SÍNODO DOS BISPOS 2021-2024

SÍNODO DOS BISPOS 2021-2024

Documento Instrumentum Laborisdesafia a criar comunidades inclusivas, onde “todos se sintam bem-vindos”

O Vaticano apresentou, na terça-feira, o Instrumentum Laboris, documento de trabalho para a primeira sessão da XVI assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos, apelando à criação de comunidades inclusivas, onde “todos se sintam bem-vindos”.

“O chamamento radical é para construirmos juntos, sinodalmente, uma Igreja atraente e concreta: uma Igreja em saída, na qual todos se sintam bem-vindos”, indica o novo texto, que encerra a primeira fase do processo sinodal, lançado pelo Papa em 2021.

Instrumentum Laboris(IL) foi elaborado com base no material recolhido durante a consulta global às comunidades católicas, em particular os documentos finais das sete assembleias continentais, que decorreram entre Fevereiro e Março deste ano: África e Madagáscar (SECAM), América Latina e Caraíbas (CELAM), América do Norte (Estados Unidos/Canadá), Ásia (FABC), Europa (CCEE), Médio Oriente (com a contribuição das Igrejas Católicas orientais) e Oceânia (FCBCO).

O texto refere que os documentos finais das assembleias continentais mencionam “frequentemente aqueles que não se sentem aceites na Igreja”, como os divorciados e recasados ou “as pessoas LGBTQ+”.

“Como podemos criar espaços em que aqueles que se sentem magoados pela Igreja e não bem-vindos pela comunidade possam sentir-se reconhecidos, acolhidos, não julgados e livres para fazer perguntas?”, é uma das mais de 250 perguntas dirigidas aos participantes na Assembleia Sinodal do próximo mês de Outubro.

O documento alerta para uma “série de barreiras”, desde as de ordem prática até aos preconceitos culturais, que “geram formas de exclusão das pessoas com deficiência e têm de ser ultrapassadas”. O objectivo, realça o IL, é que as pessoas com deficiência “possam sentir-se membros de pleno direito da comunidade”.

O texto valoriza a experiência de encontro com milhares de pessoas, neste processo sinodal, que levou ao “reconhecimento de seu valor humano único”.

A primeira secção do Instrumentum Laboris, intitulada “Para uma Igreja sinodal”, aponta a uma comunidade católica que deve ser “aberta, acolhedora e abraça a todos”. Numa Igreja sinodal, acrescenta o documento, “os pobres, no sentido original de pessoas que vivem na pobreza e na exclusão social, ocupam um lugar central”.

“Todos os pontos de vista têm algo a contribuir para esse discernimento, a começar pelo dos pobres e excluídos: caminhar junto com eles não significa apenas responder e assumir as suas necessidades e sofrimentos, mas também aprender com eles”, precisa o texto orientador.

ILtraça uma série de “características fundamentais ou marcas distintivas” de uma Igreja sinodal, apresentada como “uma Igreja de irmãs e irmãos em Cristo que se escutam mutuamente e que, ao fazê-lo, são gradualmente transformados pelo Espírito”.

Este percurso, indica o Vaticano, manifestou o “profundo desejo de aprofundar o caminho ecuménico”, na relação com outras Igrejas Cristãs, e do diálogo entre religiões, dando como exemplo de colaboração concreta a causa da protecção do Ambiente.

O novodocumentoalude, por outro lado, a “sinais de graves crises de confiança e de credibilidade”, com particular referência à crise causada por várias formas de abusos – sexuais, de poder e de consciência, económicos e institucionais.

As sínteses das Conferências Episcopais e das assembleias continentais apelam a uma “opção preferencial” pelos jovens e pelas famílias, convidando a “renovar a linguagem usada pela Igreja”, que para as novas gerações é, muitas vezes, “incompreensível”.

Sobre o mundo digital, o Instrumentum Laborisadmite que falta “consciência plena” das potencialidades para a evangelização e pede “uma reflexão sobre os desafios que coloca, sobretudo em termos antropológicos”.

O texto propõe, como metodologia de reflexão, o “diálogo no Espírito”, descrito como “uma oração partilhada em vista do discernimento comunitário, para o qual os participantes se preparam por meio de reflexão e meditação pessoal”. [N.d.R.: breve nota adicional na página 10, com o subtítulo “Voz”]

In ECCLESIA

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