Toda a Jornada tem uma dimensão missionária

PONTIFÍCIAS OBRAS MISSIONÁRIAS PRESENTES NA JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE

Toda a Jornada tem uma dimensão missionária

Fruto da sinergia de várias secções europeias (entre as quais as portuguesa, polaca, austríaca, espanhola e inglesa), e com a supervisão da direcção norte-americana, as Pontifícias Obras Missionárias (POM) estão presentes na Jornada Mundial da Juventude, mais propriamente na “Cidade da Alegria”, permitindo assim aos jovens “o contacto directo com diversos movimentos, associações, comunidades, ordens religiosas e iniciativas eclesiais”. A presença das POM, com “stand” montado e animação programada, pretende ser uma forma concreta de colocar em evidência a dimensão missionária da Igreja Católica.

Rede mundial ao serviço do Papado com o objectivo de apoiar as missões e as jovens Igrejas, “através da oração e da caridade”, as POM englobam a Sociedade para a Propagação da Fé, a Sociedade de São Pedro Apóstolo, a Associação Missionária da Infância e a União Missionária de Sacerdotes e Religiosos. Estes quatro organismos encontram-se definidos como “pontifícios” desde 1922, indicando assim a sua condição de “instrumentos oficiais do Papa e da Igreja Católica universal”.

Por todo o mundo, as Pontifícias Obras Missionárias empenham-se no anúncio do Evangelho e na construção de igrejas, contando com o trabalho e testemunho de inúmeros missionários, religiosas e sacerdotes, e líderes pastorais leigos. São eles que, com o seu empenho, testemunham “o coração compassivo de Jesus”, assegurando não apenas apoio espiritual, mas também alimento, educação e assistência médica às comunidades mais vulneráveis.

Na maioria dos países, é o Director Nacional das Pontifícias Obras Missionárias (actualmente o monsenhor Kieran E. Harrington) quem lidera as quatro sociedades e supervisiona a Colecta do Domingo Missionário Mundial, realizada anualmente no terceiro Domingo de Outubro em todas as paróquias católicas do mundo. As doações aí recolhidas destinam-se, na sua totalidade, a apoiar igrejas, hospitais e escolas nos países “onde a Igreja é nova, jovem ou pobre”.

A história da Sociedade para a Propagação da Fé começa em França, no início do Século XIX. Pauline Marie Jaricot, inspirada pelas cartas de um irmão seu acerca das missões em África, começa a reunir pequenos grupos, maioritariamente assalariados da fábrica de seda da sua família. Pauline pedia a cada um deles orações diárias e um pequeno contributo monetário (o equivalente a um centavo na época) “destinado ao trabalho missionário mundial da Igreja”. Nasceria assim a Sociedade para a Propagação da Fé, que, logo em 1822, apoiou a vasta diocese do Estado de Louisiana (que então se estendia de Florida Keys ao Canadá), assim como as missões de Kentucky e da China. A Propagação da Fé continua hoje a “reavivar o ardor missionário das comunidades cristãs e dos fiéis individuais” através de um programa missionário que chega a todo o mundo: Mil e 100 dioceses na Ásia, África, Ilhas do Pacífico e nas mais remotas regiões da América Latina.

Uma década antes da visão de Pauline Jaricot, um seu compatriota, o jovem Charles de Forbin-Janson, era ordenado sacerdote com o intuito de um dia poder dedicar o seu ministério às crianças mais pobres do planeta. Em 1843, o agora bispo D. Forbin-Janson partilharia com Pauline Jaricot o seu antigo sonho, tendo esta, no decorrer da conversa, sugerido que ele apelasse às crianças francesas “para que ajudassem as crianças mais necessitadas de todo o mundo”. Como resultado desse encontro nasce a Associação da Infância Missionária (MCA). Hoje, seguindo a filosofia de D. Forbin-Janson – “crianças ajudando crianças” –, o apoio da MCA chega a mais de dois milhões de crianças matriculadas em programas de catequese e formação cristã, assim como a mais de seiscentas mil crianças, da creche ao ensino médio. Ajuda adicional é enviada a mais de setecentas mil crianças beneficiadas por programas de “protecção da vida”. Esta ajuda inclui cuidados de saúde (básicos, reabilitação, crianças com deficiências e necessidades especiais), advocacia (crianças órfãs, crianças de rua, crianças-soldado e tráfico humano) e apoio logístico (alimentos, água, etc.).

Já no final do Século XIX, Jeanne Bigard e a sua mãe, Stephanie, viram as suas vidas mudar radicalmente após receberem uma carta de um bispo francês que servia no Japão. Nessa missiva, o prelado mencionava “os cinquenta jovens que se preparavam para o sacerdócio” e os obstáculos enfrentados por estes e todos aqueles, “num número cada vez mais crescente”, que se candidatavam à admissão no Seminário. Stephanie e Jeanne, dando resposta ao apelo, começaram a arrecadar fundos para sustentar esses seminaristas. Assim era fundada, em 1889, a Sociedade de São Pedro Apóstolo, “para apoiar as vocações missionárias, tanto sacerdotais quanto religiosas”. Logo no primeiro ano a Sociedade de São Pedro Apóstolo auxiliou aproximadamente dois mil e 700 seminaristas. Hoje, cerca de 28 mil seminaristas, principalmente na Ásia e em África, recebem dessa instituição um subsídio anual médio de setecentos dólares norte-americanos por aluno.

Finalmente, em 1916, o padre Paolo Manna, missionário do PIME (Pontifício Instituto das Missões Estrangeiras), funda a União Missionária de Sacerdotes e Religiosos. Este apostolado espiritual apoia os que se dedicam à catequese e à educação religiosa “para ajudar os católicos a compreender melhor a sua responsabilidade baptismal na obra missionária da Igreja”.

Joaquim Magalhães de Castro

LEGENDA: Pauline Jaricot no retrato

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