José de Carvalho e Rêgo (1928-2017)

Mais um que nos deixa.

José de Carvalho e Rêgo, um dos fundadores d’O CLARIM, faleceu na manhã da passada sexta-feira no Hospital Conde de São Januário, vitima de insuficiência respiratória devido a complicações de saúde. Tinha 88 anos de idade.

Homem de rara inteligência, a quem a vida não foi favorável, é assim que o conceituado advogado Pedro Redinha lembrou «o amigo», que também foi jornalista.

A este propósito, recordou: «Tendo-lhe dado uma entrevista, a pedido da Secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, ao tempo, em 1991, lembro-me que causei alguns embaraços, atento o cargo que então exercia de assessor da governação local, quando, respondendo a uma pergunta que me formulou, afirmei que “a fórmula um país dois sistemas me apaixonava de um ponto de vista da praxis social, mas deixava-me dúvidas de um ponto de vista político”, o que não foi bem acolhido pelos meus superiores e levou a libertar-me das malhas da função pública pouco tempo decorrido, dado o valor da liberdade de pensamento e sua expressão que sempre me dominaram».

E como definir José de Carvalho e Rêgo? «Defino-o como um homem de rara inteligência, por ter sido a sua característica mais marcante, [mas] a quem a vida não foi favorável por falta de meios económicos. Um Homem abandonado pela vida e que enfrentou sérias dificuldades financeiras que, pessoalmente, como outros (poucos) amigos, me esforcei por atenuar até onde me (nos) foi possível», testemunhou Pedro Redinha.

«Tentou várias ajudas de diferentes instituições públicas e privadas para aquilo que eram as suas mais elementares necessidades na última fase da sua vida, mas todas as portas se lhe fecharam e as suas inúmeras cartas que expediu a pedir ajuda nunca foram respondidas, tanto quanto me foi por ele transmitido, e que era um tema recorrente das nossas conversas sempre que o visitava. Excepto a minha [ajuda], e família à parte, obviamente uma família de rara devoção», assinalou.

«Sempre lhe reconheci, realmente, uma inteligência superior e com ele convivi com muito prazer intelectual nos últimos anos sempre que me era possível visitá-lo, nomeadamente como seu advogado em distintas causas, que muito me prezo de ter sido», concluiu Pedro Redinha.

A missa de corpo presente realizou-se no Domingo, na capela do Canídromo. A cremação decorreu na manhã seguinte na cidade de Zhuhai.

PEDRO DANIEL OLIVEIRA

pedrodanielhk@hotmail.com

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