Tempos difíceis sob Diocleciano: Marcelino, Marcelo I, Eusébio
SÃO MARCELINO
(30.VI.296 – 25.X.304)
Quando Marcelino, romano, foi eleito 29.º Papa, o imperador Diocleciano, influenciado pela mulher, Prisca, e pela filha, Valéria, era ainda tolerante em relação ao Cristianismo. Neste período, assistiu-se ao crescimento do Cristianismo, o que provocou uma reacção entre os pagãos, liderada por César Galério. (“César” era um título dado a um herdeiro aparente, ou seja, uma pessoa que é a primeira numa ordem de sucessão e não pode ser destituída da herança pelo nascimento de outra pessoa).
Galério instou o imperador a fazer alguma coisa. Diocleciano começou por confiscar igrejas e destruir textos sagrados. Mas a sua cólera foi provocada quando um cristão rasgou precipitadamente o édito imperial e deflagraram dois incêndios no palácio do imperador. Diocleciano ordenou então a destruição dos arquivos papais. Felizmente, os cristãos bloquearam a entrada das Catacumbas de Calisto, salvando-as assim da profanação. Foi a perseguição mais feroz de sempre. Entre os mártires deste período contam-se Santa Inês, Santa Luzia e São Sebastião.
Algumas pessoas acusaram o Papa de entregar os livros sagrados e de oferecer sacrifícios aos deuses. O Liber Pontificalis diz que se arrependeu e foi martirizado. Santo Agostinho, porém, nega claramente tanto a acusação como a afirmação de que foi martirizado. O que é certo é que São Marcelino morreu como confessor da fé, em 304.
SÃO MARCELO I
(27.V.308 – 16.I.309)
A perseguição de Diocleciano foi tão violenta que deixou a organização da Igreja em desordem. Só quatro anos depois da morte de São Marcelino é que foi possível eleger o novo Pontífice Romano, Marcelo.
O seu primeiro desafio foi restaurar a ordem na Igreja. Entre as coisas que fez foi decretar “que não se podia realizar um Concílio sem a autorização do Papa” (Caporilli, Os Pontífices Romanos). Além disso, “estabeleceu um cemitério na Via Salária e nomeou 25 igrejas ‘de título’ como jurisdições dentro da cidade de Roma, para providenciar o baptismo e a penitência para os muitos que se convertiam entre os pagãos e o enterro para os mártires” (Liber Pontificalis).
O segundo desafio veio dos fiéis que se haviam afastado. Na perseguição de Décio (ver GUARDIÕES DAS CHAVES n.º 18), o Papa Cornélio teve de enfrentar os rigoristas, que insistiam que os apóstatas não podiam ser perdoados. Mas o Santo Padre decretou que podiam ser readmitidos na comunhão com a Igreja, desde que fizessem penitência.
O Papa Marcelo teve de enfrentar outro tipo de desafio. Seguiu o ensinamento do Papa Cornélio, mas descobriu que os cristãos afastados, embora desejassem ser readmitidos na comunhão da Igreja, não estavam tão dispostos a fazer penitência. De facto, resistiam ao apelo à penitência, ao ponto de provocarem lutas e derramamento de sangue. O imperador da época, Maxêncio, pensou que o Papa estava por detrás de todos os problemas e mandou-o exilar. São Marcelo morreu no exílio e é venerado como mártir. As suas relíquias encontram-se sob o altar de São Marcelo al Corso, em Roma.
SÃO EUSÉBIO
(18.IV.309 – 17.VIII.309)
Um sacerdote grego, Eusébio, sucedeu a Marcelo.
Herdou os problemas com que se debatia o Pontífice anterior. O Papa Eusébio manteve a firmeza, por um lado, e a clemência, por outro. Prosseguiu a política de Cornélio e de Marcelo, mas o problema agravou-se ao ponto de os protestantes escolherem um antipapa chamado Heráclio, levando assim a Igreja à beira do cisma.
Mais uma vez, o imperador Maxêncio interveio e, desta vez, exilou tanto o Papa como o antipapa.
O Papa Eusébio foi enviado para a Sicília, onde sofreu o martírio. Os seus restos mortais foram sepultados nas Catacumbas de Calisto.
Pe. José Mario Mandía
LEGENDA: Papa Marcelo I