TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (46)

TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (46)

Por que existo?

Num certo momento da sua vida todos os homens e mulheres fazem estas perguntas: De onde venho? Para onde vou? Por que existo? (Catecismo da Igreja Católica nº 282). Fazemos a nós próprios estas perguntas porque procuramos um sentido para as nossas vidas. Esse sentido é o que nos dá valor, e é apenas quando algo tem valor que o apreciamos. Quando algo não tem valor, ou é de pouca valia, desinteressamo-nos, deitamo-lo fora. Viktor Frankl, no seu ensaio, “Man’s Search for Meaning” (“Em Busca de Sentido”), faz um estudo com companheiros de prisão que sobreviveram aos campos de concentração alemães. Descobriu que todos quantos tinham uma razão para viver, sobreviveram; todos aqueles que não a tinham, pereceram.

Quando é inventado um novo “gadget” ou máquina, perguntamos ao seu inventor do que se trata e para que serve. Afortunadamente, para nós (cristãos), sabemos quem é o nosso Construtor, e que Ele próprio «falou connosco através do Seu Filho(Hebreus 1:2)». O Filho não apenas nos ensinou sobre Deus; Ele também se nos revelou e disse quem somos. Daí que São João Paulo II, no seu discurso inaugural como Papa, a 22 de Outubro de 1978, disse: «Não temeis. Cristo sabe “o que é o Homem”. Apenas Ele sabe disso».

Mais: não nos questionamos apenas sobre nós próprios, mas também sobre o Mundo e o Universo. O Catecismo da Igreja Católica (nº 284) refere: “Não se trata apenas de saber quando e como surgiu materialmente o cosmos, nem quando é que apareceu o homem; mas, sobretudo, de descobrir qual o sentido de tal origem: se foi determinada pelo acaso, por um destino cego ou uma fatalidade anónima, ou, antes, por um Ser transcendente, inteligente e bom, chamado Deus. E se o mundo provém da sabedoria e da bondade de Deus, qual a razão do mal? De onde vem ele? Quem é por ele responsável? E será que existe uma libertação do mesmo?”.

São pois questões básicas que mais cedo ou mais tarde todos perguntamos a nós próprios. Graças à nossa Fé Católica, as respostas a essas perguntas não são difíceis de encontrar.

Antes de discutirmos as respostas que a nossa fé nos oferece, vejamos as explicações apresentadas por algumas escolas do pensamento (CIC nº 285).

1– O PANTEÍSMO diz-nos que tudo é Deus, ou que o Mundo é Deus, ou que o desenvolvimento do Mundo é o desenvolvimento de Deus. Os cristãos dizem que Deus é diferente da Sua criação. Existe uma diferença infinita entre Deus – Puro Acto de Ser – e as suas criaturas.

2– O EMANACIONISMO diz-nos que o Mundo emana necessariamente de Deus (ele vem da própria substância de Deus, não “surgindo do nada”) e que volta para Ele. O Cristianismo diz-nos que na realidade o Mundo vem de Deus, mas não da Sua substância. O Mundo foi criado livremente “ex nihilo”, a partir do nada, por Deus.

3– O DUALISMO e o MANIQUEISMO ensinam que há dois princípios eternos de onde tudo vem: Bom (Luz) e Mal (Escuridão). Estes dois princípios estão em conflito constante. O Cristianismo diz-nos que o mal é a ausência de alguma bondade que deveria estar presente. Ele não é eterno, porque o mal surgiu com o pecado dos anjos que se recusaram a obedecer a Deus.

4– O GNOSTICISMO ensina-nos que o Mundo é o produto do pecado e por isso deve ser rejeitado porque é mal. O Cristianismo diz-nos que porque o Mundo vem de Deus, ele é bom. E tal pode ser provado pelos dois primeiros capítulos do Génesis.

5– O DEISMO diz-nos que Deus fez o Mundo, que Ele é como que o seu Arquitecto, mas cabe ao Homem executar os Seus planos. Desta forma, Deus também é comparado a um relojoeiro que deixa o relógio trabalhar por si depois de feito. O Cristianismo diz-nos que na realidade Deus criou o Mundo, mas se Ele não continuar a manter a sua existência, o Mundo deixará de existir – simplesmente desaparecerá! Além disso, sem a Sua providência o Mundo ficaria descontrolado.

6– O MATERIALISMO afirma que o Mundo não apareceu do nada para além de si. Tudo vem da matéria em evolução. O Cristianismo diz-nos que a matéria não podia ter chegado a este estado de organização sem um Ser espiritual não material que pudesse planear e executar o seu plano.

Pe. José Mario Mandía

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