Rejuvenescer na fé e na esperança
Durante vários séculos, a Igreja Católica dedicou todo o mês de Maio à Virgem Maria, Mãe de Deus. Num período anterior ao Século XII, entrou em vigor a tradição do Tricesimumou “a devoção de trinta dias a Maria”. Mas foi somente no Século XVII – Período Barroco – que Maio e a Virgem se uniram. O dia 1 de Maio era considerado como o apogeu da Primavera. Deste modo, em cada início primaveril, fiéis católicos de todo o mundo recorrem a Maria Santíssima com maior fervor e devoção diária; um rejuvenescer na fé e esperança, em união a Cristo, pelas mãos da Bem-aventurada Virgem Maria.
Apesar de nem sempre ter sido celebrado em Maio, o mês de Maria incluía inúmeros exercícios espirituais diários em homenagem à Mãe de Deus. Desde a época em que Maio e Maria se uniram, este mês conta com devoções próprias, praticadas até hoje.
As formas pelas quais Maria é honrada em Maio são tão variadas como as pessoas que a honram no mundo inteiro. Neste mês, as paróquias costumam rezar a oração diária do Terço (Santo Rosário) com maior fervor e muitas preparam um altar especial com um quadro ou uma imagem de Nossa Senhora. Também há a tradição de encenar a sua coroação – um costume conhecido como Coroação de Maio. Normalmente, a coroa é feita de flores que representam a beleza e as virtudes de Maria.
No entanto, os altares e as coroações não são apenas actividades “de paróquia”, o mesmo acontecendo em muitos lares. O lugar especial que Maria Santíssima ocupa em cada casa e no coração dos fiéis, vai muito além de uma tradição comemorada há vários anos pela Igreja e das graças especiais que se podem dela alcançar. Maria é Mãe do Senhor e de cada um, Mãe da Igreja por quem vela; merecedora de todos os cuidados e devoção.
O costume de se recorrer à Virgem Santíssima vem do tempo de Jesus e da Igreja primitiva. A oração mariana mais antiga de que se tem conhecimento, Sub tuum praesidium(À vossa protecção), foi encontrada no Egipto em 1927, num fragmento de papiro datado do Século III. Ali está escrito: “À vossa protecção recorremos Santa Mãe de Deus. Não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades, mas livrai-nos sempre de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita!”.
Este ano, segundo um forte desejo do Santo Padre, o mês de Maio é dedicado a uma “maratona” de oração para invocar o fim da pandemia, que aflige o mundo há mais de um ano. Deste modo, o Papa Francisco quis envolver todos os Santuários do mundo, assim como os “santuários” domésticos de cada católico, para que sejam instrumentos orantes de toda a Igreja. A iniciativa está a ser realizada à luz da passagem bíblica: «De toda a Igreja subia incessantemente a oração a Deus» (Actos, 12:5).
Ontem, 13 de Maio, foi o dia do Santuário de Fátima, em Portugal, com a intenção das orações pelos encarcerados. Hoje é a vez do Santuário de Nossa Senhora da Saúde em Velankanni, na Índia, pelos cientistas e institutos de pesquisa médica.
A BARCA DA IGREJA EM MAR TEMPESTUOSO
Pedro K. Iwashita, doutor em Teologia, num dos seus artigos, expõe de uma forma “poética” a peregrinação da barca da Igreja, da qual Nossa Senhora é Mãe: “Ela é fundamentalmente do além, sempre em viagem, em direcção a uma pátria ainda não alcançada… essa viagem vai sobre o ‘mar do mundo’, portanto sobre um elemento hostil e perigoso para o navio, que é pequeno e de madeira…”.
Esta imagem lembra-nos um dos sonhos proféticos de São João Bosco, que viu a barca da Igreja no meio de uma grande tempestade, abatida por ondas encapeladas e um vento terrível. Na frente da barca estava o Papa, governando-a. Atrás dele estava a Cristandade que enfrentava a tempestade. Dom Bosco observou que o Papa conduzia a barca em direcção a duas enormes colunas. Em cima da coluna menor estava a imagem de Nossa Senhora e na base desta a inscrição: Auxilium Christianorum(Auxiliadora dos Cristãos). Já em cima da coluna mais alta estava a Eucaristia e na base: Salus credentium(Salvação dos que crêem). Quando a barca da Igreja se posicionou no meio das duas colunas passou a estar protegida da tempestade e de um possível (mais do que provável) naufrágio.
FÁTIMA: PEREGRINAÇÕES ANIVERSÁRIAS
No passado mês de Abril, o Santuário de Fátima anunciou que as três principais peregrinações internacionais aniversárias – Maio, Agosto e Outubro – vão ser este ano presididas pelos cardeais D. José Tolentino Mendonça, em Maio; D. Jean-Claude Hollerich, arcebispo e cardeal do Luxemburgo, em Agosto; e D. Sérgio da Rocha, arcebispo de Salvador da Baia e primaz do Brasil, em Outubro.
Ontem, entre outros considerandos, o cardeal português D. José Tolentino Mendonça recordou o primeiro encontro da Mãe de Deus com os pastorinhos na Cova da Iria, em 1917. No livro “Memórias da irmã Lúcia” encontramos relatado o diálogo que se deu no encontro entre o Céu e a terra. Os pastorinhos tiveram uma profunda experiência celestial, tocados pelo amor de Deus e da Virgem Maria. A partir dali, ficaram capacitados para uma entrega total a Deus e a Nossa Senhora.
Lúcia recorda que naquele dia (13 de Maio) a Senhora abriu as mãos pela primeira vez, “comunicando-nos uma luz tão intensa, como que reflexo que delas expedia, que penetrando-nos no peito e no mais íntimo da alma, fazendo-nos ver a nós mesmos em Deus, que era essa luz, mais claramente que nos vemos no melhor dos espelhos. Então por um impulso íntimo também comunicado, caímos de joelhos e repetíamos intimamente: Ó Santíssima Trindade, eu vos adoro. Meu Deus, meu Deus, eu Vos amo no Santíssimo Sacramento”. Nossa Senhora terá acrescentado: “Rezem o Terço todos os dias, para alcançarem a paz para o mundo e o fim da guerra”.
A 13 de Maio de 1982, o Papa João Paulo II, na qualidade de peregrino em Fátima, um ano após o atentado de que fora alvo na Praça de São Pedro, disse a respeito da mensagem transmitida pela Virgem Maria a Jacinta, Francisco e Lúcia: «Se a Igreja acolheu a mensagem de Fátima, foi sobretudo porque ela contém uma verdade e uma chamada que, no seu conteúdo fundamental, são a verdade e a chamada do próprio Evangelho».
Neste mês de Maria Santíssima, orações e súplicas com o Terço nas mãos sobem ao Céu, ao encontro da “Medianeira de todas as Graças”. O Santo Rosário é a oração que Nossa Senhora nos deu por São Domingos de Gusmão, no Século XII, como a “arma de combate espiritual” que tanto lhe agrada, tendo-o demonstrado em muitas das suas aparições; não só pedindo, mas até rezando-o nas suas mãos com os videntes como o fez com Santa Bernadette Soubirous em Lourdes (França).
São Padre Pio tinha um amor profundo à Virgem Maria que via desde criança. Ele deixou-nos um forte apelo: «Amai Nossa Senhora e tornai-a amada».
À vossa protecção recorremos, Santa Mãe de Deus, não desprezeis as nossas súplicas.
Miguel Augusto
com ACI Digital, Vatican News e Santuário de Fátima