Unidos a Maria Santíssima no Encontro com o Menino Jesus

Advento leva ao Salvador.

Iniciámos no passado Domingo, dia 2 de Dezembro, o novo Ano Litúrgico (Ano C) com o Advento que antecede o Natal. Seguem-se quatro semanas para meditarmos no mistério da Encarnação, que dele se resplandecem Maria Santíssima e Nosso Senhor Jesus Cristo – Deus que se fez homem. Nos próximos dias esperamos a vinda gloriosa do Senhor, e lembramos a espera dos profetas e de Nossa Senhora pelo nascimento do Salvador em Belém. A palavra “Advento”, que provém do Grego parusia, significa “presença”, “chegada”, “presença iniciada”.

Muitos de nós, quando se inicia o mês de Dezembro, lembramos que o Natal está à porta. Quando éramos crianças ficávamos ansiosos por abrir os presentes que se iam acumulando junto da árvore de Natal, os grandes protagonistas no convívio natalício, juntamente com os doces e as comidas festivas. O Presépio, com a Sagrada Família, os Reis Magos e os animais, parecia servir apenas de decoração, apesar do Menino Jesus, deitado na manjedoura (Lucas 2:7), sempre despertar a nossa atenção.

Muitos de nós, sem nos apercebermos, com a azáfama do consumismo perdemos a oportunidade de nos focarmos no verdadeiro Natal, e nele meditar. E qual é o significado do verdadeiro Natal? O verdadeiro Natal deve focar-se no nascimento do Menino Jesus; no mistério da Encarnação do Verbo; e na dádiva excelsa de Nossa Senhora, a Virgem Maria, no plano da Salvação de Deus para toda a humanidade. O significado do Natal deveria ser a união à Sagrada Família: São José, Nossa Senhora e o Menino Jesus – uma “trindade” de santidade no formato de família, pois Deus assim quis vir ao mundo, para nos indicar a importância e o valor da família, e mostrar o Seu amor por cada um de nós.

No Natal aprendamos com a “pobreza” material do casal mais Santo que habitou entre nós, e não deixemos pois de acudir os mais necessitados.

A Família Sagrada, predestinada por Deus para que Jesus viesse ao mundo, não tinha riqueza mundana, aquela que para Deus nada vale, mas tinha uma imensa riqueza interior e de alma, capaz de aceitar tudo de acordo com a vontade do Senhor e de O seguirem. Na realidade, o “desprendimento” às coisas do mundo parece ser essencial para que se toque o Céu durante a vida terrena.

Nossa Senhora deu-nos o exemplo da sua entrega ao Senhor, de fé e humildade ainda em tenra idade, quando na Anunciação do Anjo lhe disse: «Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra» (Lucas 1:38). Também nós devemos dizer as mesmas palavras ao Senhor – que se faça em nós, nas nossas vidas, segunda a palavra e vontade de Deus. Nossa Senhora é fonte inesgotável de sabedoria e exemplo para a vivência da fé.

Amanhã celebra-se o dogma da Imaculada Conceição, proclamado pelo Papa Pio IX, no dia 8 de Dezembro de 1854. A própria Virgem Maria, na sua aparição em Lourdes, em 1858, confirmou a definição dogmática e a fé do povo dizendo a Santa Bernadette e a todos nós: “Eu Sou a Imaculada Conceição”.

Maria, a mulher do Génesis que pisa a cabeça da serpente (Génesis 3:15), a Virgem profetizada pelo profeta Isaías que dá à luz Emmanuel, que significa Deus connosco (Isaías 7:14), percorre as escrituras até ao Apocalipse, a mulher revestida do Sol (Apocalipse 12:1), crucial no plano da Salvação, pensado e desenhado por Deus desde toda a eternidade.

O Advento deve ser motivo e fonte de inspiração para irmos ao encontro da Santa Mãe, que nos foi “dada” por Jesus ainda na cruz, quando disse ao apóstolo amado – na prática, a todos nós – «“Mulher, eis o teu filho!”. E depois ao discípulo: “Eis a tua mãe!”» (João 19:26-27). Lemos nesta narrativa bíblica que o discípulo a acolheu como sua. E assim também o devemos fazer: tomar Nossa Senhora no nosso coração.

Ninguém nos leva a Jesus como Maria Santíssima. Ninguém intercede por nós como a Santa Mãe. Maria é esposa do Espírito Santo (terceira pessoa) e mãe de Jesus, a segunda pessoa da Santíssima Trindade. É mãe de Deus. Concebida no ventre de sua mãe (Santa Ana) sem pecado, da sua carne imaculada gerou a carne de Jesus que nos é dada hoje no pão sacramentado, mistério de fé e da real presença do Senhor – corpo, sangue, alma e divindade – na Santa Missa e em todos os sacrários, até à Sua vinda gloriosa, onde todos o verão vir na Sua glória (Mateus 16:27; Apocalipse 1:7).

No Natal todo o cristão deve entregar-se ao Imaculado Coração de Maria e ao Sagrado Coração de Jesus, que veio ao mundo com o propósito de dar a Sua vida por todos nós.

Na Santa Missa, aos pés do Calvário no altar do Senhor, fiquemos ao lado de Nossa Senhora, rogando a Deus e à Santa Mãe para que não “fujamos”, como fizeram os restantes apóstolos de Jesus – confusos, inquietos e perdidos.

É ao lado da Maria Santíssima que temos de estar sempre; ela é o porto seguro onde nos entregamos rumo à Salvação.

Santo Agostinho (354-430) afirmou: «A Santíssima Virgem é o meio de que Nosso Senhor se serviu para vir a nós; e é o meio de que nos devemos servir para ir a Ele». Inúmeros santos e doutores da Igreja tinham Maria ao seu lado. Com os olhos postos em Cristo, viviam unidos no amor à Santa Mãe e ao Filho.

São Germano de Constantinopla (610-733) mostra-nos através do seu pensamento o valor e a graça da união à Santíssima Virgem Maria: «Pois ninguém fica cheio do pensamento de Deus se não for por ela». Santa Maria é medianeira de todas as graças, é o socorro dos aflitos, o refúgio dos pecadores, o abrigo seguro nas tempestades da vida e na fé.

Maria é exemplo de dizer sim a Deus; é iniciar um processo de transformação, de aceitação de tudo o que o Senhor permite nas nossas vidas, com os olhos postos além do que as nossas meras pupilas podem alcançar.

Nossa Senhora apropriou-se e assumiu as palavras de Jesus ditas na cruz, recebendo-nos a cada um de nós no seu íntimo como filhos amados, até à perpétua consumação de todos os eleitos (Lumen gentium). Desde a hora que entramos neste mundo, ela acompanha-nos com o seu amor materno e anseia levar-nos ao Filho, à nossa Salvação, pois sabe que não fomos criados para ter amizade com o mundo, mas para vivermos em comunhão e intimidade com Deus, o nosso criador.

Neste Advento peçamos a Nossa Senhora a graça da sua presença nas nossas vidas, presente de Jesus, joia celeste insondável. Que Maria Santíssima nos “gere” dentro de si, como gerou Jesus, unindo-nos a ela para toda a eternidade; nos eduque, nos guie, nos santifique e nos guarde como propriedade sua. Pela sua mão irá entregar-nos na mão do Filho. Peçamos esta graça a Deus, pois em tudo nada é mérito nosso, mas sim dom do Senhor (Efésios 2:8-9).

«Não tenham medo de amar demasiado a Imaculada; jamais poderemos igualar o amor que teve por Ela o próprio Jesus: e imitar Jesus é a nossa santificação», dizia São Maximiliano Maria Kolbe (1894-1941), grande devoto e apóstolo de Nossa Senhora.

A Virgem Maria apareceu a Santa Catarina Labouré em 1830, pedindo que se cunhasse uma medalha como ela a via e com a seguinte oração: “Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós”. Levemos no peito esta medalha e oração, e no nosso coração deixemos entrar Nossa Senhora. Peçamos este presente no Natal que se adivinha!

Miguel Augusto

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