Juntos, ao encontro de Deus
O Papa Leão XIV presidiu, no passado Domingo, 18 de Maio, à Missa de início do Ministério Petrino, com a entrega do anel do pescador e do pálio papal, símbolos da sua autoridade como bispo de Roma.
O Santo Padre chegou à Praça de São Pedro uma hora antes do início da celebração eucarística, para saudar os participantes. De seguida, deslocou-se ao interior da Basílica do Vaticano, ao som da antífona “Tu es Petrus” (Tu és Pedro), acompanhado pelos patriarcas das Igrejas Católicas Orientais, para rezar junto ao túmulo de São Pedro – momento que sublinha o estreito vínculo do bispo de Roma com o Apóstolo Pedro e o seu martírio, precisamente no lugar onde o primeiro vigário de Cristo confessou com o sangue a sua fé, juntamente com tantos outros cristãos que com ele deram o mesmo testemunho, indicou o portal de notícias do Vaticano. No mesmo local, encontravam-se o pálio papal e o anel do pescador, além do livro dos Evangelhos, que dois diáconos transportaram, em procissão, até ao altar exterior, na Praça de São Pedro – onde estava o circo do imperador romano Nero, responsável pelo martírio do Apóstolo, por volta do ano 64.
A Missa de início do Ministério Petrino foi concelebrada pelos cardeais e patriarcas orientais presentes no Vaticano, sendo que ao lado do altar se encontrava a imagem de Nossa Senhora do Bom Conselho, do Santuário de Genazzano, que o Papa visitou a 10 de Maio, sem anúncio prévio.
Após a proclamação do Evangelho, em Latim e Grego, aproximaram-se de Leão XIV três cardeais das três ordens (diáconos, presbíteros e bispos) do Colégio Cardinalício, naturais de vários continentes: D. Dominique Mamberti, protodiácono, impôs-lhe o pálio; D. Fridolin Ambongo Besungu, da República Democrática do Congo, pediu, com uma oração especial, a presença e a assistência de Jesus sobre o Papa; e o cardeal D. Luis Tagle, das Filipinas, pó-prefeito do Dicastério para a Evangelização, entregou-lhe o anel do pescador, momento que se encerrou com uma oração ao Espírito Santo.
Tal como em 2013, no início do Pontificado de Francisco, marcou presença no Vaticano o Patriarca ecuménico (Igreja Ortodoxa) de Constantinopla, Bartolomeu, o primeiro a participar nestas celebrações desde o cisma que separou católicos e ortodoxos em 1054.
IGREJA UNIDA
Durante a homilia da Missa de início de Pontificado, o Papa disse desejar uma Igreja «unida» para responder aos desafios colocados pelas desigualdades e os conflitos que marcam a Humanidade.
«No nosso tempo, ainda vemos demasiada discórdia, demasiadas feridas causadas pelo ódio, a violência, os preconceitos, o medo do diferente, por um paradigma económico que explora os recursos da terra e marginaliza os mais pobres» referiu, acrescentando querer ser «um pequeno fermento de unidade, comunhão e fraternidade».
O Pontífice lembrou os últimos dias «particularmente intensos» vividos pela Igreja Católica, tendo afirmado que a morte do Papa Francisco «encheu os nossos corações de tristeza».
Sobre a sua eleição para a Cátedra de Pedro, sublinhou: «Fui escolhido sem qualquer mérito e, com temor e tremor, venho até vós como um irmão que deseja fazer-se servo da vossa fé e da vossa alegria, percorrendo convosco o caminho do amor de Deus, que nos quer a todos unidos numa única família». E recordou o Primeiro Papa: «A Pedro foi confiada a tarefa de amar mais e dar a sua vida pelo rebanho. O ministério de Pedro é marcado precisamente por este amor oblativo, porque a Igreja de Roma preside na caridade e a sua verdadeira autoridade é a caridade de Cristo. Não se trata nunca de capturar os outros com a prepotência, com a propaganda religiosa ou com os meios do poder, mas trata-se sempre e apenas de amar como fez Jesus».
Perante os líderes de várias Igrejas cristãs e outras religiões, Leão XIV assumiu a intenção de trabalhar em conjunto, também junto de «quem cultiva a inquietação da busca de Deus, com todas as mulheres e todos os homens de boa vontade – para construir um mundo novo onde reine a paz».
«Juntos, como único povo, todos irmãos, caminhemos ao encontro de Deus e amemo-nos uns aos outros», concluiu.
In ECCLESIA