Fórmula 1 – Época de 2017

Hamilton ganha… se Vettel for sétimo

Este fim de semana disputa-se o Grande Prémio dos Estados Unidos, no Circuito das Américas, mais um nome pomposo para um autódromo. Quando se sabe que nos “States” há mais circuitos para corridas de desportos motorizados do que campos de futebol, baptizar uma pista de Circuito das Américas é, no mínimo, extravagante. Este traçado, relativamente novo, inaugurado em 2012, é do agrado de todos (ou de quase todos) os pilotos e pessoal das equipas. Como já vem sendo hábito, foi desenhado por Hermann Tilke, desta vez com a colaboração de arquitectos locais. O aproveitamento das especificidades do terreno fá-lo ser um desafio constante para os pilotos.

A corrida, disputada no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio, começa com uma subida algo agressiva, seguida de um gancho de baixa velocidade. Os desenhadores aproveitaram alguns bons pormenores de outras pistas, como Silverstone (Reino Unido), de onde foi replicado o troço Maggots-Becketts; Hockenheim (Alemanha), onde o estádio foi “transportado” para Austin; e o Circuito de Istambul (Turquia), de onde se inspiraram para o parque e o troço entre as curvas 16 e 18.

Mas se o Grande Prémio dos Estados Unidos é hoje disputado num recinto construído de raiz, que pode albergar qualquer tipo de desporto motorizado, nem sempre foi assim. De facto, a Fórmula 1, dado ser um “corpo estranho” nos Estados Unidos, faz com que o público não veja com bons olhos esta categoria. Os americanos preferem os “stock cars” da NASCAR (National Association for Stock Car Auto Racing) ou os sport protótipos da IMSA (International Motor Sports Association), em que a acção é contínua e (muito) violenta. Por esta razão a Fórmula 1, nos Estados Unidos, aparece e desaparece com grande frequência, embora as corridas de “Grand Prix” tenham lugar em “terras do Tio Sam” desde 1908, com passagem por 47 circuitos diferentes. Os mais recentes foram Sebring (1959), Riverside (1960) e Watkins Glen (1961-1970 sem a chicana, e 1974-1980 com a nova variante). Entre 1989 e 1991 o Circo foi para o deserto de Phoenix, onde as elevadas temperaturas, que rondavam os 45 graus centígrados acabaram por determinar o seu abandono, não sem que Ayrton Senna e Alain Prost tivessem levado para casa o troféu de vencedor. A organização ainda tentou um novo circuito urbano, mas as temperaturas não cederam e o Grande Prémio deixou de fazer parte do calendário.

Em 2000 foi a vez de Indianápolis. Foi proposto um traçado que usava parte da pista oval e parte do espaço interior do autódromo. Até 2004 não houve grandes problemas. Já 2005 foi um desastre completo. As sete equipas que corriam com pneus Michelin – Renault, McLaren, Williams, Bar, Toyota, Sauber e Red Bull – foram aconselhadas a não participar na corrida, depois dos pneus traseiros de vários carros terem explodido na entrada para a pista oval. A prova esteve para ser suspensa, mas a pressão das duas marcas italianas Ferrari e Minardi fez com que a corrida se efectuasse. Com apenas três equipas (seis carros) e pneus Bridgestone, que também “calçava” a Jordan, o resultado foi um fiasco. Os Ferrari vencerem folgadamente, com o terceiro lugar a ficar para o Jordan de Tiago Monteiro. Os problemas levantados pela FIA e pelos representantes legais dos espectadores mataram a Fórmula 1 nos Estados Unidos… até à chegada do Circuito das Américas.

Esta semana o tricampeão do mundo de pilotos Niki Lauda, hoje director não-executivo da Mercedes Benz na Fórmula 1, veio a público falar um pouco sobre a rivalidade entre Lewis Hamilton e Nico Rosberg. Se no princípio fôra aceite como natural entre dois pilotos da mesma equipa que lutavam pelo campeonato, a agressividade de ambos foi subindo de tom e o resultado foi a perda de (muitos) preciosos pontos, por não terminarem as corridas, ou por terminarem em posições inferiores. Se bem que uma grande parte dos espectadores gostasse dessas “picardias”, a direcção da Mercedes não gostou. O incidente no Grande Prémio de Espanha em 2016 quase acabou no despedimento dos dois pilotos. A Mercedes acabou por advertir Hamilton e Rosberg, limitando-lhes a liberdade de movimentos. Ao sabermos disto, ficamos agora com uma estranha impressão depois da saída extemporânea do piloto alemão no final do campeonato do ano passado.

Austin tem uma diferença horária de menos treze horas que Macau. Quando forem 8 horas e 30 da manhã em Austin serão 9 horas e 30 da noite em Macau. A agenda do Grande Prémio dos Estados Unidos está assim escalonada: Treinos livres 1, hoje, 10 horas – 11 horas e 30; treinos livres 2, hoje, 14 horas – 15 horas e 30; treinos livres 3, sábado, 11 horas – 12 horas. Provas de qualificação: Sábado, 16 horas – 17 horas. Corrida: Domingo, 14 horas – 16 horas. A meteorologia local prevê trovoadas e chuva para sexta e sábado, e trovoadas dispersas e chuva esporádica para Domingo. As temperaturas oscilaram entre os 29 e os 14 graus centígrados.

Manuel dos Santos

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