Combate aos gnósticos: Telésforo, Higino, Pio I
SÃO TELÉSFORO (127/128 – 137/138)
São Telésforo é o segundo Papa de nacionalidade grega. Caporilli (Os Pontífices Romanos) conta que instituiu o jejum de sete semanas antes da Páscoa.
Diz-se que ordenou que cada sacerdote celebrasse três missas na noite de Natal e acrescentou novas orações à Missa. A prática da época era celebrar Missa não antes da hora da terça (período entre as 9:00 horas e as 12:00 horas). Para a Missa de Natal, ordenou que o “Gloria in excelsis Deo” fosse rezado no início da Eucaristia.
Telésforo e o Papa seguinte, Higino, tiveram de enfrentar uma tendência herética predominante propagada por Valentiniano, que era gnóstico. O que isto significa? “Os gnósticos eram ‘pessoas que sabiam’ [gnosis, em Grego, para “conhecimento”; gnostikos, “bom no conhecimento, bom em sabedoria”] e o seu conhecimento constituía imediatamente uma classe superior de seres, cujo estatuto, presente e futuro, era essencialmente diferente do daqueles que, por qualquer razão, não sabiam” (Arendzen, J. (1909). Gnosticismo. In The Catholic Encyclopedia. http://www.newadvent.org/cathen/06592a.htm). Telésforo sabia que esta doutrina poderia afastar o misticismo da realidade.
Entre as heresias de Valentiniano estava a de ensinar que “Jesus é um ser superior que, embora não sendo Deus, está a ser gradualmente purificado e conduzirá os eleitos com Ele para o pleroma ou ‘plenitude’” (JS Brusher e E Borden, “Popes Through the Ages”).
O Liber Pontificalis e os escritos anteriores de Santo Ireneu referem que morreu como mártir e foi sepultado perto das relíquias de São Pedro.
SÃO HIGINO (138 – 142/149)
São Higino, o nono Papa, era filósofo (cf. Liber Pontificalis), também de nacionalidade grega, natural de Atenas.
Estabeleceu as diferentes prerrogativas do clero e definiu os graus da hierarquia eclesiástica. Decretou também a existência de padrinhos no Baptismo para ajudar os recém-baptizados a entrar na vida cristã. Além disso, ordenou que todas as igrejas fossem consagradas. (Caporilli, “Os Romanos Pontífices”).
Um dos seus principais desafios foi enfrentar os gnósticos, em particular Cerdon. Este foi o antecessor de Marcião de Sínope, que viveu em Roma no reinado de Higino. Cerdon admitia os seus erros, retratava-se, regressava à Igreja, mas voltava a cair na heresia. Por fim, foi expulso da Igreja por São Pio I.
A tradição acredita que Higino morreu mártir e foi sepultado, tal como Telésforo, junto ao túmulo de Pedro.
SÃO PIO I (142/146 – 157/161)
São Pio nasceu em Aquileia. Um dado interessante é o facto de se acreditar que é irmão do famoso Hermas, autor de “O Pastor” (ver PAIS DA IGREJA n.º 6).
Pensa-se que estabeleceu a data da Páscoa no primeiro Domingo após a lua cheia de Março. Acolheu os judeus no rebanho e estabeleceu regras para a sua admissão na Igreja. Excomungou os gnósticos – Valentiniano, Cerdon e Marcião. Este último fundou então a sua própria igreja. Providencialmente, o Papa encontrou grande ajuda em São Justino (ver PAIS DA IGREJA n.º 10), um convertido do paganismo e filósofo que conhecia as diferentes escolas de pensamento dominantes na época. Justino foi o maior apologista do Século II.
Pio I foi também sepultado perto dos restos mortais de São Pedro.
Pe. José Mario Mandía
LEGENDA: Papa São Higino