Papa critica sociedade do século XXI
O Papa salientou, na passada terça-feira, Dia Mundial da Alimentação, a necessidade de “redobrar esforços” no apoio a milhões de pessoas a quem hoje falta, “em quantidade e qualidade, o alimento necessário”.
Numa mensagem enviada ao director-geral da organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), José Graziano da Silva, e divulgada pela Santa Sé, Francisco realça que “este não pode ser simplesmente mais um dia” no calendário para “recolher informações ou satisfazer a curiosidade”.
“Infelizmente, não cessa de aumentar o número imenso de seres humanos que não têm nada, ou quase nada, para levar à boca”, alerta o Papa argentino, para quem é “urgente” chamar “à responsabilidade todos os actores” que têm o poder de mudar este contexto, e que não se podem deixar cair no “torpor que paralisa e inibe”.
Só assim será possível cumprir com “os objectivos da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”, e passar a mensagem de que “um mundo com Fome Zero é possível”, refere.
De acordo com os últimos dados da FAO, actualmente cerca de 800 milhões de pessoas sofrem de subnutrição crónica motivada pela falta de uma alimentação adequada.
Números que, para o Papa, devem fazer “corar de vergonha” esta sociedade do “século XXI que, apesar dos avanços consideráveis nos campos da tecnologia, da ciência, das comunicações e infraestruturas”, ainda não conseguiu obter “idênticos avanços em humanidade e solidariedade”.
“De nós, os pobres esperam uma ajuda eficaz que os tire da sua prostração, e não meros propósitos ou convénios que, depois de estudar detalhadamente as causas da sua miséria, tenham como único resultado a celebração de eventos solenes, compromissos que nunca se concretizam ou vistosas publicações destinadas a engrossar os catálogos das bibliotecas”, frisa Francisco.
O Papa argentino desafia os países e organismos internacionais a irem “mais longe” na implementação de “políticas de cooperação no desenvolvimento”, no respeito pelos recursos naturais, na distribuição equitativa dos alimentos, no combate ao desperdício e ainda no empenho pela pacificação do mundo, que está na base de todos os problemas.
In ECCLESIA