Homem e mulher, Deus os fez!
A ideologia de género exerce uma pressão cada vez maior na sociedade que está a dificultar cada vez mais os pais e as mães, e os educadores, na sua missão.
É bom recordar que a questão de género nasce de correntes feministas americanas que, com alguma razão, denunciavam que alguns aspectos tipicamente culturais, como a subordinação feminina nas sociedades patriarcais, fossem aceites como se fossem “naturais”. Depois aconteceu que de um excesso se passou para outro excesso, isto é, da pretensão ideológica de que tudo seja natural passou-se à reivindicação, também ideológica, de que tudo seja cultural. E de que não existe algum limite ou vínculo nesta questão a que tenha de se prestar contas. Chegou-se, então, à pretensão de fazer desaparecer a distinção sexual, impedindo que se reconheça o Ser Humano como homem e mulher.
Não podemos deixar que os adolescentes estejam sozinhos enquanto são bombardeados com mensagens perniciosas sobre a questão de género nas redes sociais, nas escolas, nos grupos desportivos, no grupo de colegas. Diz um provérbio africano que “para educar um filho é preciso uma aldeia”. Aqui reside precisamente a questão: só a harmonia entre o que é distinto pode gerar e educar. O Ser Humano não pode transformar a sua origem porque não decidiu quem é e o que é destinado a ser: a vida é-lhe oferecida com um corpo sexuado, chamado à fecundidade que acontece na diferença e na reciprocidade. Se os pais deixarem de educar os filhos segundo os critérios masculino e feminino, o resultado não será o respeito pela escolha em adulto do que quererá ser, mas uma grande confusão que o priva de coordenadas e referências para a sua vida. Aliás, a ausência ou o vazio no que diz respeito a valores nunca proporcionaram escolhas livres ou a liberdade.
Por isso, hoje, temos o grande desafio de trazer a reflexão sobre o género para um caminho de sentido existencial em vez de demonizar a questão em si, pois não se trata apenas de uma questão de revelação divina, mas também de natureza humana, conscientes de que a distinção sexual tem em si mesma uma profunda distinção relacional e é fundamento da família.
Porém este tempo também traz consigo a grande oportunidade de iluminar as raízes matrimoniais como um projecto de Deus para a Humanidade. E isto apenas será possível se esta identidade encontrar espaço na sociedade onde possa crescer em corpo e alma, homem e mulher, atingindo ao princípio da criação («Nunca lestes que o criador, desde o início, os fez homem e mulher?», Mt., 19,4). E isto não é regressar ao passado, é construir o futuro, pois a Palavra de Deus é sempre luz para os nossos passos que nos guiam pelos caminhos da vida.
São palavras inspiradoras e de grande responsabilidade estas que o Papa Francisco dirigiu aos noivos que se preparam para o matrimónio: «O matrimónio é também um trabalho para realizar em cada dia, poderia dizer um trabalho artesanal, uma obra de ourivesaria, uma vez que o marido tem a tarefa de fazer com que a sua esposa seja mais mulher, e a esposa tem o dever de fazer com que o marido seja mais homem. É preciso crescer também em humanidade, como homem e como mulher. É isto que deveis fazer entre vós. E isto chama-se crescer juntos» (Praça de São Pedro, 14-02-2014).
Hoje a família tem um grande desafio que é também o desafio sobre o futuro da Humanidade, que vai para além das várias conotações que se dão à família. O que verdadeiramente está em jogo é o destino da Humanidade. E parece que Deus colocou a Igreja neste tempo com uma missão e responsabilidade tão grandes quanto belas: estimular os casais, que todos os dias dizem entre si «com licença, obrigado, desculpa», de acordo com as palavras do Papa Francisco, a renovarem a sociedade.