Quem é e como age o Espírito Santo?

DIÁLOGO COM O PADRE

Quem é e como age o Espírito Santo?

Para responder à pergunta “quem é o Espírito Santo” é necessário reflectir sobre o mistério da Trindade. O Deus revelado a Abraão, no princípio do monoteísmo, é um Deus Uno e Trino, um só Deus em três pessoas, iguais e distintas: Pai, Filho e Espírito Santo. Esta Trindade revela-Se a Abraão nos três jovens que vão ter com ele a Hebron, junto ao Carvalho de Mambré, e que lhe prometem um filho que será a origem de um povo mais numeroso que as estrelas do céu. Estes três jovens são a manifestação de Deus. Nas leituras do Antigo Testamento, sobretudo no poema da Criação e na leitura dos profetas e, também, em todo o Novo Testamento, tem-se conhecimento de que Deus é Criador, é Redentor e é Santificador. A Criação é atribuída ao Pai; a Redenção é atribuída ao Verbo, o Filho que procede do Pai; e a Santificação é referida à acção do Espírito Santo que é o amor entre o Pai e o Filho no coração da Trindade. No entanto, em toda esta realidade do Mistério de Deus, o Espírito Santo está sempre presente: na Criação, o Espírito «pairava sobre as águas»; na Redenção, o Espírito cobriu com a sua sombra Maria, mãe de Jesus; na Santificação, é o Espírito que actua por amor na vontade do Pai e do Filho. Definir a acção do Espírito Santo no mistério de Deus é afirmá-I’O como o amor que do próprio Deus é difundido nos nossos corações.

Jesus sentiu que a sua hora estava próxima. Por isso, na Última Ceia, disse aos Apóstolos: «Não vos deixarei órfãos, enviar-vos-ei o Consolador, o Espírito da Verdade, o Paráclito que estará sempre convosco para vos acompanhar» (o Paráclito era uma figura jurídica do tempo de Jesus, o protector de todos os que eram acusados de qualquer culpa). Ao anunciar-lhes este companheiro de caminho, Jesus disse três coisas: que o Espírito Santo estaria sempre com eles, que lhes iria recordar toda a verdade, e, finalmente, que lhes iria dizer tudo aquilo que Jesus não tivera tempo de lhes ensinar. Com estas palavras, Jesus revelava aos discípulos a missão do Espírito Santo. Porém, Jesus não Se limitou a uma promessa. Na tarde da Ressurreição, ao aparecer aos Apóstolos no Cenáculo, afirmou expressamente: «Dou-vos o Espírito Santo: aqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados». Desta maneira Jesus revelou o mistério profundo do Espírito Santo, um amor capaz de perdoar.

No Dia de Pentecostes, cinquenta dias depois da Páscoa, os Apóstolos estavam reunidos no Cenáculo. Jerusalém foi abalada por um vento impetuoso e línguas de fogo desceram sobre os Apóstolos. Assim nasceu a Igreja pela força do Espírito Santo. De tal maneira aconteceu esta presença do Espírito que Pedro proclamou da varanda, com uma convicção tão profunda, a Ressurreição de Jesus, e logo se converteram de imediato três mil homens que tinham vindo a Jerusalém para a festa. A partir deste momento, em Jerusalém e depois por todo o mundo conhecido, o Espírito Santo iluminou os Apóstolos para anunciarem o Evangelho a todos os povos.

O Espírito Santo foi dado à Igreja com todos os seus dons para enriquecer a nossa inteligência, vontade e sensibilidade. Para valorizar a inteligência, o Espírito Santo tem o dom da sabedoria, do entendimento, da ciência. A sabedoria para conhecermos as maravilhas de Deus, o entendimento para assumirmos a verdade que Deus nos revela, a ciência para vermos as realidades humanas com os olhos de Deus. Para fortalecer a vontade, o Espírito Santo dá-nos o dom da fortaleza para ultrapassarmos as dificuldades, o dom do conselho para sabermos escolher. Para aumentar o nosso amor, o Espírito Santo concede-nos o dom da piedade reveladora da ternura de Deus e o dom do temor, a exigência de amar Deus sempre mais. Com os dons do Espírito Santo, os cristãos podem crescer na Fé, na Esperança e na Caridade. E a Igreja pode exercer o seu ministério evangelizador para levar a Boa Nova da Redenção e da Salvação a todos os povos.

Em meados do século XX surgiram movimentos carismáticos que permitiram o culto do Espírito Santo como até aí não se conseguira no mundo da Igreja. Acontece, porém, que em Portugal o culto do Espírito Santo tem muitos séculos, sobretudo na ilha Terceira, nos Açores, onde o Espírito Santo tem os seus tronos em todas as aldeias, como grande protector contra a ira vulcânica da natureza. É uma devoção de extraordinária beleza que se expandiu por todos os lugares da terra, onde há um açoriano.

MONSENHOR FEYTOR PINTO

Sacerdote da paróquia do Campo Grande, em Lisboa

In Família Cristã

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