Parar, Pensar e Rezar
«O homem, esmagado pelas suas ocupações, com tudo se ocupa menos com viver»
Lúcio Aneu Séneca
A cadência dos nossos dias tornou-se vertiginosa. Enredados num conjunto de obrigações, compromissos sociais e culturais, trabalho, família e amigos, não esquecendo os imprevistos que também nos batem à porta, sentimos o sufoco e o peso do “stress”, percebemos que abrandar o ritmo era o aconselhado mas, aparentemente, impossível. Todavia, é nestas circunstâncias, que mais imperioso se torna – Parar, Pensar e Rezar.
Pensar na nossa vida tão dinâmica e agitada, cheia de coisas e, por vezes, tão vazia e sem sentido; parar, procurar um pouco de silêncio e paz longe do bulício do quotidiano, longe da materialidade e do consumismo que nos amarra e empobrece, para equacionarmos o que está bem ou importa mudar.
Parar enquanto é tempo, arrumar as ideias, pensar no futuro e preparar a eternidade.
«E passam os anos sem que nos dêmos conta, como se fossem estações em que o comboio não pára». R. Knox
A cultura materialista que se desenvolveu e a morte de Deus por decreto filosófico, projectaram o homem num vazio existencial, sem profundidade sobrenatural, que lhe tira toda a beleza da presença divina na vida dos homens e no mundo.
«Todos nós experimentamos, quase palpavelmente, os tristes efeitos desta sujeição cega ao mero “consumo”: antes de tudo, uma forma de materialismo crasso; e, ao mesmo tempo, uma insatisfação radical, (…) porque quanto mais se tem mais se deseja, enquanto as aspirações mais profundas restam insatisfeitas, e talvez fiquem mesmo sufocados». São João Paulo II
Mas, porque tudo o que existe no mundo é bom, há que saber usar da nossa liberdade para usufruir dos bens terrenos sem abdicar da complementaridade divina que lhe preside, assiste e dá sentido.
«As pessoas, geralmente, têm uma visão plana, pegada à terra, de duas dimensões. – Quando a tua vida for sobrenatural, obterás de Deus a terceira dimensão: a altura. E, com ela, o relevo, o peso e o volume». São Josemaria Escrivá
Nesta busca da terceira dimensão – Deus, o que importa é falar com Ele, em silêncio e oração, como dois amigos que se encontram para falarem um com o outro e contarem alegrias e tristezas, preocupações e desilusões, expectativas e projectos, falar de tudo o que vai na alma. Afastar-se do mundo e rezar, uns dias longe de tudo em Retiro Espiritual.
«Pôr ordem no mundo sozinhos, sem Deus; contar apenas com as próprias capacidades; reconhecer como verdadeiras apenas as realidades políticas e materiais e deixar de lado Deus, como uma ilusão, tal é a tentação que de múltiplas formas nos ameaça». D. Joseph Ratzinger (Papa Bento XVI)
Uns dias de retiro ajudam a serenar numa atitude de silencia interior e exterior, acompanhados connosco e com Deus.
Fechar as portas dos sentidos, esquecer as preocupações, dar prioridade à actividade interior, ao exame de consciência, à reflexão pausada sobre a nossa vida, feita na presença de Deus.
«Começo sempre a rezar em silêncio, porque Deus fala no silêncio do coração. Deus é amigo do silêncio: necessitamos de escutar Deus, porque o que importa não é o que cada um de nós diz, mas o que Ele nos diz e nos transmite». Beata Teresa de Calcutá
Susana Mexia
Professora