Mais leitores, Projecto Infância Missionária e Catequese para Adultos
Para o padre Eduardo Aguero, “acção pastoral” é sinónimo de “relação”; e o relacionamento que o sacerdote argentino construiu com a comunidade católica de língua portuguesa da Taipa tornou a igreja de Nossa Senhora do Carmo um exemplo de dinamismo espiritual em Macau. O missionário dehoniano ajudou a criar um novo grupo de estudo bíblico e a relançar o projecto da Infância Missionária. No próximo Domingo, o Tempo do Advento arranca com a instituição de doze leitores para o novo Ano Litúrgico.
A paróquia de Nossa Senhora do Carmo vai investir doze leitores na missa do próximo Domingo. A celebração sinaliza o arranque do Tempo do Advento e, por inerência, do novo Ano Litúrgico. Os doze novos leitores terão como missão cumprir a função que lhes é própria: ler a palavra de Deus ao longo do próximo ano nas assembleias litúrgicas direccionadas para os católicos de língua portuguesa que frequentam a única igreja na ilha da Taipa.
O grupo recebeu ao longo das últimas semanas a formação litúrgica necessária para cumprir a missão que lhe foi atribuída. O rito da instituição dos leitores é apenas um dos exemplos do reforço espiritual que a acção pastoral em língua portuguesa na paróquia de Nossa Senhora do Carmo tem vindo a revelar ao longo dos últimos meses, sob a orientação do padre Eduardo Aguero. O sacerdote, membro da Congregação dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus (dehonianos), respondeu aos apelos dos fiéis e criou um grupo de estudo bíblico, depois de ter ajudado a relançar no território o movimento da Infância Missionária, mas garante que o mérito não lhe pertence e que são os leigos os responsáveis por tão grande dinamismo. «Se isto acontece, acontece pela graça de Deus. Somos todos chamados e há muitos leigos que têm muitas e boas iniciativas. Esta predisposição não é de agora, mas possivelmente a comunidade nunca teve um padre que estivesse disponível para eles. Vinha cá celebrar a missa. O senhor bispo pediu-me então para ficar aqui, perguntou-me se eu estava disponível e eu limitei-me a reservar tempo para estar com eles», explicou em declarações a’O CLARIM.
Para os católicos da Taipa, o período do Advento é sinónimo de reflexão, mas também de comunidade e de partilha intercultural e inter-religiosa. A 11 de Dezembro, terceiro Domingo do Advento, as diferentes comunidades que frequentam a igreja de Nossa Senhora do Carmo vão-se reunir para a Festa de Natal da Paróquia, evento que este ano coincide com uma Festa da Lusofonia fora de tempo. «Vamos ter uma apresentação que vai mobilizar toda a comunidade. Vai coincidir com o Domingo da Festa da Lusofonia e a nossa comunidade de língua portuguesa também vai participar neste evento, provavelmente com uma apresentação de natureza musical», revelou o padre Eduardo Aguero. «Muito possivelmente vamos ver se o grupo que faz a apresentação de capoeira lá em baixo pode actuar também cá em cima. Muitas das crianças que frequentam a Catequese também fazem parte desse grupo de capoeira», acrescentou.
Para o mês de Dezembro está previsto um retiro espiritual de um dia, e várias outras iniciativas de natureza pastoral direccionadas para diferentes grupos de fiéis. «A preparação tem de se focar na vivência e na mensagem do Advento e traduzir-se na formação dos leigos, por um dia de retiro e de reflexão, para que eles se possam aproximar da mudança e da reconciliação. O Advento é também o tempo da Palavra de Deus e temos doze leitores que vão ser instituídos na sua missão na missa do próximo Domingo», salientou. «Temos também um grupo de estudos bíblicos, de leitura e de partilha da Bíblia, e vamos tentar organizar um encontro. Vamos ter ainda um convívio com os jovens que integram a Infância Missionária. Temos quinze jovens e com eles vamos partilhar a experiência que já possuem com as crianças. Estão todos muito entusiasmados, tanto os jovens como as crianças», disse.
FÉ E COMPROMISSO
Mais do que um prolongamento da Catequese após o Sacramento da Confirmação, a abordagem promovida pela Infância Missionária coloca as crianças e os jovens no foco da evangelização, educando-os no crescimento da fé. «No ano passado orientei a preparação para o Crisma. Trabalhei com um grupo de onze jovens. A determinada altura, disse-lhes que não queria de todo que se afastassem da vida da Igreja depois de receberem o Sacramento da Confirmação», contou o padre Eduardo Aguero. «Mas não basta dizer para continuarem. Têm de sentir que o percurso deles ainda não acabou. O projecto da Infância Missionária é muito bom, porque faz precisamente isso: exige que os jovens se comprometam com alguma coisa, com a orientação dos mais novos. Graças a Deus, houve mais alguns jovens que se juntaram a nós durante as férias de Verão».
O dinamismo que se faz sentir na paróquia de Nossa Senhora do Carmo não é, no entanto, exclusivo das gerações mais novas. O número de adultos que se aproximaram ou reaproximaram dos ensinamentos da Igreja aumentou de tal forma que os responsáveis pela acção pastoral em língua portuguesa da igreja do Carmo avançaram para a reinstituição do Catecumenato. «Asseguramos acompanhamento espiritual a alguns jovens e adultos que querem ser baptizados. Temos seis, sete pessoas, mas às vezes a catequese acaba quase por ser personalizada. Esta sexta-feira temos um casamento e o casal andou a preparar-se para este momento ao longo de cinco ou seis meses. Durante esse período não faltaram a um encontro. Temos outros que se estão a preparar para o Crisma, adultos que não se chegaram a receber o Sacramento da Confirmação. Mas também há quem se esteja a preparar para o Baptismo; há uma menina de anos, por exemplo. E uma outra jovem que foi baptizada no ano passado e que continua a frequentar a Catequese, porque diz que se sente acompanhada», concluiu o padre Eduardo Aguero.
Marco Carvalho