Fiéis de Hong Kong, Estados Unidos e Reino Unido escreveram carta aberta aos Bispos de todo o Mundo

Só a “Pedro” o direito de governar a Igreja.

Um grupo de quinze católicos composto por professores universitários, docentes, investigadores, activistas de Direitos Humanos e advogados de Hong Kong, dos Estados Unidos e do Reino Unido refere, numa carta aberta dirigida às conferências episcopais de todo o mundo, que está “profundamente chocado e desapontado” com as notícias sobre o possível acordo entre a Santa Sé e a República Popular da China para a nomeação de bispos, bem como para o reconhecimento de sete “bispos” ilegítimos.

“De acordo com os ensinamentos da Igreja, os bispos são os sucessores dos apóstolos, com deveres de liderar e cuidar do rebanho. […] Todos os bispos devem, portanto, ser nomeados pelo sucessor de Pedro – o Santo Padre, o Papa. Devem ser homens de princípios morais e sabedoria. Os Governos não devem desempenhar qualquer papel no processo de selecção”, sustenta a carta aberta.

Todavia – segundo a missiva – sete “bispos” ilegítimos foram nomeados pelo Papa, sendo a integridade moral de todos eles questionável. “Não têm a confiança dos fiéis e nunca se arrependeram publicamente. Se fossem reconhecidos como legítimos, os fiéis na Grande China seriam mergulhados na confusão e dor, e o cisma seria criado na Igreja na China”, menciona o documento, que também critica a liderança de Xi Jinping quanto à liberdade e perseguição religiosa no continente chinês.

A’O CLARIM, o bispo auxiliar da diocese de Hong Kong, D. Joseph Ha, disse que «a China é enorme», razão pela qual «a situação varia de lugar para lugar, dependendo das autoridades locais».

Já sobre a forma como lidar com o Governo chinês, frisou que «não é necessário ir aos extremos», acrescentando que «antes de tudo é preciso ouvir as diferentes opiniões» no seio da Igreja, dado que «a realidade é mais complicada do que se vê nas manchetes dos jornais ou nos blogues».

Convicto que o novo acordo não será desvantajoso para a Igreja na China, D. Joseph Ha avançou que «há boas razões» para se pensar assim, até porque «se a Igreja não arriscar, também não sabe como poderá avançar».

«Julgo que a Santa Sé não iria fazer algo para sacrificar os interesses da Igreja na China só para agradar ao Governo. Em todas as negociações, certamente, há ganhos e perdas de ambos os lados. Julgo que a Santa Sé não correrá o risco de deitar tudo a perder», vincou.

O consenso entre o Vaticano e a RPC já havia sido noticiado em Fevereiro do ano passado, tendo na ocasião o então bispo de Hong Kong, D. John Tong, referido que a partir daquele momento não iria haver mais crises em termos de divisões entre as comunidades oficiais e clandestinas da Igreja na China, mostrando-se optimista em relação à gradual reconciliação e comunhão, nos aspectos legais, nos cuidados pastorais e nas relações entre as partes.

PEDRO DANIEL OLIVEIRA

pedrodanielhk@hotmail.com

 

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