Dia Nacional da República Popular da China

Liberdade religiosa segue uma longa marcha.

Comemora-se este Domingo, 1 de Outubro, o 68º aniversário da proclamação da República Popular da China, por Mao Zedong. Os padres Mai Lio, Alberto Rossa e João Evangelista Lau partilham a sua visão sobre o país mais populoso do mundo.

O padre Mai Lio, com trabalho missionário no continente chinês, disse a’O CLARIM que a República Popular da China (RPC) registou um grande progresso nas últimas décadas, especialmente em termos económicos. «Quando entrei pela primeira vez no País reparei que havia pouco desenvolvimento. Era raro ver um automóvel. As pessoas deslocavam-se de motociclo, de bicicleta ou a pé», lembrou o sacerdote, para quem «é muito difícil falar da China».

«A mentalidade chinesa não tem comparação com a de outros povos», acrescentou o padre Mai Lio, visto ser «preciso distinguir o factor político de tudo o resto», dado que «as pessoas são de um modo geral gentis», e há depois as que «detêm o poder» e «são políticas».

O padre Alberto Rossa, com passagem por Macau, trabalhou «em vários países à volta do mundo» e esteve «em contacto nos últimos vinte anos com muitas pessoas [a viver] na China continental».

«A minha experiência com os chineses, sejam cristãos ou não, é na maior parte das vezes de profundo respeito e admiração. Nunca encontrei esse profissionalismo, e até mesmo a amizade, como no continente [chinês], especialmente no meu trabalho de editor, de quem lida com uma grande tipografia», referiu o claretiano, director da Fundação Pastoral da Bíblia.

«O que normalmente procuramos ao lidar com uma tipografia é o preço, a qualidade, a entrega no prazo e, se possível, uma linha de crédito. Encontrei muito mais do que isso na “Amity”, a nossa gráfica: uma sensação de pertença como numa família; uma amizade que vai muito mais além do que apenas um “negócio”; um profissionalismo que não encontrei em qualquer outro lugar», contou a’O CLARIM.

Embora a RPC tenha registado progressos assinaláveis, o padre João Evangelista Lau assinalou que continua a haver pouca liberdade religiosa para a Igreja Católica. «Há cidades mais desenvolvidas do que Macau. No entanto, falta liberdade, especialmente religiosa, para a Igreja Católica. Parece-me que, de certa maneira, a China não confia muito na Igreja. Não é como sucede com o Taoísmo, com raízes na China, ou com o Budismo, que veio da Índia», contrapôs o padre Lau.

«A Igreja Católica é “mais” universal, tem mais contacto com outras partes do mundo. Há um grande receio; as autoridades chinesas não estão a compreender a nossa religião, diz-me a experiência. É preciso mais diálogo para que ambas as partes se conheçam melhor», frisou o sacerdote, admitindo que «vai levar o seu tempo» até se chegar a um entendimento.

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