Como crescer na Fé?
Como é que podemos crescer na fé? Para respondermos a esta pergunta, temos que voltar a TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ, nº 26, onde distinguimos dois sentidos de “fé”. Um subjectivo e outro objectivo.
O significado subjectivo refere-se ao facto de “acreditar” – é a virtude sobrenatural da fé. O significado objectivo refere-se ao que é credível (os conteúdos da fé, a Revelação da Verdade). Santo Agostinho criou um nome para distinguir os dois: Ao acto subjectivo de acreditar chamou “fides qua creditur” (a fé pela qual acreditamos nas verdades reveladas). Ao sentido objectivo chamou “fides quae creditur” (os conteúdos da fé em que acreditamos). O Catecismo da Igreja Católica aborda este significado duplo quando nos ensina: “Crer tem, pois, uma dupla referência: à pessoa [fides qua] e à verdade [fides quae]; à verdade, pela confiança na pessoa que a atesta”. Também vimos que “a pessoa que testemunhou o facto” era nada menos que a Palavra Viva de Deus – o próprio Jesus Cristo.
Vimos antes (em TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ, nº 27) que a “fides qua creditur”, a virtude pela qual acreditamos na Revelação, é uma dádiva. Se quisermos fazê-la crescer, temos que pedir a Deus.
E o que há sobre a “fides quae creditur”? Como é que crescemos no nosso conhecimento do que Deus nos ensinou? Entre outras coisas, podemos fazer o seguinte:
1– Ler as Escrituras, especialmente o Evangelho. Recomendo edições católicas da Bíblia que incluam anotações e explicações referentes aos textos. O Papa Bento XVI recomenda a “lectio divina”, uma leitura meditada da Bíblia que, segundo ele explica, consiste em quatro etapas.
(1.1) “Lectio” ou leitura atenta e cuidadosa dos textos das Escrituras; a procura da mensagem que Deus deseja comunicar-nos (algumas pessoas escrevem excertos dessas passagens em pequenas folhas de papel, que podem ser usadas durante a meditação ou oração em voz baixa – ver 1.2 e 1.3 mais abaixo).
(1.2) “Meditatio” ou reflectir sobre o texto. “Meditar no que se lê, leva a assimilá-lo, confrontando-o consigo mesmo. Abre-se aqui um outro livro: o da vida. Passa-se dos pensamentos à realidade. Segundo a medida da humildade e da fé, descobrem-se nela os movimentos que agitam o coração e é possível discerni-los. Trata-se de praticar a verdade para chegar à luz: «Senhor, que quereis que eu faça?»” (CIC, 2706).
(1.3) “Oratio” ou oração oral, em que se usa uma ou duas frases que consideramos apropriadas ao falar com Deus. Independentemente de onde quer que estejamos ou do que estejamos a fazer, pudemos sempre sussurrar algumas palavras a Nosso Senhor, sabendo que Ele olha por nós.
(1.4) “Contemplatio” ou contemplação. O Catecismo da Igreja Católica diz: “Assim, a oração vocal torna-se numa primeira forma da contemplação” (CIC, 2704). E o que é contemplação? Santa Teresa de Ávila explica-nos que contemplação é “estar muitas vezes a falar a sós com Quem sabemos que Nos ama” (CIC, 2709).
2– Leitura Espiritual. Será bom pedir ao nosso director espiritual para que nos recomende livros que atendam às nossas necessidades.
3– Frequentar cursos sobre fé. A Teologia é a ciência da fé. Como todas as ciências, ela ajuda-nos a conhecer melhor a fé, de uma maneira sistemática. Com a ajuda da Razão ela esforça-se para conhecer melhor as verdades que são da Fé. Isto torna a verdade mais inteligível para o crente. Este esforço, se autêntico, vem do amor de Deus e é acompanhado por um esforço para se chegar mais perto Dele. Os melhores teólogos foram todos santos.
4– Oração(ver acima de 1.2 a 1.4), enquanto conversa que leva a um melhor conhecimento.
5– A Sagrada Eucaristia. A Palavra de Deus leva-nos a um conhecimento mais profundo de Deus, de nos próprios e do Mundo. É a União com Jesus.
Pe. José Mario Mandía