GRUPO DAS PARÓQUIAS DO CARMO E DA SÉ RUMA AO ARQUIPÉLAGO NO MÊS DE JUNHO

GRUPO DAS PARÓQUIAS DO CARMO E DA SÉ RUMA AO ARQUIPÉLAGO NO MÊS DE JUNHO

Missão juvenil em Cabo Verde

Um grupo de oito jovens das paróquias de Nossa Senhora do Carmo e da Sé Catedral vai embarcar, este Verão, rumo a Cabo Verde, para um compromisso inédito. Liderados pelo padre Eduardo Emilio Agüero, SCJ, os jovens irão participar numa missão pastoral, que tem como destino a ilha de Santo Antão. Há pouco mais de uma década, esta era a ilha mais pobre do “arquipélago da Morabeza”.

Promovida pela pastoral de língua portuguesa das paróquias de Nossa Senhora do Carmo e da Sé Catedral, a missão tem como objectivo principal descobrir outras comunidades lusófonas e, por meio de actividades evangelizadoras, promover a partilha da fé.

Segundo o padre Eduardo, os jovens de Macau partem para Cabo Verde com a missão de dar a conhecer Jesus, mas também aprofundar a forma como vivem e interiorizam a Palavra de Deus. «O Crisma é o sacramento da missão. É preciso salientar isso. Mas, mais do que falar da missão, é fundamental concretizar a missão. Os jovens de Macau têm alguma coisa para oferecer e os jovens de Cabo Verde terão alguma coisa para dar em troca, para nos oferecer também», começa por explicar o sacerdote dehoniano, em declarações a’O CLARIM, acrescentando: «Há enriquecimento mútuo entre nós, mas a nossa missão é uma missão de Evangelização. O que quer isto dizer? Que não vamos levar Jesus, mas vamos encontrar Jesus lá. Possivelmente, as pessoas de Cabo Verde têm também muita fé. Se calhar, até mais do que nós. Vamos partilhar. A missão é exactamente essa: partilhar a fé».

Um grupo de cinco jovens e dois adultos, entre os quais o próprio padre Eduardo, parte para Lisboa a 28 de Junho. Na capital portuguesa, a missão é reforçada com três outros jovens paroquianos da igreja de Nossa Senhora do Carmo, que se encontram a estudar em Portugal. A 30 de Junho, o grupo embarca para Cabo Verde para uma missão pastoral e de evangelização que se vai prolongar por quinze dias. «Saímos de Lisboa para a Praia, via Açores. Vamos pelos Açores porque é mais barato. Vamos conhecer um pouco os Açores e depois seguimos para a cidade da Praia, e da Praia vamos para Santo Antão», detalha o padre Eduardo.

Questionado sobre o motivo por detrás da missão, o vigário paroquial responde: «A missão é a vida da Igreja. Posso falar-lhes muito, muito, muito da missão, mas se eles não forem lá, se não forem ao terreno, nunca vão saber o que é a missão».

REGRESSO A CASA COM CRISTO COMO GUIA – Para Dúnia Rocha e Samira Neves, a missão a Cabo Verde pauta um regresso a casa, ainda que engrandecido pelo desígnio de partilharam a fé católica num país que conhecem bem. As duas jovens têm raízes familiares no pequeno arquipélago atlântico e partem para Santo Antão apostadas em dar a conhecer a Palavra de Deus junto dos jovens locais e em contrariar uma tendência que também se começa a fazer notar no seio da Igreja em Cabo Verde. «Acho que o aspecto mais importante é mesmo esse de partilhar a fé e, nessa partilha, tentar alcançar o maior número de jovens possível. Sabemos que actualmente, na comunidade católica, são cada vez menos os jovens que participam activamente na vida da Igreja», lembra Dúnia. «O facto de sermos jovens e de eles poderem ver que há jovens como eles, que ali estão prontos a partilhar a Palavra de Deus, talvez isso possa funcionar como um incentivo, como algo que os convença a regressarem à Igreja, a seguirem as Escrituras e a estarem mais activos na comunidade», complementa a jovem de vinte anos de idade.

Natural de Santo Antão, Samira Neves confirma o panorama traçado por Dúnia Rocha. O fenómeno, sustenta a jovem de 21 anos, é particularmente evidente nos anos da adolescência, provavelmente devido ao impacto das redes sociais. «Há um certo número de jovens que se mantêm activos, mas a tendência é uma tendência de recuo. É bastante notável que os jovens estão a aderir menos à Igreja, talvez por causa do impacto das redes sociais ou pelo facto de os jovens não sentirem a necessidade de se relacionarem com a religião. Acho que este é um desafio não apenas em Cabo Verde, mas em muitos outros lugares do mundo. É bastante notável o afastamento dos jovens em relação à religião, principalmente os que estão na faixa etária compreendida entre os treze e os dezoito anos», afirma.

Durante os quinze dias em que vai servir de anfitriã aos companheiros de missão, Samira quer dar a conhecer todos os recantos da sua ilha-natal, sem ainda assim perder de vista os objectivos que norteiam o “regresso” a casa. A missão de partilhar a fé e a Palavra de Deus obriga à adopção de diferentes estratégias, num território em que os contrastes são muitos. «Temos em mente conduzir actividades que sejam suficientemente atractivas para chamar os jovens. Santo Antão é uma ilha, em grande medida, rural. Tem três cidades que estão um tanto ou quanto afastadas umas das outras. Se tivermos a oportunidade de visitar as três cidades e de apostar em diferentes tipos de abordagens nas diferentes cidades, acho que seria bom», defende.

A título de exemplo, Samira refere: «A cidade de Porto Novo é a que está mais perto da ilha de São Vicente e as pessoas, parece-me, estão um tanto ou quanto mais afastadas da Igreja do que nas outras cidades. As outras cidades já estão mais isoladas e ali a Igreja talvez possa ter mais força em termos de jovens que apoiam a Igreja. A perspectiva é a de tentar chamar a atenção das três cidades, se tivermos a oportunidade de passar pelas três».

Se para Dúnia Rocha e Samira Neves, a deslocação a Santo Antão abre as portas a uma vivência mais completa da fé, para Vitória Sousa a missão de Cabo Verde constitui uma oportunidade de descoberta a todos os níveis. A jovem macaense vai receber o Sacramento da Confirmação (Crisma) na Festividade de Pentecostes, a 19 de Maio. Menos de um mês e meio depois, embarca para uma aventura que, acredita, pode reforçar mais ainda a ligação que mantém a Deus. «Estou muito entusiasmada. Esta missão vai permitir que eu conheça uma nova cultura, que cresça como pessoa. Ainda sou jovem e acredito que esta viagem me vai fazer muito bem, na medida que eu posso partilhar a Palavra de Deus com pessoas que não conheço», sublinha. «Vou desenvolver-me como pessoa e vou conhecer mais o mundo. Vou para um continente ao qual nunca fui. Vou viajar sem os meus pais. Acho que é algo que me vai ajudar, vai reforçar a minha conexão com Deus», remata a jovem macaense, de apenas quinze anos de idade.

Marco Carvalho

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