Mensagem de Natal de D. Stephen Lee

PREPARAR O FUTURO COMEÇANDO PELOS JOVENS E PELA FAMÍLIA!

Nestes últimos dias do Advento, e à medida que no aproximamos do Natal, tudo nos fala desta festa: pelas ruas de Macau, além das coloridas luzes de Natal, também podemos observar cenas da Natividade e presépios meticulosamente decorados. Mesmo que se tenham tornado apenas mais uma decoração de natalícia, no entanto, e para nós cristãos, eles têm um significado muito especial. Estou muito feliz em saber que algumas organizações da nossa Diocese promoveram a feitura de presépios em casa ou a visitarem as cenas da Natividade nas várias Igrejas, a fim de apresentar mais uma vez o grande mistério da encarnação de Cristo. Tudo isto aviva a nossa esperança e prepara os nossos corações com uma enorme alegria à medida que nos aproximamos do Natal e o início do Ano Novo.

Eu acredito que já sabem que Sua Santidade, o Papa Francisco, decidiu convocar para Outubro de 2018 a 15ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, dedicada ao tema ‘Os jovens, a fé e o discernimento vocacional’. O coração do Santo Padre está atento e preocupa-se com o bem-estar da juventude, e em nome de Deus que é rico em misericórdia, convida os jovens a caminhar pelo caminho que Jesus Cristo lhes preparou, caminho esse cheio de bondade.

Todos ainda se lembram das graças abundantes que o Ano da Misericórdia trouxe para a Igreja, e nesse ano fiz um apelo à nossa Diocese para promover a “Cultura da Misericórdia” de que o Papa Francisco falou (cf. Carta Apostólica ‘Misericordia et misera’, 20). Nessa altura salientei de modo particular reconhecer a importância e a prática do sacramento da reconciliação. Espero que, no próximo ano, possamos continuar a aprofundar esta «Cultura da Misericórdia» e estender esta preocupação aos jovens. Precisamos de promover a renovação da família e esforçamos-nos em abordar as diversas preocupações, necessidades, problemas e feridas da juventude. O mundo de hoje está a assistir a muitas mudanças e problemas que não são fáceis de resolver. Como diz o Santo Padre: «A nós, adultos, custa-nos a ouvi-los com paciência, compreender as suas preocupações ou as suas reivindicações, e aprender a falar-lhes na linguagem que eles entendem.» (Evangelii Gaudium, 105).

Na verdade, no ano passado, em Amoris Laetitia, o Papa Francisco já havia reiterado a necessidade de proteger a integridade da família, dando passos graduais na reconciliação e na comunhão: aceitando os idosos e ouvindo os jovens. «A falta de memória histórica é um defeito grave da nossa sociedade… Conhecer e ser capaz de tomar posição perante os acontecimentos passados é a única possibilidade de construir um futuro que tenha sentido. Não se pode educar sem memória… As histórias dos idosos fazem muito bem às crianças e aos jovens, porque os ligam à história vivida tanto pela família como pela vizinhança e o país… mas uma família que recorda é uma família com futuro.» ( Exortação Apostólica pós-sinodal Amoris Lætitia sobre o Amor na Família, 193).

Olhando para os jovens, o Santo Padre diz-nos para evitar uma obsessão excessiva ‘tendenciosa’ acerca da juventude e ouvir as necessidades espirituais dos mais novos e assim ensiná-los a discernir. O Papa diz: «A obsessão, porém, não é educativa… Se um progenitor está obcecado com saber onde está o seu filho e controlar todos os seus movimentos, procurará apenas dominar o seu espaço. Mas, desta forma, não o educará, não o reforçará, não o preparará para enfrentar os desafios. O que interessa acima de tudo é gerar no filho, com muito amor, processos de amadurecimento da sua liberdade, de preparação, de crescimento integral, de cultivo da autêntica autonomia. Só assim este filho terá em si mesmo os elementos de que precisa para saber defender-se e agir com inteligência e cautela em circunstâncias difíceis. Assim, a grande questão não é onde está fisicamente o filho, com quem está neste momento, mas onde se encontra em sentido existencial, onde está posicionado do ponto de vista das suas convicções, dos seus objectivos, dos seus desejos, do seu projecto de vida. Por isso, eis as perguntas que faço aos pais: “Procuramos compreender ‘onde’ os filhos verdadeiramente estão no seu caminho? Sabemos onde está realmente a sua alma? E, sobretudo, queremos sabê-lo?”» (Amoris Lætitia 261)

Meus queridos jovens: «Um mundo melhor pode ser construído também como resultado dos vossos esforços, dos vossos desejos de mudar e da vossa generosidade» (Carta aos Jovens, 2017) Se vós quereis mudar o mundo, começai a partir da vossa própria vida, da vossa própria família. Vós, como o Papa aconselha, arranjais tempo para visitar os avós? Vós preocupais-vos em saber se os membros da vossa família estão felizes hoje? Encontrais tempo para estar com eles? Da mesma forma, os pais devem investir tempo nos seus filhos, por amor, apesar dos horários de trabalho pesados. Eu acredito que um bom exemplo ajuda os jovens a mudar os seus valores e a adquirir um comportamento mais sólido e estável.

Baseado nestas observações, no trabalho pastoral deste ano, exorto todos os grupos e instituições pastorais da Diocese, incluindo Paróquias, Comissões, Associações, Centros Pastorais, Ordens Religiosas e Congregações a fazer crescer «uma cultura da misericórdia: a reconciliação e a comunhão da juventude e da família». Convido os jovens e as suas famílias a organizar e discutir actividades relacionadas com este tema, unindo as nossas mãos para promover uma cultura de misericórdia, caridade e alegria.

Imploro ardentemente a intercessão de nossa Mãe Maria de Nazaré, que Deus muito amou, e rezo para que a alegria, a paz e a bênção de Nosso Senhor Jesus Cristo desçam sobre vós neste Natal e no Ano Novo de 2018.

D. Stephen Lee

Bispo de Macau

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