicou a sua última grande actividade do Ano Inaciano aos mais novos, num evento que contou com o contributo, ainda que de forma virtual, do padre provincial Stephen Tong. «Primeiro escutámos a mensagem sobre a importância que a Sociedade de Jesus atribui, desde a sua incepção, ao acompanhamento das gerações mais jovens. Depois organizámos uma actividade para procurar perceber que conhecimento têm os adultos dos desejos e das expectativas dos mais novos», recorda o padre Azpiroz. «Antes do encontro ter lugar, recolhemos cerca de duzentas respostas dos nossos alunos sobre diferentes matérias e durante a actividade pedimos aos participantes para recordarem quais foram as respostas que deram a essas questões. Depois, após termos visto um vídeo em que diferentes estudantes de escolas jesuítas, um pouco por todo o mundo, falaram sobre os seus sonhos e expectativas, organizámos um pequeno debate em palco entre um grupo de quatro estudantes e dois professores, os quais foram alunos das nossas escolas».
O evento serviu ainda para traçar um pequeno balanço do impacto que a celebração do jubileu inaciano teve no território, num período de enormes desafios. As conclusões, sustenta o padre Fernando Azpiroz, só podem ser vistas como positivas. «No final deste encontro fiz um pequeno resumo sobre o que aconteceu durante o Ano Inaciano, colocando ênfase na relação entre a experiência de conversão pessoal de Santo Inácio de Loyola e as quatro Preferências Apostólicas Universais adoptadas pela Sociedade de Jesus para os dez anos que terminam em 2029», salienta, concluindo: «Parece-me que, de forma geral, toda a gente gostou da iniciativa, que não visou apenas os estudantes, mas também teve por objectivo ajudar os adultos a compreenderem melhor a sua missão, tendo em vista o acompanhamento que devem dar aos mais novos».
Marco Carvalho