Qual o propósito da Moralidade?
Terminámos de analisar as Partes I (Credo) e II (Sacramentos e Liturgia) do Catecismo da Igreja Católica.
Na primeira parte, estudámos o que Deus disse sobre Si mesmo, como nos criou e como nos redimiu. Aprendemos o que Deus disse sobre nós e sobre o mundo.
Na segunda parte, aprendemos como Deus nos santificou com a Sua graça e como adorar a Deus.
Nas duas partes anteriores falámos basicamente sobre o que Deus fez por nós. Agora é hora de perguntar: O que devemos fazer por Deus?
Esta terceira parte está muito ligada às duas primeiras. Daí que o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (CCIC) questione, no ponto 357: “Como é que a vida moral cristã [Parte III] está ligada à fé [Parte I] e aos sacramentos [Parte II]?”. E dá a resposta: “O que o Símbolo da fé professa [Parte I], os sacramentos o comunicam [Parte II]. De facto, neles os fiéis recebem a graça de Cristo e os dons do Espírito Santo, que os tornam capazes de viver a vida nova de filhos de Deus em Cristo acolhido com a fé. «Reconhece, ó cristão, a tua dignidade» (São Leão Magno)”. Está, pois, explicado em poucas palavras.
Então o que devemos fazer por Deus? Dado que recebemos a vida (graça santificante), além da luz e da força (graças actual) de Deus, por meio dos Sacramentos, Deus convida-nos a viver como Seus filhos, tendo Jesus Cristo como modelo.
E o que exige de nós o facto de sermos filhos de Deus? Segundo Jesus ensinou, «Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e com toda a tua inteligência. Este é o primeiro e maior dos mandamentos. O segundo, semelhante a este, é: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mateus 22:37-39)».
Nas Bem-aventuranças, Jesus destacou com mais detalhe o que isto implica, e também nos ensinou que se nos esforçarmos com a graça de Deus, para viver de acordo com esses preceitos, obteremos a felicidade que o nosso coração anseia. «Exultai e alegrai-vos sobremaneira, pois é esplêndida a vossa recompensa nos céus (Mateus 5:12)».
“O homem alcança a bem-aventurança em virtude da graça de Cristo, que o torna participante da vida divina. Cristo no Evangelho indica aos seus o caminho que conduz à felicidade sem fim: as Bem-aventuranças. A graça de Cristo opera também em cada ser humano que, seguindo a recta consciência, procura e ama o verdadeiro e o bem e evita o mal” (CCIC nº 359).
O Compêndio do Catecismo da Igreja Católica acrescenta que as Bem-aventuranças “mostram o próprio rosto de Jesus, caracterizam a autêntica vida cristã e revelam ao homem o fim último do seu agir: a bem-aventurança eterna” (CCIC nº 360; ver TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ nº 100).
E o que é a bem-aventurança (felicidade) eterna? “É a visão de Deus na vida eterna, em que seremos plenamente «participantes da natureza divina (2 Ped., 1,4)», da glória de Cristo e da felicidade da vida trinitária. A bem-aventurança ultrapassa as capacidades humanas: é um dom sobrenatural e gratuito de Deus, como a graça que a ela conduz. A bem-aventurança prometida coloca-nos perante escolhas morais decisivas em relação aos bens terrenos, estimulando-nos a amar a Deus acima de tudo” (CCIC nº 362).
Este é o propósito da moralidade: mostrar-nos o caminho para a felicidade e a satisfação, que nunca terminam. É por isso que o Salmo canta: «Tu me fizeste conhecer o caminho da vida, a plena felicidade da tua presença e o eterno prazer de estar na tua destra [direita] (Salmo 16:11)».
Há outra palavra para este momento interminável de deleite e prazer: SANTIDADE. Santidade é felicidade. A moralidade não nos mostra apenas como ser pessoas boas e decentes. Mostra-nos como ser santos. Ele nos mostra como sermos felizes; sempre e para todo o sempre!
Pe. José Mario Mandía