Domingo, 24 Junho, celebra-se a Natividade de São João Baptista

«Uma voz clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor».

Este ano, curiosamente, celebra-se no Domingo (dia do Senhor) a natividade de São João Baptista. Ao lado de Jesus e de Nossa Senhora, é o único santo celebrado no dia do seu nascimento. Uma figura singular da nossa fé e do testemunho cristão. Era um homem com uma missão e bênção específicas, dadas por Deus desde a sua concepção “milagrosa”, no ventre da sua mãe Isabel, idosa e estéril. João apareceu como ponto de encontro entre os dois Testamentos – as duas alianças. Profetizado no Antigo (AT) é descrito no Novo (NT) pelos quatro evangelistas, que dão luz aos momentos cruciais da sua vida e ministério.

O Evangelho de São Marcos destaca a importância da figura de João Baptista, começando a sua narrativa com a profecia e o anúncio: «Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus. Conforme está escrito no profeta Isaías: Eis que envio à tua frente o meu mensageiro, a fim de preparar o teu caminho. Uma voz clama no deserto: “Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas” João Baptista apareceu no deserto, a pregar um baptismo de arrependimento para a remissão dos pecados» (Mc., 1:1-4).

No Evangelho de Lucas encontramos a descrição de como o anjo anunciou a Zacarias que iria ser pai de João Baptista, e que este seria grande aos olhos do Senhor, pois Deus tinha escutado as suas orações (Lc., 1:5-17).

João – cujo nome significa “Agraciado por Deus” – foi santificado pela graça divina, antes mesmo que os seus olhos se abrissem à luz. Por ocasião da visita de Maria à prima Isabel, João – ainda no ventre de sua mãe – percebendo a presença de Jesus, estremeceu de alegria no ventre materno (Lc., 1:44). Conforme a cronologia sugerida pelo Anjo Gabriel (este é o sexto mês para Isabel), o nascimento do precursor foi fixado pela Igreja latina, três meses após a Anunciação à Virgem Santíssima e seis meses antes do Natal.

João pregou um baptismo de conversão para todo o povo de Israel. A sua missão foi semelhante “no espírito e no poder” à do profeta Elias, enviado para preparar “um povo perfeito” para o advento do Messias. O evangelista São Mateus narra com detalhe o propósito e mensagem de João (Mt., 3:1-17).

No culminar da sua missão, declarou: «Eu não sou quem julgais; mas vem, depois de mim, alguém cujas sandálias não sou digno de desatar» (At., 13:25).

Um dia, quando orava em particular, estando com Ele apenas os discípulos, Jesus perguntou-lhes: «Quem dizem as multidões que Eu sou?». Responderam-lhe: «João Baptista; outros, Elias; outros, um dos antigos profetas ressuscitado» (Lc., 9:18-19).

O profeta Malaquias tinha anunciado: «Eis que vou enviar-vos o profeta Elias, antes que chegue o Dia do Senhor, dia grande e terrível» (Ml., 3:23). Por isso, os judeus interpretavam que Elias ressuscitaria e apareceria antes do Messias chegar; então, os discípulos perguntaram a Jesus: «Por que dizem os escribas que Elias deve voltar primeiro?» Jesus respondeu-lhes: «“Elias, de facto, deve voltar e restabelecer todas as coisas. Mas eu vos digo que Elias já veio, mas não o conheceram; antes, fizeram com ele quanto quiseram. Do mesmo modo farão sofrer o Filho do Homem”. Os discípulos compreenderam, então, que ele lhes falava de João Baptista» (Mt., 17:11-13).

Jesus enaltecia João Baptista: «Em verdade vos digo: Entre os nascidos de mulher, não apareceu ninguém maior do que João Baptista; e, no entanto, o mais pequeno no Reino do Céu é maior do que ele» (Mt., 11:11).

A celebração da natividade de João Baptista é a única festa litúrgica que a Igreja dedica ao nascimento de um santo. Santo Agostinho († 430 d.C.), diz-nos que São João Baptista era comemorado a 24 de Junho; e a 29 de Agosto a Igreja lembra a sua morte que, depois de ter sido preso a mando do tetrarca Herodes em Maqueronte, na margem oriental do Mar Morto, foi decapitado por capricho de Salomé, filha de Herodíades.

 

A SUA PAIXÃO ERA JESUS

No décimo quinto ano de Tibério (28-29 d.C.) iniciou a sua missão no rio Jordão: pregava e baptizava; daqui vem o nome de “Baptista”.

Quando João Baptista mandou dois dos seus discípulos perguntarem a Jesus: «És Tu o que está para vir, ou devemos esperar outro?», Jesus respondeu-lhes: «Ide contar a João o que vistes e ouvistes: Os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos ficam limpos, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, a Boa-Nova é anunciada aos pobres» (Lc., 7:19-23).

Ao ver Jesus, João Baptista apresentou-o aos seus discípulos de forma sublime: «Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo!» (Jo., 1:29). João mostrava assim a identidade e missão de Jesus, o Cordeiro de Deus que, com a Sua morte, veio tirar o pecado dos homens e instaurar o reino de Deus, da Graça, da Nova Aliança.

Quando Jesus se apresentou para ser baptizado por ele, João opôs-se, dizendo: «“Eu é que tenho necessidade de ser baptizado por ti, e Tu vens a mim?” Jesus, porém, respondeu-lhe: “Deixa por agora. Convém que cumpramos assim toda a justiça”. João, então, concordou. Uma vez baptizado, Jesus saiu da água e eis que se rasgaram os céus, e viu o Espírito de Deus descer como uma pomba e vir sobre Ele. E uma voz vinda do Céu dizia: “Este é o meu Filho muito amado, no qual pus todo o meu agrado”» (Mt., 3:14-17).

 

QUE ELE CRESÇA E EU DESVANEÇA

João Baptista, melhor do que ninguém, expressou com a sua vida e palavras como deve ser um servo do Senhor: «Ele é que deve crescer, e eu diminuir» (Jo., 3:30).

A curta vida de João foi toda dirigida para o Senhor e totalmente consumida para O anunciar e enaltecer «Eu baptizo-vos em água, mas vai chegar alguém mais forte do que eu, a quem não sou digno de desatar a correia das sandálias. Ele há-de baptizar-vos no Espírito Santo e no fogo» (Lc 3:16). João sabia perfeitamente que Jesus era o Filho de Deus, que vinha para salvar o povo dos seus pecados (Mt 1:21).

João soube exactamente o seu lugar ao serviço do Senhor; jamais a menor sombra de vaidade ou orgulho tomou conta do seu coração. Fez tudo o que lhe fora mandado por Deus, discretamente, sem ofuscar a passagem do Salvador.

São João Baptista, rogai por nós!

Miguel Augusto 

com professor Felipe Aquino

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