IGREJA DE NOSSA SENHORA DE FÁTIMA

IGREJA DE NOSSA SENHORA DE FÁTIMA

A “paróquia das Portas do Cerco”

A construção da igreja de Nossa Senhora de Fátima, no Bairro Tamagnini Barbosa, foi iniciada em 1929, abrindo ao culto mais tarde. Foi demolida esta (a original) e reconstruída em 1967, tendo reaberto no dia 8 de Dezembro de 1968. Está ligada à devoção de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, que chegou a Macau em 1928, sob a orientação do padre Manuel Joaquim Pinto.

Na fase de lançamento da primeira pedra do edifício original, era prelado em Macau D. José da Costa Nunes (1880-1976), bispo do território entre 1920 e 1940, cardeal em 1962.

A igreja actual situa-se na Rua de Lei Pou Chôn. É a igreja matriz de Nossa Senhora de Fátima, uma das nove paróquias da diocese de Macau. É a mais povoada de todas elas, estando localizada na Zona Norte da Península, junto às Portas do Cerco. Serve a comunidade católica do histórico Bairro Tamagnini Barbosa, a área mais populosa de Macau, habitada maioritariamente por trabalhadores estrangeiros e imigrantes.

A igreja marca também a herança portuguesa, através da devoção mariana em torno da Virgem do Rosário de Fátima, que em Macau teve sempre uma forte dimensão e expressão espiritual.

A devoção a Nossa Senhora de Fátima chegou a Macau por meio dos missionários e colonos portugueses, na sequência das aparições de Fátima em Portugal, em 1917. Missionários portugueses e leigos devotos criaram e animaram esta devoção, especialmente após a consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria, em 1942, pelo Papa Pio XII. A primeira grande celebração pública em torno de Fátima, registada em Macau, ocorreu nos anos 30 do Século passado, com peregrinações e missas especiais no dia 13 de Maio.

A construção da igreja de Nossa Senhora de Fátima consolidaria o culto, tornando-se o centro das celebrações anuais. A igreja foi um ponto de encontro das comunidades portuguesa e macaense, mas também atraiu fiéis chineses, reflectindo o carácter multicultural da cidade.

A construção da igreja deveu-se, em grande medida, à decisão de erguer um templo em honra da Virgem de Fátima. Deste modo, surgiu não apenas mais um local de culto, mas também um ponto de encontro da comunidade lusófona e um foco de dinâmica religiosa católica entre os fiéis chineses, hoje maioritários.

Actualmente, ganha especial animação religiosa no 13 de Maio e nos dias 13 das aparições da Virgem em Fátima, sendo ali rememorados com especial zelo e devoção. Após o regresso da soberania de Macau à China, em 1999, a igreja manteve-se activa, aos níveis pastoral, afectivo e espiritual.

Em zona tranquila de uma das áreas de maior densidade demográfica de Macau, surge esta igreja, ampla e em estilo moderno. Possui uma grande torre quadrada de dois sinos. A torre sineira é um elemento distintivo da fachada, marcando a presença da igreja no bairro. As paredes laterais interiores são decoradas por painéis com vitral. No altar-mor, de cor vermelha, encontra-se uma grande cruz de madeira. O templo apresenta uma arquitectura simples, sóbria, alguma austeridade de linhas, mas com elegância, seguindo um estilo moderno com influências ocidentais. Nela se acham ao culto uma imagem do orago da igreja, Nossa Senhora do Rosário de Fátima, uma escultura da Virgem, inspirada na original do Santuário de Fátima em Portugal; vitrais e decorações interiores, representando cenas bíblicas e símbolos marianos. Embora não tenha tanta iconografia e decoração religiosa como outras igrejas históricas de Macau, a sua importância reside na função social e comunitária e na devoção popular.

Ao longo das décadas, a Paróquia esteve envolvida em várias iniciativas de caridade e apoio social, cumprindo a tradição da Igreja Católica em Macau. Entre as principais actividades destacam-se o apoio a famílias carenciada, através de donativos e programas de assistência, a educação religiosa, principalmente a Catequese para crianças e adultos, ou a realização de eventos culturais, com celebrações de festividades religiosas e portuguesas, como o Dia de Portugal (10 de Junho) e o Natal, para além do 13 de Maio.

Como igreja matriz, serve a Freguesia de Nossa Senhora de Fátima, uma das sete freguesias de Macau – hoje meras divisões geográficas, sem qualquer poder administrativo. No Século XX tornou-se uma área residencial, onde antes existiam campos de cultivo. O seu “boom” de desenvolvimento e atracção demográfica processou-se nos anos 70.

Vítor Teixeira

Universidade Fernando Pessoa

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