Por que dizemos que a Missa é um sacrifício e um memorial?
Já vimos em TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (130), que São Paulo, na sua Carta aos Coríntios 11:23-27, reduziu a doutrina eucarística à Última Ceia, com o Sacrifício e a consequente Presença Real do Senhor.
SACRIFÍCIO– Por que dizemos que a Missa é um sacrifício?
Se olharmos para as diferentes religiões, descobriremos que os sacrifícios integram quatro elementos: 1– uma oferenda sacrificial ou presente; 2– um sacerdote que oferece o sacrifício; 3– uma acção sacrificial; 4– uma finalidade ou objectivo sacrificial.
Estes quatro elementos estão presentes no Sacrifício da Cruz, assim como no Sacrifício Eucarístico.
A oferenda sacrificial, a vítima sendo oferecida, é o Próprio Cristo. Quando Ele instituiu o Sacrifício, disse (em Aramaico) “den bishri – Isto é a minha Carne”, “den idhmi – Isto é o meu Sangue”. Entre os judeus, a palavra “carne” não se relaciona apenas com o corpo, mas também com a totalidade da pessoa; o “sangue” não se relaciona apenas com o sangue, mas com a totalidade da vida da pessoa. Assim sendo, Jesus estava a entregar a totalidade de Si e da Sua vida.
O sacerdote é o mesmo Cristo que usa o padre X ou o padre Y (um sacerdote não identificado) para oferecer o sacrifício.
A acção sacrificial é Cristo, oferecendo-se a Si próprio, tendo sido instituída e antecipada na Última Ceia e consumada na Cruz – «Está consumado (João 19:30)».
A finalidade do sacrifício é a adoração a Deus e a santificação dos homens.
Estes quatro elementos estão presentes no Sacrifício da Cruz, assim como no Sacrifício Eucarístico, porque a Cruz e a Missa não são dois sacrifícios diferentes, mas o mesmo sacrifício. «Jesus ofereceu, para sempre, um único sacrifício pelos pecados (Hebreus 10:12)», contrariamente ao que refere o Antigo Testamento, em que cada sacerdote se apresenta ao serviço para oferecer repetidamente os mesmos sacrifícios, «que nunca podem remover os pecados (Hebreus 10:11)».
MEMORIAL QUE UNE O PASSADO COM O PRESENTE E O FUTURO– A Igreja celebra a Missa obedecendo às palavras de Cristo. Este ordenou aos Apóstolos: «Fazei isto em memória de Mim (Lucas 22:19; I Coríntios 11:24)». Cristo ordenou a oferta da Missa porque “a Eucaristia é, pois, um sacrifício, porque representa (torna presente) o sacrifício da cruz, porque é dele o memorial e porque aplica o seu fruto” (Catecismo da Igreja Católica nº 1366).
Quando participamos na Missa somos levados de regresso ao Calvário, para que possamos receber os benefícios da Paixão, Morte e Ressurreição. A Missa é um memorial não apenas no sentido em que nos lembra algo do passado, mas transporta o passado para o nosso presente. O Compêndio do Catecismo da Igreja Católica explica no ponto 280: “A eucaristia é memorial no sentido que torna presente e actual o sacrifício que Cristo ofereceu ao Pai, uma vez por todas, na cruz, em favor da humanidade. O sacrifício da cruz e o sacrifício da Eucaristia são um único sacrifício. Idênticos são a vítima e Aquele que oferece, diverso é só o modo de oferecer-se: cruento na cruz, incruento na Eucaristia”.
A Missa não apenas envolve o passado e o presente. Ela também olha para o futuro, para a vida eterna. O CIC refere no ponto 1340: “Celebrando a última ceia com os seus Apóstolos, no decorrer do banquete pascal, Jesus deu o seu sentido definitivo à Páscoa judaica. Com efeito, a passagem de Jesus para o seu Pai, pela sua morte e ressurreição – a Páscoa nova – é antecipada na ceia e celebrada na Eucaristia, que dá cumprimento a Páscoa judaica e antecipa a Páscoa final da Igreja na glória do Reino”. A Velha Páscoa prefigurou a Nova Páscoa. A Nova Páscoa traz-nos a Páscoa Final.
Pe. José Mario Mandía