SEXTO DOMINGO DE PÁSCOA – Ano C – 25 de Maio

SEXTO DOMINGO DE PÁSCOA – Ano C – 25 de Maio

A paz que vence os nossos medos e ansiedades

O Evangelho de hoje é uma parte do discurso de despedida que Jesus faz aos seus discípulos depois da Última Ceia. Eles haviam estado com Jesus enquanto este pregava ao povo – perdoava os pecadores e fazia milagres. Agora, tinha-os reunido para os preparar para a sua morte. Quando ouviram Jesus dizer que se ia embora, ficaram ansiosos e muito angustiados. Jesus, conhecendo a sua preocupação e o seu medo, consolou-os com a saudação e o presente de despedida: a paz. A paz de Jesus Cristo é para todos. Ele disse: «Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize». Na mensagem por si deixada, Jesus define claramente o tipo de paz que nos dá: «Não é como o mundo dá».

Há uma história interessante sobre uma família de tartarugas. A família foi fazer um piquenique. Levaram sete anos a preparar-se para o passeio. A família saiu de casa, à procura de um local adequado. Durante o segundo ano de viagem, encontraram um sítio. Durante cerca de seis meses, trabalharam para limpar a área, desempacotar o cesto de piquenique e completar o arranjo. Descobriram, porém, que se tinham esquecido do sal. Um piquenique sem sal seria um desastre, concordaram todos. Depois de uma longa discussão, a tartaruga mais nova foi escolhida para ir buscar o sal a casa. Apesar de ser a mais rápida das tartarugas lentas, a tartaruguinha choramingou, chorou e balançou na sua carapaça. Só aceitou ir com uma condição: que ninguém comesse até ela regressar. A família consentiu e a tartaruguinha partiu. Passaram três anos e a tartaruguinha não voltou. Cinco anos. Seis anos. Então, no sétimo ano da sua ausência, a tartaruga mais velha já não conseguia conter a fome. Anunciou que ia comer e começou a desembrulhar uma sandes. Nesse momento, a tartaruga mais nova surge detrás de uma árvore e grita: “Vês? Eu sabia que não ias esperar! Agora, não vou buscar o sal. É melhor ser outra pessoa a ir”. Sete anos de raiva, egoísmo, pretensão, suspeita, desconfiança, preocupação e ansiedade para as tartarugas. Muitos de nós talvez estejamos a viver como estas tartarugas e, consequentemente, estamos frustrados com a falta de paz. A verdadeira paz só vem de Deus, e vem com a consciência, a aceitação, o desapego, a entrega, o sacrifício, a compaixão, a cura, o perdão, a confiança e a fé em Deus.

Sabemos como o mundo tenta trazer a paz. É através da lei e da ordem; do poder e da força; das posses e da riqueza. Para o mundo, a ausência de conflitos, tensões, problemas e sofrimento é a paz. Mas Deus traz-nos a paz vindo até nós, amando-nos e permanecendo em nós. É através da humildade e da entrega, da cura e do perdão, da compaixão e do amor que podemos sentir a paz de Cristo. A presença do divino connosco é a paz. Para termos esta paz, Ele dá-nos o Espírito Santo para nos ensinar, guiar e aconselhar. O Espírito e a Paz tornam-se uma só realidade. Onde está o Espírito do Senhor, há paz. Mesmo no meio da dor, do sofrimento, da pobreza, das dificuldades, dos conflitos e das perdas, é possível obter a paz de Deus.

Na primeira leitura de hoje, lemos como, com a orientação do Espírito Santo, os discípulos conseguiram resolver as dissensões e as disputas, e trazer a paz à comunidade cristã primitiva. Os apóstolos e os anciãos da Igreja encorajaram a comunidade a evitar a discórdia e os conflitos por causa de assuntos pequenos e triviais e, em vez disso, a preocupar-se com as coisas que enriqueceriam a sua fé e trariam a unidade e a paz.

Jesus diz que a paz de Deus só é dada àqueles que o amam e guardam as suas palavras. Certamente, todos nós queremos a paz. Queremos paz nas nossas casas, paz nas nossas relações, paz nas nossas comunidades e paz no mundo. Mas será que tentamos encontrar a paz através dos ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo? Ou será que nos sentimos frustrados e desiludidos com as suas exigências de sacrifício em prol da paz de Deus? Jesus ensina: «Quem me ama guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos a ele, e faremos nele morada». Por outras palavras, como diz o livro de Job (22, 21): quando fizermos as pazes com Ele, quando nos reconciliarmos com Ele, toda a nossa paz e felicidade nos serão restituídas e permanecerão connosco para sempre. Quando nos conformarmos com os seus caminhos nas nossas palavras, pensamentos e acções, e quando lhe formos fiéis, experimentaremos a paz.

Caro leitor, o que o preocupa hoje? É a saúde, as finanças, a família, os amigos ou a falta de amigos, o casamento, o trabalho ou o desemprego, ou o pecado? Seja qual for a circunstância em que se encontra hoje, as palavras de Jesus são um grande conforto para nós. Ele deu-nos o Espírito Santo para nos ajudar nos nossos esforços. Não precisamos de ter medo de nada. Sempre que nos encontramos na escuridão ou nas tempestades da vida, Ele oferece-nos a paz que vence os nossos medos e ansiedades. Com o nosso amor pelo Senhor e a confiança na sua promessa, entreguemo-nos a Ele.

Pe. Leonard Dollentas

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